A ilha da Terceira, um dos principais pontos de entrada dos Açores, forma conjuntamente com as ilhas de Graciosa, São Jorge, Pico e Faial o grupo Central do Arquipélago. Tal como o próprio nome indica, esta foi a terceira ilha do arquipélago a ser descoberta, embora no início fosse chamada de Ilha de Jesus Cristo. Começou a ser povoada no século XV, tendo-se desenvolvido de forma consistente desde então, muito devido à sua localização geográfica.
Mas o que torna a Terceira tão especial é o magnífico contraste entre a beleza natural desta ilha vulcânica e o admirável trabalho do homem no centro histórico de Angra do Heroísmo, a sua capital, fundada em 1534, primeira localidade dos Açores a ser elevada a cidade e classificada Património Mundial pela UNESCO. Aliás, o título “Muito Nobre, Leal e Sempre Constante” atribuído a esta cidade realça a importância que teve ao longo da História de Portugal.
Conhecida muitas vezes por a ilha festiva, na Terceira podemos encontrar durante todo o ano um rico calendário de celebrações religiosas ou tradicionais, bem como diversas instituições e agremiações culturais, grupos de teatro e locais de exposição temporárias ou permanentes que contribuem para a promoção da cultura da ilha. Estes são os melhores locais para visitar na Ilha Terceira, nos Açores.
1. Angra do Heroísmo
A encantadora capital da bonita Ilha Terceira, Angra do Heroísmo, encontra-se desde 1983 classificada como Património Mundial pela UNESCO, plena de beleza, história, monumentos, cosmopolitismo, e dona de um ambiente muito próprio. Situada a sul da Ilha Terceira numa pequena e belíssima baía, Angra tem muito para contar. Esta foi a primeira cidade do Arquipélago dos Açores, elevada em 1534, já na altura uma muito importante e influente localidade, grande ponto de comércio e troca e ponto de escala obrigatório nas travessias transcontinentais, em busca dos “Novos Mundos”. As suas bonitas e típicas ruas são o reflexo de anos de história, influência dos vários habitantes vindos de variadas regiões, e dos muitos visitantes e negociantes que por tão importante ponto de comércio e troca, pleno de beleza, se apaixonaram.

A sua riqueza está também patente nos monumentos, existindo por Angra diversas casas senhoriais e palacetes, como o Palácio Bettencourt, o dos Capitães Generais ou o Solar da Madre de Deus, entre tantos outros. Muito há para ver e conhecer nesta cidade Património da Humanidade, que conta com monumentos como o Forte ou Castelo de São João Baptista e o de São Sebastião, que têm guardado a sua costa ao longo dos séculos, sem falar nos outros muitos fortes que defenderam a Ilha durante séculos, ou as muitas Igrejas, Capelas e Ermidas, cujo expoente máximo é a Sé Catedral do século XVI, e também Conventos como o de São Gonçalo do mesmo século, ou mesmo a centralidade e beleza da Praça Velha, ponto de partida para a descoberta do riquíssimo Património que a cidade oferece.
2. Algar do Carvão
O Algar do Carvão situa-se no interior de um vulcão adormecido, constituído por um cone vulcânico com cerca de 90 metros de altura, contendo no seu interior também uma lindíssima lagoa de águas cristalinas e tranquilas a cerca de 100 metros de profundidade. O Algar do Carvão terá tido origem na grande erupção do Pico Alto que lançou lava a grande distância. Posteriormente, uma outra erupção basáltica iniciou o processo da formação de um outro vulcão, o Pico do Carvão.

Numa primeira fase, formou-se a zona da bonita lagoa e as duas abóbadas sobre ela, e só numa fase sinal, aquando das descidas mais profundas do magma, se formou o Algar. Os derrames de lava muito efusiva, produziram rios de lava ácida muito fluídas que carbonizaram vegetação existente. O acesso ao Algar do Carvão está hoje facilitado, com a construção de escadarias no seu interior, que permitem uma mais cómoda visualização deste fenómeno natural, onde é possível observar o trajecto percorrido pelo rio de lava, e as curiosas estalactites e estalagmites vulcânicas.
3. Monte Brasil
O Monte Brasil formou-se a partir de actividade vulcânica submarina, em águas pouco profundas, estando ligado à parte média da costa sul da ilha Terceira. A defesa estratégica da cidade e baía de Angra do Heroísmo levaram à construção de inúmeras fortificações na península ao longo de cinco séculos, onde se destaca o Forte de S. João Batista (séc. XVI), uma jóia da arquitectura militar, com os seus impressionantes 4 km de muralhas que rodeiam o Monte.

O século XX assistiu a um reforço da vocação militar do local com a instalação de baterias antiaéreas, durante a segunda guerra mundial. No entanto, o cultivo de hortícolas que ali se chegou a praticar pronunciava uma função muito mais pacífica, a de Reserva Florestal de Recreio do Monte Brasil. Ao vasto património paisagístico e arquitectónico (militar), foram acrescentados a riqueza botânica e os equipamentos de lazer que transformaram o Monte Brasil no parque urbano de Angra do Heroísmo.
4. Serra do Cume
A espectacular Serra do Cume, uma das maiores atracções da Ilha Terceira, é resultado de uma erupção vulcânica, a formação rochosa chama a atenção pela exuberância e pela vista privilegiada de grande parte da porção de terra circundada de água por todos os lados. Durante a Segunda Grande Guerra, a Serra do Cume abrigou instalações militares, instaladas estrategicamente para observar e guardar aquela porção oceânica. No seu ponto mais alto, a Serra do Cume eleva-se a 545 metros de altura, permitindo uma observação ampla e de excelente visibilidade.

De uma de suas faces avista-se a cidade da Praia da Vitória e sua baia, a Base Aérea e a Planície das Lajes. De outra, a visão é da imensa planície e sua vegetação, além dos muros naturais de pedra. Para facilitar a visita à Serra do Cume, em 2008 foram concluídas as obras dos Miradouros da Serra do Cume, uma obra fantástica que permite a observação de ambas as faces da formação geológica. As planícies do interior da ilha são conhecidas pelas suas “mantas de retalhos”, nome dado aos quadriláteros separados pelos muros de pedra vulcânica que abrigam as plantações das culturas locais, e que chamam muito a atenção pela sua forma geométrica.
5. Ilhéu das Cabras
Os dois Ilhéus (Grande e Pequeno) que constituem o Ilhéu das Cabras situam-se frente à costa sul da maravilhosa Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores, mais propriamente cerca de 1km frente à freguesia da Feteira. Dada a sua importância natural, estão classificados como Zona de Protecção Especial do Ilhéu das Cabras, ocupando uma superfície total de 29 hectares, compreendendo o Ilhéu Pequeno 84 metros e o Ilhéu Grande 147 metros de altura.

Estes são os maiores Ilhéus do Arquipélago, restos vulcânicos cuja lava basáltica entrou em contacto com a água, formando cones litorais vulcânicos, hoje muito alterados pela erosão marinha. Habitat de variadas espécies, nomeadamente de avifauna, no Ilhéu das Cabras nidificam muitas espécies protegidas como o cagarro, o garajau-comum, o garajau-rosado, a garça-real ou a gaivota, entre outras. O acesso aos ilhéu é difícil embora por vezes sejam utilizadas algumas áreas como zonas de pastagem para gado ovino e caprino. Nos meses de verão existem passeios de barco a quem queira visitar esta Zona de Protecção Especial, sempre com um número de visitantes condicionado.
6. Praia da Vitória
Praia da Vitória é uma bonita cidade, sede de concelho, situada na costa este da magnífica Ilha Terceira, no verdejante Arquipélago dos Açores, dona da maior baía dos Açores, num cenário de grande beleza. A cidade é rica em história, monumentos e tradições, tendo sido uma das primeiras povoações da Ilha, começado o seu povoamento entre 1456 e 1474. Anteriormente designada apenas de “Praia”, ganhou o topónimo de Vitória em 1829 quando resistiu à armada Miguelista com 21 embarcações, tomando o partido dos Liberais, mesmo com muito menos forças armadas, abrindo caminho a que a Ilha Terceira se tornasse a principal base dos Liberais, contra os Absolutistas.

Vale a pena passear pelo seu bonito centro histórico, de ruas tradicionais e calcetadas, e arquitectura típica. Praia da Vitória orgulha-se dos seus monumentos, de onde se destacam a bela Igreja Matriz do século XV, o Forte de Santa Catarina, a bela Igreja do Senhor Santo Cristo (século XVI), as Ermidas de Nossa Senhora dos Remédios, de São Salvador e de São Lázaro, o bonito edifício dos Paços do Concelho ou a interessante Casa da Alfandega. Igualmente digno de relevo é a Casa Museu de Vitorino Nemésio, onde nasceu o poeta, um belo edifício do século XVII. A rodear a cidade, a bela Serra do Cume oferece paisagens de grande beleza natural, podendo ser também avistada do Miradouro do Facho, de onde se tem um belo panorama sobre a fantástica cidade de Praia da Vitória.
7. Piscinas Naturais dos Biscoitos
As bonitas Piscinas Naturais dos Biscoitos situam-se na costa nordeste da maravilhosa Ilha Terceira, constituindo mesmo o local balnear mais afamado da Ilha, pertencentes à bonita freguesia dos Biscoitos, famosa pela sua produção vinícola. Estas bonitas piscinas são formadas entre rochas de grande beleza, que se originaram com erupções vulcânicas já antigas, com a lava solidificada, em pedra basalto.

A lava, escorrendo pelo território, e solidificando, foi criando novas formações rochosas, esculpidas pela erosão marinha. A sua cor escura contrasta deliciosamente com o azul profundo do Oceano Atlântico, permitindo agradáveis momentos de lazer ou simples contemplação da força da natureza. Adaptadas a piscinas desde 1969, foram as primeiras na Ilha a sofrer alguns ajustamentos, possibilitando o usufruto de tão agradável local.
8. Gruta do Natal
A Gruta do Natal é uma importante legado geológico situado no coração da maravilhosa Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores, também conhecida por Galeria Negra ou Gruta do Cavalo. Outrora apelidada de “Gruta do Cavalo” por aqui se terem encontrado restos do esqueleto de um cavalo que teria caído pela abertura na entrada da Gruta, passou a ser conhecida por Gruta do Natal por aqui ter sido realizada, em 1969, a missa de Natal, e ter sido aberta ao público.

Localizada nos limites da Reserva Florestal Natural da Serra de Santa Bárbara e Mistérios Negros, frente à bonita Lagoa do Negro, a Gruta do Natal é uma extensa formação geológica composta por lavas fluídas, hoje solidificadas, que correram em diferentes direcções, formando vários túneis, ramificações e estafilites, compreendendo o túnel de lava principal cerca de 697 metros de comprimento. A Gruta conta com a Casa-apoio aos visitantes e manutenção da gruta, e uma exposição alusiva ao vulcanismo no Arquipélago dos Açores.
9. Lagoa do Negro
A Lagoa do Negro localiza-se na freguesia dos Altares, concelho de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores. Situada na zona de escorrência lávica do vulcão que formou da serra de Santa Bárbara, enquadra-se no habitat de águas oligomesotróficas da região medioeuropeia e perialpina com vegetação aquática, com referência às espécies “Littorela uniflora” e “Isoëtes azorica”. Constitui-se em uma lagoa de pequenas dimensões, cujo nome se perde na noite dos tempo, algures no início do povoamento da ilha.

Esta é uma lagoa de pequenas dimensões, situada num local de grande paz de espírito, rodeada de elegantes criptomérias, conhecidas como cedro-do-Japão, que lhe conferem uma beleza muito própria. Daqui se avista a bonita Serra de Santa Bárbara, que possibilita bonitos panoramas. Esta lagoa é o resultado da acumulação das águas da chuva e dos escorrimentos da encosta dos Picos Gordos e dos verdejantes campos em redor, possuindo uma interessante vegetação aquática.
10. Furnas do Enxofre
As Furnas do Enxofre situam-se no concelho de Praia da Vitória, bem no coração da magnífica Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores. Classificadas como Monumento Natural Regional, nas Furnas do Enxofre podem ser observadas fumarolas, vestígios mais visíveis da última erupção vulcânica ocorrida na ilha Terceira, no século XVIII.

O vulcão, serenado, ainda apresenta actividade através destas fumarolas, que emitem gases quentes e vapor odorífero, através de um sistema de fissuras ao redor das quais se formam depósitos de enxofre, em resultado da infiltração das chuvas nestas. O local é, igualmente, habitat para interessantes espécies vegetais naturais de zonas com estas características geológicas, com um micro-clima próprio, parte dos sítios de importância comunitária para a região biogeográfica macaronésica.
11. Lagoa das Patas
A Reserva Florestal de Recreio da Lagoa das Patas encontra-se no interior da ilha, junto à Estrada das Doze, que liga o Pico da Bagacina às Doze Ribeiras, devendo o seu nome a uma lindíssima lagoa artificial, abastecida pela Ribeira Brava. A lagoa que lhe dá o nome foi criada pela então Administração Florestal da Terceira que, utilizando barro tirado por juntas de bois, impermeabilizou o solo constituindo-lhe o fundo. Para a sua alimentação, dada a proximidade da Ribeira Brava, foi construído, a montante, um pequeno açude, de onde, com o recurso a uma comporta, a água é conduzida por um canal até à lagoa, a qual, depois de cheia, transborda por outras condutas que levam o excedente da água de volta à ribeira.

Em torno da lagoa foram plantadas azáleas, hortênsias e outros arbustos e árvores que lhe constituem o envolvimento. Aproveitando um pequeno bosque de criptomérias, foram erguidas as infraestruturas que permitem aos utentes utilizar o espaço existente com um mínimo de conforto. Para esse fim o espaço conta com grelhadores, casas de banho, e alguns equipamentos para recreio infantil. Os equipamentos de recreio estão dispersos por um bosque de criptoméria que envolve agradavelmente a pitoresca Lagoa das Patas, constituindo um local de eleição para lazer e merendas na Ilha Terceira.
12. Serra de Santa Bárbara
A Serra de Santa Bárbara, no lado Oeste da ilha Terceira, Concelho de Angra do Heroísmo, é um extinto estratovulcão, com cerca de 13 quilómetros de diâmetro na base cónica e com 1021 metros de altura. De Angra do Heroísmo, facilmente se capta, com um simples golpe de vista, a Serra de Santa Bárbara, o que é, do Pico das Cruzinhas no Monte Brasil, uma paisagem singular da ilha Terceira ou mesmo dos Açores. A paisagem é o resultado material de todos os processos naturais e sociais que ocorrem num determinado local. Assim, a Serra de Santa Bárbara, vista de Angra do Heroísmo, cidade Património Mundial, é o seu gene natural no ADN de qualquer olhar.

As nuvens reconstroem a cada segundo a paisagem, no mesmo espaço, e tudo que se pode ver em redor é ilha misteriosa, Graciosa, Dragão espraiado no mar ou Monte Olimpo de uma Atlântida perdida. No fundo, também se pode ver de Santa Bárbara, um espaço contraído ou expandido pela meteorologia. Aí, a paisagem transforma-se, num determinado instante, em memória. A paisagem da ilha Terceira, anda de mãos dadas com a sua história geológica. Essa história conheceu mais de uma centena de erupções vulcânicas subaéreas nos últimos 20.000 anos. Tais erupções centraram-se nos vulcões de Santa Bárbara e do Pico Alto, ou ocorreram ao longo do sistema de fracturas que determina a faixa de vulcanismo fissural que se estende, entre aqueles dois aparelhos. Assim, a paisagem colhida de, e para Santa Bárbara, permite observar um sistema complexo e dinâmico, onde os factores vulcânicos e culturais interagem e evoluem em conjunto.