No alto de uma colina alentejana, rodeada por campos dourados e com o Alqueva a brilhar ao fundo, Monsaraz parece ter parado no tempo. Esta vila muralhada, no concelho de Reguengos de Monsaraz, é uma das mais bem preservadas de Portugal — e uma das mais encantadoras também.
Caminhar pelas suas ruas empedradas é entrar num cenário onde a história se cruza com a paisagem e tudo convida à contemplação.
Logo à chegada, a Porta da Vila marca o início da viagem. O casario caiado, o chão de pedra irregular e os vasos floridos nas janelas dão o tom ao passeio.
Monsaraz mantém-se fiel a si própria. É pequena, serena, e cada recanto parece ter sido pensado para se saborear devagar.
No ponto mais alto da vila, o castelo oferece uma das vistas mais impressionantes do Alentejo. Lá de cima, avistam-se quilómetros de planície, sobreiros e oliveiras a perder de vista e, claro, o grande espelho de água do Alqueva, que acrescenta uma tranquilidade líquida ao cenário.
Ao entardecer, o pôr do sol pinta o céu de tons dourados e a paisagem ganha outra dimensão.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Lagoa é um dos destaques do centro histórico. Com fachada simples e interior surpreendente, é também ponto de passagem para quem aprecia arte sacra e silêncio.
Mas Monsaraz é mais do que monumentos: é um lugar vivo, que celebra a cultura e as tradições da região com feiras, festivais e exposições ao longo do ano.
Há também muitos sabores para descobrir. Em tabernas e restaurantes com vista para a planície, servem-se pratos típicos como migas, ensopado de borrego ou açorda de alho. A acompanhar, vinhos da região que merecem ser provados com calma — tal como tudo aqui.
Monsaraz convida também a sair das muralhas. Nos arredores, o Alqueva proporciona passeios de barco, canoagem ou caminhadas pelas margens.
É uma zona com pouca poluição luminosa, ideal para observar as estrelas: foi, aliás, a primeira região do mundo a ser certificada como “Destino Turístico Starlight”. À noite, o céu revela-se em cheio, e a experiência de ver as estrelas no silêncio do campo é difícil de esquecer.
Há alojamentos para todos os gostos, desde casas rurais recuperadas a hotéis de charme instalados em edifícios históricos.
A maioria respeita a traça original, com pátios interiores, paredes de pedra e uma decoração simples mas acolhedora.
Em Monsaraz, tudo parece fazer sentido. O ritmo é outro, o tempo estende-se, e cada visita sabe a regresso. Talvez por isso quem por lá passa raramente se esquece — e volta.










