O Minderico ou Piação dos Charales do Ninhou (língua dos habitantes de Minde), é a variante linguística falada em Minde desde o século XVIII. Inicialmente esta variante funcionava como código conhecido apenas pelos fabricantes e comerciantes das mantas de Minde. Como era utilizada apenas por um grupo restrito, era até então um sociolecto.
Está ameaçado de extinção e tem duas variantes regionais: a de Minde e a de Mira de Aire (este último por vezes designado calão mirense).

Fruto de uma comunidade isolada, localizada numa depressão fechada entre os Planaltos de Santo António e de São Mamede, em pleno Maciço Calcário Estremenho, o minderico, inicialmente enquanto língua secreta, era semelhante a variantes que encontramos noutros grupos e comunidades étnicas específicas espalhadas pelo mundo que usam “termos e expressões de defesa”, isto é, palavras e expressões que permitem aos membros dessa comunidade falar entre si sem darem a conhecer o significado dessa comunicação a outros.
Porém, o minderico ultrapassou as barreiras do secretismo e alargou-se não só as todos os grupos sociais da comunidade minderica como passou a ser usado em todos os contextos sociais (não só para o negócio).
Esta evolução – de língua secreta a língua do quotidiano – não é exclusiva do minderico, tendo-se registado já noutras comunidades em diferentes partes do mundo.

Em muitos dos lexemas mindericos é notória a sua origem em imagens do quotidiano, que passam de forma figurativa para a linguagem, mas também, embora em menor quantidade, através de alterações do português vernáculo, não esquecendo também os desenvolvimentos propriamente mindericos.
Nomes de pessoas da terra deram origem a expressões que designam profissões ou atributos humanos. O minderico é ainda hoje conhecido pela maioria da população adulta, embora por influência da alteração dos costumes, haja uma acentuada tendência para o seu desuso e esquecimento entre os mais jovens.