O terramoto de 1755 permanece, ainda hoje, como um dos episódios mais marcantes da história portuguesa. Lisboa foi quase destruída e o impacto económico, social e político desse sismo atravessou gerações.
O que poucos sabem é que fenómenos semelhantes podem voltar a acontecer — e o país continua vulnerável a sismos de grande magnitude.
Apesar dos avanços na monitorização, Portugal mantém várias zonas com risco sísmico elevado, e os recentes abalos sentidos em regiões como o Alentejo servem de lembrete de que a preparação é fundamental.
Porque há sismos em Portugal?
Portugal situa-se entre duas grandes placas tectónicas: a Africana e a Euroasiática. A pressão exercida pela primeira sobre a microplaca Ibérica dá origem a falhas geológicas no subsolo. São essas falhas que acumulam e libertam energia, provocando os sismos.
No caso dos Açores, a realidade é diferente: ali, as placas Euroasiática e Norte-Americana afastam-se uma da outra, originando não só atividade sísmica como também vulcanismo.
Intensidade e magnitude: qual é a diferença?
Nem sempre um sismo forte provoca destruição. Isto depende de dois fatores distintos:
- Magnitude: é a quantidade de energia libertada, medida numa escala como a de Richter.
- Intensidade: mede os efeitos sentidos à superfície — os danos, ruído, vibrações.
Um sismo de magnitude 7 pode ter intensidade 4 num país bem preparado, e intensidade 8 noutro com construções frágeis.
As zonas de maior risco sísmico
Com base no mapa sísmico nacional, estas são as 14 localidades com risco mais elevado, numa escala de 1 a 10. Mesmo os casos com risco 9 devem ser considerados sérios.
1. Lisboa (risco 10)
A capital portuguesa está no topo da lista, tanto pela história como pela presença de falhas ativas.
2. Península de Setúbal (risco 10)
A proximidade da falha de Lisboa – Benavente torna a zona particularmente vulnerável.
3. Algarve (risco 10)
A região tem registado sismos significativos, com epicentros submarinos no Atlântico.
4. a 9. Açores (risco 10)
Faial, Pico, São Jorge, Graciosa, São Miguel e Terceira apresentam todas risco máximo. O arquipélago está na junção de placas tectónicas e é palco frequente de sismos e erupções.
10. Ribatejo (risco 9)
Com falhas próximas do vale do Tejo, é uma das zonas do interior com maior risco.
11. Costa Alentejana (risco 9)
Também exposta a falhas que atravessam o território a partir do Atlântico.
12. Corvo, Flores e Santa Maria (risco 9)
As restantes ilhas dos Açores mantêm risco elevado, ainda que menor do que nas ilhas centrais.
Preparar é essencial
Portugal não regista sismos devastadores com frequência, mas vive sob risco constante.
A história ensina que um grande abalo pode acontecer em qualquer momento — e que a prevenção salva vidas.
Reforçar os critérios de construção, apostar na educação sísmica e investir em sistemas de alerta são medidas fundamentais.
Porque não é possível evitar um sismo, mas é possível reduzir o seu impacto.







