Escondido entre a vegetação luxuriante da serra de Sintra, o Palácio de Monserrate distingue-se pela sua singularidade.
Longe da imponência régia do Palácio da Pena ou da sobriedade do Palácio Nacional de Sintra, Monserrate fascina pela forma como junta o gosto exótico do século XIX a uma paisagem construída com sensibilidade e intenção estética.
A história do lugar começa muito antes da atual construção. No século XII, o local era já ponto de devoção, com a edificação de um santuário sobre o túmulo de um cavaleiro moçárabe.
Mais tarde, em 1540, o espaço foi transformado numa capela dedicada a Nossa Senhora de Monserrate, dando nome à quinta. Até ao século XVIII, pertenceu a famílias nobres, incluindo Caetano de Melo e Castro, vice-rei da Índia.
Foi em 1790 que um inglês, Gerard Devisme, arrendou a propriedade e lhe conferiu novos ares. Subarrendou-a a William Beckford, que trouxe consigo um olhar romântico e interveio na paisagem. No entanto, após o abandono da propriedade, a degradação instalou-se.
O renascimento de Monserrate dá-se em 1856, quando Sir Francis Cook, milionário britânico, compra a quinta e decide transformá-la. Traz consigo o arquiteto James Knowles Jr., que assina um projeto neogótico marcado por influências indianas, mouriscas e góticas.
O edifício ganha formas circulares, cúpulas bolbosas, galerias rendilhadas e uma decoração exuberante que parece dissolver a pedra em arabescos e folhagens.
No interior, a Galeria Mourisca, com colunas em mármore rosa e arcos polilobados, é um dos elementos mais marcantes.
Já a Sala da Música, de planta octogonal, revela um cuidado excecional no detalhe: do branco da pedra aos dourados esculpidos, tudo remete para uma ideia de requinte sem excessos.
Mas Monserrate é também os seus jardins. Planeados por uma equipa internacional liderada por William Stockdale, Francis Burt e William Nevil, integram mais de mil espécies vegetais oriundas de vários continentes.
Dispostos por áreas temáticas – México, Japão, Nova Zelândia -, os jardins são um percurso entre clareiras, bosques e lagos, pontuado por recantos inesperados e estruturas românticas em ruína.
Com o passar dos anos, o palácio passou por mãos privadas até ser adquirido pelo Estado português em 1949. Em 1978, foi classificado como Imóvel de Interesse Público.
Após um longo processo de recuperação, parte do seu interior está hoje aberta ao público, devolvendo a Monserrate o lugar que merece entre os grandes palácios de Sintra.
Visitar Monserrate é entrar num espaço onde o gosto europeu do século XIX se funde com o exotismo arquitetónico e botânico.
Um lugar onde o tempo parece abrandar – e onde a beleza, embora silenciosa, é constante.










