Verde, amarela ou vermelha: quem frequenta as praias portuguesas está habituado a interpretar estas cores ao longe, junto ao posto de vigia. Mas há uma bandeira que não faz parte do código oficial e que, quando aparece, deve levantar imediatamente todas as atenções — a bandeira negra.
Rara, mas de forte impacto, a bandeira negra é um sinal de alerta extremo que, ao contrário das outras, não diz respeito apenas às condições do mar. Pode indicar um risco invisível à superfície, mas real para quem ali se banha ou até apenas caminha pela areia.
O que significa a bandeira negra?
De acordo com a Autoridade Marítima Nacional, a bandeira negra não integra o conjunto oficial de sinalização balnear. As bandeiras reconhecidas oficialmente são:
- Verde: banho permitido, condições seguras
- Amarela: banho limitado, só até à cintura
- Vermelha: banho proibido
- Quadriculada: fim da vigilância
A bandeira negra, por sua vez, é usada em situações excecionais, quando há riscos ambientais ou de saúde pública que não estão contemplados nas restantes categorias. Pode indicar contaminação severa da água, presença de substâncias tóxicas, descargas poluentes, ou mesmo um derrame de petróleo.
Mais preocupante ainda é o facto de o perigo, nestes casos, nem sempre ser visível. A água pode parecer limpa, mas conter agentes químicos ou biológicos prejudiciais à saúde.
Um símbolo com dimensão ambiental
A bandeira negra não serve apenas como aviso imediato. Tem sido usada também como forma de protesto ambiental. Em Espanha, por exemplo, a organização Ecologistas en Acción atribui bandeiras negras a zonas costeiras afetadas por poluição ou má gestão, criando um verdadeiro “mapa negro” da degradação ambiental.
Também em Cabo Verde, a bandeira negra já foi içada em praias com níveis perigosos de contaminação, com autoridades a recomendarem evitar não só o mar, mas até caminhar pela areia.
Quando foi usada em Portugal?
Embora a sua utilização no nosso país seja rara, já ocorreram situações em que a bandeira negra foi hasteada, nomeadamente após descargas acidentais de esgoto ou poluição industrial.
Nesses casos, o aviso serviu de gatilho para limpezas de emergência, recolha de amostras de água e, em alguns casos, interdição total da zona balnear até ser considerado seguro regressar.
O que fazer se encontrar este sinal?
Se se deparar com uma bandeira negra na praia, siga estas recomendações:
- Evite qualquer contacto com a água, mesmo lavar os pés.
- Informe-se junto dos nadadores-salvadores ou autoridades locais.
- Respeite as delimitações e avisos no local.
- Esteja atento a comunicados oficiais sobre a situação.
- Alerta outros banhistas, caso não tenham reparado no sinal.
Mais do que um aviso: um sinal de responsabilidade
A bandeira negra é muitas vezes o último recurso para travar o acesso a uma praia onde existe um risco grave. A sua presença deve ser levada a sério, não só pelo impacto na saúde pública, mas também pelo que representa: a necessidade de proteger o ambiente costeiro e exigir respostas eficazes das autoridades.
Numa época em que cada vez mais se fala de sustentabilidade e proteção dos oceanos, respeitar este sinal é também um gesto de cidadania e consciência ambiental.







