Como era a vida em Portugal antes do 25 de Abril de 1974? Já não sabemos o que é viver sem ser em liberdade mas é importante relembrar, principalmente neste dia. Sabia que antes de 1974 não havia turmas mistas? Ou que meia dúzia de pessoas não se podiam juntar para discutirem ideias? Ficam aqui seis coisas que não podiam ser feitas antes da Revolução:
1- Rapazes para um lado e raparigas para outro. As crianças tinham de usar fardas e eram separadas por género. Não havia turmas mistas. E por vezes, as raparigas iam à escola na parte da manhã e os rapazes da parte da tarde.
2- Não havia liberdade de expressão. Não se podia dizer mal do Governo, nem dar a entender alguma opinião contrária. Tudo passava pelo rigoroso ‘lápis azul’ da censura e era comum livros, músicas, desenhos e notícias serem apreendidos por porem em causa a ordem pública.
3- Não havia direito ao voto livre. E as mulheres só podiam votar se tivessem o ensino secundário.
4- Enfermeiras, telefonistas e hospedeiras da TAP não se podiam casar, e as professoras tinham de ter uma autorização especial. Já para saírem sozinhas do país, todas as mulheres casadas precisavam da autorização do marido.
5- Não era permitido grupos de pessoas juntarem-se para falar ou a discutir ideias. Muito menos podiam existir associações ou reuniões.
6- Não era permitido festejar o Dia do Trabalhador. No ano de 1974, já em liberdade houve várias celebrações populares por todo o país. Só em Lisboa mais de um milhão de pessoas saíram à rua.
Não sabemos em que local foi tirada a fotografia, mas quando olhámos para ela sentimos um misto de saudade e de nostalgia. Portugal vivia tempos muito difíceis… os filhos partiam para a guerra ou davam o salto para o estrangeiro.
Os velhos cuidavam no campo. Não havia liberdade, não havia dinheiro. Mas de uma forma simples e humilde, conseguíamos encontrar um pouco de felicidade que nos fizesse esquecer, nem que fosse por momentos, as amarguras do dia-a-dia.
No meio de todas aquelas dificuldades, apesar das perseguições, presos políticos, falta de liberdade, analfabetismo, etc…, cada português tentava, à sua maneira, encontrar um pouco de felicidade no seu dia-a-dia, junto da família e dos amigos, felicidade essa baseada nas coisas pequenas e simples da vida.
Portugal vivia amordaçado por uma ditadura implacável que não perdoava quem lutava contra ela. Para todos aqueles que viveram nesses tempos, para aqueles que nos deram a nossa liberdade e para aqueles que simplesmente viviam o seu dia-a-dia, a nossa homenagem.
Excelente matéria, sobre um Portugal que não queremos mais!
Sou portuguesa, viemos para o Brasil em 1956 fugindo de uma Ditadura implacável.
Saudades de um país que ficou na lembrança.
uma ditadura implacavel? Coitadinha…havia de ter ido passar umas ferias a URSS para ver o que era bom para a tosse ou mesmo para a vzinha Espanha….
Ó João… passe cá no Brasil e veja a quantidade de portugueses que emigraram na época da ditadura. Ditaduras de Portugal, Espanha, URSS e outras são iguais.. matam
Se foi um Portugal que mais não quer, se foi para o Brasil em fuga de tão “implacável que era”, como pode sentir saudades…?
Sou filho, orgulhoso, de um patrício que deixou esta terra e cá no Brasil, buscou viver (apesar de ter saído de uma ditadura para ser apanhado em outra, vindo para cá em 1967, tempos de triste memória para os nossos).
E deixou aqui minha memória, tributo e carinho à todos que, de seu modo, lutaram por liberdade e paz à esta “nação valente, imortal” que também tenho como minha.
Viva a liberdade!
A maior parte deste artigo e um exagero disparatado. Eu sempre disse o que pensava, mesmo na tropa em Portugal e na Africa e nunca ninguem me chateou. E nunca fui de direita.
Ou foi um sortudo – talvez o achassem o bobo da corte e por isso nunca nada lhe aconteceu, ou não foi no Portugal reflectido no artigo ou nem sequer foi em Portugal ou o Sr. está a inventar, vá lá saber-se porquê… Porque pelo que eu me lembro (e há 45 anos tinha apenas 12, a caminho de 13 anos) e por muitas coisas que a minha mãe me contou (teria 103 anos se ainda fosse viva) o artigo não exagera em nada.
Claro que o artigo e um exagero! Fui sempre pobre, mas de uma maneira geral fui muito feliz! Era feliz quando a partir dos anos sesenta e quatro lutava contra o que se disia uma ditadura, correndo a frente e tambem atraz da policia, era feliz quando provocava a policia, era feliz quando chegava a casa e comia couves com azeite e alguma batata, eramos nove irmaos e todos nos suportavamos e apoiavamos. Sempre fasiamos reunioes ainda na primaria e tambem na secundaria sem que viesse a pide… fui feliz quando fui defender o nosso Portugal em Angola 1973, fui feliz ate que tive de emigrar em 1978! Nao comunguei nunca com os principios que comecaram a aparecer logo apos o 25 abril! Sempre me orgulhei dos principios que existiam naquele tempo antes da “liberdade”, que todos eramos pontuais, todos eramos cumpridores dos acordos que fasiamos, jogavamos em liberdade e sem o medo de ter que ir para os sicologos, exitiam os sicologos antes do 25 abril? Nas nossas excursoes da escola ou ainda dos finalistas nunca destruiamos a paisagem nem tinhamos problemas com os hoteis …por certo, na EICA escola industrial e comercial de Aveiro pertenci a turmas mistas tanto no primeiro como no segundo ano! Exagerado e fora de contexto e esse artigo na minha opiniao. Se a sua opiniao e distinta a minha, respeite-a tambem! Obrigados. Ah nasci em 1951 em Aveiro.
Concordo. Eu nasci em 1954 no distrito de Coimbra. Nunca usei farda. Na primária eram turmas mistas. No liceu eram turmas separadas inicialmente, mas muitas escolas já tinham turmas mistas antes de 1974. Nunca vi problemas com pessoas juntarem-se para discutir fosse o que fosse. Não se discutia muito porque as pessoas estavam mal informadas. Nunca conheci ninguém preso pela PIDE. Isso não quer dizer que não fossem, claro, mas não era tão prevalente como muitas vezes se representa. O pior dessa época, a meu entender, era a falta de educação/ensino e de abertura para o resto do mundo. E a pobreza.
Antes de 1974 já haviam escolas (liceus) com turmas mistas. Andei no Liceu Garcia de Orta, no Porto, a partir de 1969 e já no 1º ano do ciclo preparatório haviam meninos e meninas na mesma turma. Acho que foi a 1ª escola mista do Porto.