A descoberta de novos territórios é, para muitos, uma das etapas mais douradas da nossa história, tendo ajudado o nosso país a estabelecer um domínio no mercado mais importante da época, o das especiarias. Associado a esse domínio está o nome de Vasco da Gama, uma das figuras mais conhecidas da grande maioria dos portugueses, por se ter revelado um grande navegador.
Vasco da Gama nasceu em 1469, em Sines, no Alentejo, e era um filho ilegítimo de Estêvão da Gama, alcaide-mor de Sines, casado com D. Maria Isabel Sodré. Em 1480, Vasco da Gama juntou-se à Ordem de Santiago, numa altura em que o príncipe João era o seu mestre.
Pouco depois, em 1481, o príncipe ascendeu ao trono enquanto rei D. João II, sendo que o monarca reconhecia a Ordem de Santiago como tendo uma importância elevada, o que levou a que Vasco da Gama beneficiasse de um contexto extremamente favorável.
Ao longo do seu reinado. D. João II realizou várias reformas, sendo que algumas delas levaram ao crescimento do comércio de ouro e escravos. No entanto, o rei pretendia entrar no lucrativo comércio das especiarias, que, no momento, estava a ser feito por terra e era controlado em grande parte pela República de Veneza.
Numa primeira fase, o rei enviou Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva numa missão, de forma a descobrirem os caminhos das especiarias, em 1487. As descobertas destes exploradores, juntamente com as descobertas feitas por Bartolomeu Dias, permitiram levar à conclusão de que era preciso um navegador que fizesse a ligação entre o que foi explorado por estes homens, de modo a conseguir iniciar uma rota de comércio marítimo via oceano Índico.
Vasco da Gama tinha todas as condições para assumir esta importante missão e, assim, a viagem iniciou-se, em julho de 1497, tendo terminado apenas em 1499. Assim se conseguiu estabelecer uma ligação direta entre o Ocidente e o Oriente, dando início a uma nova era de globalização.
Vasco da Gama, juntamente com os seus quatro navios, embarcou na viagem mais longa da época, alcançando fama e riqueza, e dando a Portugal acesso direto às rotas de especiarias, que proporcionou à coroa portuguesa um importante poder económico.
A rota seguida por Vasco da Gama já tinha sido velejada por anteriores exploradores, num percurso feito através de Tenerife e Cabo Verde. No entanto, Vasco da Gama acabou por se desviar para sul pouco depois de atingir a costa da Serra Leoa, cruzando a linha do Equador e enfrentando ventos vindos de oeste, do Atlântico Sul. Esta manobra foi um sucesso, pois em novembro de 1497, a expedição estava outra vez no litoral africano.
A 20 de maio de 1498, a frota chegou a Kappakadavu, próxima de Calecute, ficando assim estabelecida a Rota do Cabo. Vasco da Gama ainda se encontrou com o Samorim de Calecute, para formar um acordo comercial, mas as negociações não foram favoráveis.
Em 1499, Vasco da Gama regressou a Portugal e a sua viagem foi vista como um sucesso, tendo ele recebido o título de “almirante-mor dos Mares da Índia” e uma renda de 300 mil réis anuais, que passaria para os filhos que tivesse.
Vasco da Gama ainda comandou outras exposições posteriormente, e liderou uma nova expedição em fevereiro de 1502, tendo regressado a Portugal com muito ouro, em setembro de 1503.
Em 1524, seguiu-se outra viagem para o subcontinente indiano, de modo a substituir Duarte de Meneses no cargo de vice-rei da Índia. Mas, pouco depois de chegar a Goa, Vasco da Gama contraiu malária, tendo acabado por falecer na cidade de Cochim, na véspera de Natal de 1524.
Este célebre navegador foi inicialmente sepultado na igreja de São Francisco, tendo mais tarde sido transladado para o Mosteiro dos Jerónimos, onde ainda hoje se encontra, lembrando-nos dos seus feitos.