Se há região que nunca deixa de surpreender, é o Alentejo. Quando achamos que já conhecemos tudo, somos presenteados com a descoberta de locais quase desconhecidos, longe das multidões e do turismo de massas. As aldeias alentejanas cativam pelas suas casas caiadas de branco, pela sua simplicidade e pela envolvência que as rodeia.
Existem ainda castelos praticamente abandonados, que nos parecem transportar no tempo. Ou cascatas no meio de uma vegetação frondosa que surpreendem os mais distraídos. E até pequenas aldeias, quase paradas no tempo e que aliam o aspeto medieval à típica arquitetura alentejana.
Seja qual for o local, a melhor maneira de descobrir estes sítios menos frequentados é saindo das estradas principais e partindo à aventura através do Alentejo. Deixamos-lhe algumas sugestões daquilo que pode encontrar pelo caminho.
1. Ouguela
Localizada em Campo Maior, Ouguela é uma típica e belíssima aldeia alentejana, talvez uma das mais secretas da região. No alto de um monte com 270 metros de altitude, o castelo de Ouguela olha altivo para a paisagem ao seu redor e faz-nos lembrar a sua principal função no passado: a defesa da raia.
A aldeia foi perdendo importância (e população) à medida que deixou de ser crucial para a defesa do país. Hoje é apenas uma relíquia do passado, relativamente bem conservada e com todos os traços típicos do Alentejo. As casas dividem-se entre o interior e o exterior das muralhas e um passeio pelas suas ruas é a melhor forma de conhecer esta pacata e bela aldeia alentejana.
2. Veiros
Esta é uma das mais secretas e bonitas aldeias do Alentejo. Localizada no concelho de Estremoz, na vasta planície alentejana, a pequena Veiros cativa pelo seu casario branco e pelo seu castelo altaneiro. Tudo nesta localidade nos faz recordar o Alentejo. E tudo nela nos diz que, em tempos, já teve uma função crucial na defesa do território nacional.
Veiros foi doada à Ordem de Avis, altura em que o seu castelo foi construído. Com o apaziguamento das relações com Espanha e a expulsão dos mouros, a aldeia foi perdendo importância e população. Para além do castelo, merecem destaque as suas igrejas e o seu pelourinho. Mas a melhor forma de descobrir Veiros é mesmo caminhar pelas suas ruas e conversar com os seus habitantes.
3. Brotas
Localizada no concelho de Mora, Brotas é uma das mais bonitas e desconhecidas aldeias do Alentejo. No entanto, o facto de ser cruzada pela Estrada Nacional 2 (ao quilómetro 488), começou a trazer alguns turistas a esta aldeia pela primeira vez, graças à ascensão da N2 como rota turística.
A aldeia parece pacata e adormecida, mas talvez seja isso mesmo o que lhe dá mais encanto. Um caminho pelas suas ruas, com calma e atenção, permite descobrir todos os pequenos detalhes deste local tipicamente alentejano. O Santuário da Nossa Senhora das Brotas é o seu principal ponto turístico mas não deixe também de apreciar as suas fontes, os seus largos e as casas caiadas de azul e branco.
4. Messejana
As origens de Messejana perdem-se no tempo e não se sabe ao certo quem a fundou. Sabe-se, no entanto, que esta vila alentejana já existia no tempo dos mouros. Foi conquistada em 1235 e anexada ao concelho de Alustrel, embora ela próprio já tivesse sido, em tempos, sede de concelho.
Trata-se de uma típica vila alentejana, com ruas estreitas e casas caiadas de azul e branco. Até a própria igreja de Messejana se destaca na paisagem por causa destas cores. Mística e singela, cativa quem passeia pelos seus becos e ruelas e aqui acaba por encontrar toda a alma de uma povoação típica do interior do Alentejo.
5. Noudar
O Parque de Natureza de Noudar é um dos recantos mais secretos do Alentejo. Localiza-se na Herdade da Coitadinha, encaixado entre o rio Ardila e a ribeira de Múrtega, no concelho de Barrancos. Para além de todo o seu encanto natural, o lince ibérico é a sua grande estrela e aqui se tem promovido a sua reprodução e reintrodução no habitat.
O parque é dominado pelo seu castelo, o Castelo de Noudar, acabado de construir em 1307, a mando de D. Dinis. Não foi por acaso que se escolheu este local para construí-lo: fica bem perto de Espanha, no alto de um monte, e daqui se avista grande parte da região fronteiriça.
6. Juromenha
Pertencente ao concelho do Alandroal, Juromenha é a testemunha perfeita dos conflitos constantes na Raia. Hoje está ao abandono, embora existam planos para recuperar todo o local. Mas esta pequena aldeia-fortaleza foi em tempos a grande sentinela do Guadiana e desempenhou um papel crucial na defesa do território nacional.
Foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques e mais tarde doada à Ordem de Avis. Os seus domínios trocaram de dono várias vezes durante as guerras com Espanha. O terramoto de 1755 danificou muito a fortaleza, que nunca mais voltaria a ser a mesma. Com a paz com Espanha, perdeu o seu papel crucial na defesa do território, o que conduziu ao lento definhar da aldeia e ao êxodo da sua população.
7. Alegrete
Localizada próximo da fronteira de Espanha, Alegrete conta com uma excelente posição geográfica, da qual se pode observar toda a envolvente com perfeição, o que tornou a localidade muito importante ao longo do tempo, como pode atestar o monumento principal a visitar: o castelo.
Para além disso, recomenda-se a visita à Igreja Matriz (do século XVI), às capelas de S. Pedro (século XV) e da Misericórdia (Séc. XVII), à Torre do Relógio (Século XVII) e ao encantador coreto, este já do século XX. Procure também percorrer as pacatas ruas de Alegrete e observe os típicos casarios com faixas coloridas. É o local perfeito para apreciar a verdadeira essência do Alentejo, com o tempo que parece parar e com a tradição sempre presente.