No coração do centro histórico de Braga, entre ruas pedonais e fachadas seculares, ergue-se um dos monumentos mais marcantes da cidade e do país.
A Sé de Braga não é apenas a mais antiga catedral de Portugal — é um verdadeiro testemunho da origem do território, com raízes que antecedem até a fundação do próprio Reino.
Construída no século XI, muito antes de D. Afonso Henriques conquistar a independência do país, a Sé marcou o ritmo de crescimento da cidade que viria a ser conhecida como a “Roma portuguesa”. Ainda hoje, quem por aqui passa sente o peso do tempo e a presença viva de séculos de fé, arte e história.
À chegada, a imponência da fachada — com elementos românicos, góticos, manuelinos e barrocos — anuncia a grandiosidade do que se encontra no interior.
A visita merece ser feita com tempo, sem pressas, para absorver os detalhes que se revelam a cada passo.
O conjunto monumental da Sé inclui o Tesouro-Museu, instalado na antiga Casa do Cabido. Lá dentro, guarda-se um acervo único de arte sacra, com peças litúrgicas que atravessam mais de mil anos de história cristã.
Cálices, vestes, esculturas e manuscritos ajudam a compreender o papel central desta catedral no passado religioso e cultural do país.
Mas é nas capelas que a viagem se torna ainda mais íntima. A capela de São Geraldo, do século XII, surpreende pela talha dourada e pelos azulejos que envolvem o túmulo do santo arcebispo.
Na capela dos Reis, repousam os corpos de D. Henrique e D. Teresa, pais do primeiro rei de Portugal — num espaço gótico que impõe respeito e reverência.
Já a capela da Glória guarda o túmulo do Arcebispo Gonçalo Pereira, decorado com motivos geométricos que evocam influências da arte árabe e talhado em pedra de Ançã, numa peça rara e delicada.
Outro dos grandes atrativos da Sé são os seus órgãos barrocos, colocados sobre a nave principal. Ricamente ornamentados, são protagonistas de momentos musicais únicos.
Quem visita a catedral durante a Semana Santa ou na época do Natal, poderá assistir a concertos do Coro da Sé — formado em 2013 e com direcção de Nuno Oliveira — que enche o espaço com vozes que ecoam entre a pedra e os vitrais.
E há ainda outra razão para voltar: o Festival do Órgão, que anualmente traz músicos de renome internacional a Braga. Durante vários dias, a catedral transforma-se num palco vivo, onde a música antiga ganha nova vida entre as paredes centenárias.
Visitar a Sé de Braga é, mais do que tudo, entrar numa narrativa contínua de fé, poder e cultura. É um espaço onde se tocam as raízes mais fundas da identidade portuguesa — e que continua, com sobriedade e beleza, a surpreender quem por lá passa.










