VortexMag
  • Cultura
  • Sociedade
  • História
  • Viagens
  • Gastronomia
  • Lifestyle
No Result
View All Result
VortexMag
No Result
View All Result
Home História

Pátio do Carrasco: o local onde morava o habitante mais odiado de Lisboa

Foi neste pequeno recanto de Lisboa que viveu Luís Alves, o último carrasco de Portugal. Descubra a sua história e como, provavelmente, nunca matou ninguém.

VxMag by VxMag
Ago 16, 2021
in História
0
Pátio do carrasco

Pátio do carrasco

Partilhar no FacebookGuardar no Pinterest

ArtigosRelacionados

Portugal já deu 2 Papas à Igreja

Portugal já deu 2 Papas à Igreja: conheça-os e descubra a sua história

Abr 30, 2025
Convento de Monchique

O convento esquecido de Monchique: um tesouro perdido no tempo

Mar 29, 2025
Almanjarras de Lisboa

Os Almanjarras: o elétrico aberto que marcou a história de Lisboa

Mar 23, 2025
Bandeira de Ceuta

A cidade Espanhola com um Brasão Português na sua bandeira

Mar 23, 2025

Já ouviu falar do Pátio do Carrasco? Situa-se em Lisboa, em frente ao Largo do Limoeiro, junto à antiga Cadeia. O pátio está hoje bastante degradado, mas foi aqui que terá vivido temporariamente Luís António Alves dos Santos, conhecido como “o Negro”, que foi o último carrasco de Portugal. 

A lenda conta que existe um túnel subterrâneo, que ia desde o Pátio do Carrasco à Prisão do Limoeiro, mesmo ao lado, e que seria usado para que o carrasco pudesse mais facilmente ir executar os seus deveres. A lenda conta também que, no local onde estaria essa passagem, ainda hoje se ouvem gritos, que seriam do próprio Luís, atormentado pelas mortes que causou, e que fizeram dele o último carrasco de Portugal, com direito a referência num livro de Camilo Castelo Branco e com um salário anual de 49.200 réis.

Pouco se sabe sobre a sua vida, que se diz ter sido cheia de equívocos e atribulada, cheia de ódios que a História tarda em explicar. No entanto, algumas coisas se sabem sobre esta personagem. Para começar, sabe-se que nasceu em 1806, em Capeludos de Aguiar, concelho de Vila Pouca de Aguiar, numa família respeitada na aldeia.

Pátio do carrasco
Pátio do carrasco

Diz-se que, aos dez anos, inaugurou o rol das suas peripécias ao fugir para Lisboa, onde vendeu laranjas para sobreviver. Regressou a casa ao fim de alguns meses, para grande alegria dos pais, que deviam estar consternados com a sua fuga. Aos 16 anos, em 1822, volta para Lisboa e alista-se na vida militar, onde se tornou companheiro de recrutas pouco recomendados.

Um dia, participou de um assalto a uma casa de gente rica, no Campo Grande, de onde resultou um assassinato. Juntamente com alguns colegas da quadrilha, tornou-se fora-de-lei e refugiou-se em Trás-os-Montes. Acabou por ser preso em Vila Pouca de Aguiar, onde respondeu por 18 crimes que lhe foram atribuídos, mas que ele sempre contestou, dizendo que apenas tinha matado duas vezes “por legítima defesa”.

A sua vida foi conturbada, tendo sido sempre perseguido por absolutistas. Para iludir as autoridades, permaneceu na marginalidade e misturou-se em gangs”, até ao dia em que a Polícia o capturou e o Negro foi levado para Chaves. Ao fim de sete meses, foi julgado, e provou-se que estava livre das culpas indicadas no processo. Acabou por ficar preso mais dezassete meses por se ter tornado refratário, mas acabou por conseguir fugir da prisão ao fim desse tempo, tomando a resolução de ir para o Brasil.

Luís foi traído por um colega de cárcere da cadeia flaviense e voltou a dar entrada na cadeia. Em novo julgamento, e vendo a falsidade das testemunhas e a parcialidade do magistrado que o julgava, perdeu o sangue-frio que até ali tinha demonstrado e atirou o banco onde estava sentado à cabeça do juiz. Acabou por ser sentenciado à morte e foi levado para a cadeia do Limoeiro.

Pátio do carrasco
Pátio do carrasco

De forma inesperada, conseguiu evitar a forca, já que, em junho de 1845, chegou-lhe a proposta de passar a ser carrasco real (conhecido na altura como Executor de Alta Justiça), em troca da sua vida. A função era maldita e mal vista por todos, mas a mulher de Luís Alves convenceu-o a aceitar. Assim, a sua pena de morte é comutada e, em troca, terá de executar a função e carrasco até ao fim dos seus dias.

Nessa altura, já diversas vozes se levantavam contra a pena de morte. Em 1867, a pena de morte por crimes comuns foi abolida, tornando-se as execuções cada vez mais raras. Abolido foi também o salário anual do carrasco. Ironicamente, extinguiu-se o salário, mas não o ofício de carrasco, porque Luís estava legalmente obrigado a exercer a função até à morte. Dessa forma, passou a ter dificuldades de sobrevivência. Tornou-se artífice e instalou-se no Pátio do Carrasco.

Apesar do ofício que exerceu no final da sua vida, foi considerado um militar valente, estando em várias ações ao serviço do exército português, com destaque para as refregas da Asseiceira e de Almoster. Fez parte da Legião Estrangeira e foram-lhe atribuídas 3 condecorações, tudo isto antes de se tornar refratário. Morreu só, esquecido, triste e pobre, doente de epilepsia e asma, a 18 de agosto de 1873.

Luís Alves ficou conhecido como “o Negro” pela pose austera com que caminhava em direção aos sentenciados, estando todo vestido de preto e coberto com um capuz que lhe tapava a cabeça na totalidade, sendo que apenas dois orifícios permitiam que ele visse o que o rodeava e o pescoço do condenado. Mas ao que parece, Luís Alves nunca terá matado ninguém.

Segundo uma referência de Camilo Castelo Branco, em “Noites de Insónia”, em todo o tempo em que vigorou a pena de morte durante o seu serviço, apenas teve de promover uma execução em Tavira, em 1845. Segundo outras fontes, o carrasco ofereceu dinheiro ao ajudante no ofício para que este ocupasse o seu lugar e se encarregasse da execução, algo de que ninguém daria conta, dada a indumentária que o carrasco devia usar nestes eventos.

Nem só em Lisboa Luís ficou presente na toponímia. Mais tarde, repudiado por família e amigos, refugiou-se em Vila Pouca de Aguiar, onde alugou um quarto ao lado do caminho real que descia para Cidadelha, e onde exerceu a função de sapateiro. O local onde vivia era o quarto do Negro, que com o tempo ganhou espaço e moradores, tornando-se num bairro que foi crescendo à medida que a memória do carrasco se foi esbatendo.

VxMag

VxMag

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Bacalhau à Minhota
Gastronomia

Bacalhau à minhota: o clássico do norte que nunca falha

by VxMag
Jun 14, 2025
0

O bacalhau à minhota é um prato que carrega consigo o sabor e a tradição do norte de Portugal. Com...

Read moreDetails
Lulas estufadas à moda antiga

Lulas estufadas à moda antiga: prato fácil e cheio de sabor

Jun 13, 2025
Bolo de bolacha com mousse de chocolate

Bolo de bolacha com mousse de chocolate: uma sobremesa irresistível

Jun 12, 2025
Bolo de bolacha com morangos

Sobremesa de verão: bolo frio de bolacha com morangos

Jun 11, 2025
Bolo de ananás húmido

Bolo de ananás húmido e fofo: uma delícia muito fácil de fazer

Jun 10, 2025
Cheesecake de morango

cheesecake de morango: a sobremesa fresca que todos adoram

Jun 9, 2025

© 2024 Vortex Magazine

Mais infomação

  • Ficha Técnica
  • Quem somos
  • Política de privacidade
  • Estatuto editorial

Redes Sociais

No Result
View All Result
  • Cultura
  • Sociedade
  • História
  • Viagens
  • Gastronomia
  • Lifestyle

© 2024 Vortex Magazine