A língua portuguesa está em constante mudança. Palavras que outrora se usaram com naturalidade desapareceram quase sem deixar rasto, substituídas por outras mais atuais ou influenciadas por línguas estrangeiras.
Recorde 50 palavras antigas que hoje mal se ouvem, mas que ajudam a contar a história do nosso idioma.
- Absolto: perdoado, isento de culpa
- Acartado: diplomado, qualificado
- Aguça: pressa, urgência
- Anóveas: valor nove vezes superior
- Asinha: rapidamente
- Assento: morada, habitação
- Assunar: revoltar-se, amotinar-se
- Botica: farmácia
- Brunir: alisar, polir
- Cagalhota: mulher de baixa estatura e pescoço curto
- Carisma: epilepsia (sentido antigo)
- Coitar: magoar, ferir
- Comprir: cumprir, realizar
- Dada: doação, oferta
- Depós: depois
- Embora: em boa hora, felizmente
- Escala: escada
- Franquia: sinceridade
- Graveza: gravidade, importância
- Jondra: rapariga porca ou suja
- Jorna: salário diário
- Ladroa: mulher que rouba
- Lambisgoia: bisbilhoteira
- Lanfranhudo: homem carrancudo
- Malota: mulher corcunda
- Patego: pessoa simplória ou tola
- Pera: forma arcaica de “para”
- Pertinência: pertença, posse
- Polo: pelo, cabelo
- Remelado: com remela ou inflamação nos olhos
- Safanão: puxão ou repreensão
- Sirigaita: mulher atrevida ou provocadora
- Tabefe: bofetada
- Vitrola: aparelho para ouvir discos
- Zoar: fazer barulho, gritaria
- Ranhento: criança com o nariz sempre a escorrer
- Trambolho: objeto velho ou inútil
- Esturrar: queimar a comida
- Arreganhar: mostrar os dentes, rir com desdém
- Bulha: discussão ou zaragata
- Gandulo: vadio, preguiçoso
- Farnel: merenda levada de casa
- Marreco: corcunda
- Fúfia: mulher sem compostura
- Tisnado: escurecido pelo sol ou fumo
- Rebentação: ondas a bater nas rochas
- Zaragatoa: haste para recolha nasal (hoje usada com outro fim)
- Choldra: grupo de pessoas desprezadas
- Alforge: saco usado para transportar bens num animal
- Cambada: grupo barulhento ou indisciplinado
Por que razão estas palavras caíram em desuso?
Há várias explicações possíveis. Desde logo, a evolução natural da língua: com o tempo, algumas palavras perdem utilidade ou são substituídas por outras mais atuais.
A influência de línguas estrangeiras, como o francês e o inglês, também teve impacto, introduzindo novos termos e desvalorizando os antigos. Além disso, a norma culta e os programas de ensino tendem a privilegiar certos vocábulos, relegando outros ao esquecimento.
A diversidade regional e social da língua portuguesa também desempenha um papel importante. Termos como jorna ou patego podem ainda sobreviver localmente, mesmo que tenham desaparecido do uso generalizado.
Estas palavras, embora esquecidas, revelam traços da cultura, da história e da forma de viver de outros tempos. Recordá-las é uma forma de preservar o património linguístico e reflectir sobre como a língua acompanha a mudança da sociedade.










