De onde vem o nome Portugal?

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Já alguma vez se perguntou de onde vem o nome Portugal? É de conhecimento comum (pelo menos para quem sabe um pouco de história) que a palavra Portugal surge no séc. X, tendo origem no latim Portucale, que remonta ao séc. V. Assim sendo, o nome “Portugal” teve origem no Condado Portucalense, que por sua vez foi buscar o nome de Portucale ao nome dado ao Porto.

Mas se o condado incluía cidades como Guimarães e Braga, de grande importância cultural, económica e religiosa na altura, por que razão veio o nome do condado de uma localidade que na altura era pequena?

Voltando ao início, no séc. III, o imperador romano Diocleciano criou a Galécia, cujo limite sul era o Douro, e que incluía o Norte de Portugal, a Galiza e parte das Astúrias. Séculos depois, o condado Portucalense estava já destacado da Galiza, correspondendo ao Entre-Douro-e-Minho atual. O centro do condado era a povoação de Portucale. 

Originalmente, esta localidade chamava-se Cale, que pode vir do grego “kalós” (que significa “belo”), da palavra celta para “porto”, “enseada” ou “abrigo”, ou até de Cailleach, figura mitológica gaélica. Também pode ter derivado dos povos de cultura castreja, que por aqui habitaram antes dos romanos, de onde derivou o nome Galécia (hoje Galiza). Seja qual for a origem de Cale, com a romanização passou a chamar-se Portus Cale, já que era um local portuário. 

O rei visigodo Leovigildo irá já cunhar moeda neste local, com a legenda “Portucale”, forma que já aparece como “Portugale” em documentos do séc. VII para o VIII. Com a tomada aos mouros, por Vímara Peres, a diocese de Portucale foi restaurada ainda antes da de Braga, com a ideia de se criar um forte núcleo cristão em terras conquistadas. A população do local é incrementada com a de Coimbra, que foi, entretanto, retomada pelos muçulmanos. 

Segregada da Galiza, Portucale irá desenvolver-se, começando pouco depois o território a ultrapassar o da diocese. Assim, Portucale passa a ter uma aceção vasta, já na primeira metade do séc. X, designando os territórios a sul do Lima e a oeste do Tâmega. A partir de finais do séc. X, com Gonçalo Mendes da Maia, os condes de Portucale passam a usar o título de duques, indicando maior importância e extensão territorial. 

Estes limites são alargados, na segunda metade do séc. XI, para o rio Minho, a Norte, o Vouga, a Sul, e o Coa, a Leste. O território foi reagrupado pela Galiza em 1071, sendo pouco depois novamente absorvido pelo reino de Leão. Só em 1096 é que voltou a surgir o condado Portucalense, pela mão de Henrique de Borgonha, como oferta de Afonso VI de Leão pelo auxílio na reconquista de terras aos mouros. Henrique recebeu igualmente a mão da filha do rei, a infanta D. Teresa de Leão, a quem a “Terra de Portugal” foi dada como dote hereditário.

Afastado do reino de Leão, desenvolve-se um sentimento de autonomia no condado, com os cavaleiros locais a desinteressarem-se da Cúria de Leão e a ambicionarem mais poder e terras a Sul. Por seu lado, a igreja organiza-se em torno de Braga, contra as pretensões hegemónicas de Toledo e de Compostela.

Partilhando língua com a Galiza, o Galaico-português, o condado torna-se autónomo politicamente, organizando-se em Guimarães a corte. Braga era então metrópole eclesiástica, Coimbra o baluarte na luta contra o Sul muçulmano. Quanto ao Porto, apaga-se por esta altura o Cale do seu nome. 

Lançavam-se assim as bases para um país, que se expandia para Sul.  Mas o Porto ficará para sempre, como refere Luís de Camões, como «a leal cidade donde teve origem (como é fama) o nome eterno de Portugal».