Antes de ser país, Portugal foi ambição, luta e desejo de autonomia. E tudo começou com uma batalha às portas de Guimarães.
Hoje, percorre-se Guimarães de forma descontraída, entre muralhas, praças e casas antigas. Mas, no dia 24 de junho de 1128, o cenário era bem diferente: nas imediações da cidade, o som era o das espadas a chocar e dos gritos de combate.
Aí travava-se a Batalha de São Mamede, o episódio que, para muitos, marca o nascimento de Portugal.
De um lado, D. Afonso Henriques, jovem ambicioso, filho do conde D. Henrique e de D. Teresa. Do outro, a própria mãe e o conde galego Fernão Peres de Trava.
Em causa? O futuro do Condado Portucalense, onde os nobres locais já não viam com bons olhos a crescente influência galega.
Uma guerra de família que fez nascer um reino
Após a morte do pai, D. Teresa assumiu o poder, mas aliou-se a nobres da Galiza. A aliança gerou descontentamento entre os senhores de Entre-Douro-e-Minho, que viam a sua autonomia em risco. A solução foi apoiar Afonso Henriques, então com apenas 19 anos, como novo líder.
A vitória em São Mamede foi o ponto de viragem. D. Afonso Henriques passou a controlar o condado e iniciou uma longa jornada pela afirmação da independência.
Conseguiu manter relações formais com o rei de Leão, Afonso VII, e, ao mesmo tempo, reforçou a sua autoridade entre os barões locais.
De príncipe rebelde a rei de Portugal
O momento simbólico da fundação do reino chega em 1139, após a Batalha de Ourique, onde D. Afonso Henriques venceu as forças muçulmanas e se autoproclamou Rei de Portugal.
Teria nascido ali o Reino de Portugal, ainda não reconhecido, mas já a afirmar-se no mapa político da Península.
A conquista de cidades como Santarém, Lisboa, Almada, Palmela, Évora e Beja reforçou a posição do novo rei.
E, em 1179, chegou o reconhecimento mais aguardado: o Papa Alexandre III reconheceu oficialmente o título régio a D. Afonso Henriques, legitimando o novo reino sob proteção da Igreja.
Nomes que ficaram na história
A história de Portugal não se escreve apenas com o nome de D. Afonso Henriques. Outros barões portucalenses, como Egas Moniz “O Aio”, Gonçalo Mendes da Maia “O Lidador” ou os irmãos Sousa, foram peças-chave na batalha por uma identidade própria e no estabelecimento das fronteiras do novo reino.










