Portugal poderá em breve contar com um novo feriado nacional: o 25 de novembro. A proposta de lei, já aprovada em Conselho de Ministros, aguarda agora votação no Parlamento.
Mais do que uma simples data no calendário, trata-se do reconhecimento oficial de um momento-chave para o futuro da democracia portuguesa, vivido há quase 50 anos, em plena ressaca da Revolução dos Cravos.
O dia que travou a deriva radical
A 25 de novembro de 1975, Portugal viveu um dos dias mais tensos da sua história recente. Num clima ainda marcado pela instabilidade do pós-25 de Abril, cerca de mil paraquedistas, ligados à ala mais radical do movimento militar, ocuparam posições estratégicas, incluindo várias bases aéreas e o comando de Monsanto, em Lisboa. O objetivo: garantir o controlo de meios militares e reforçar o poder da esquerda revolucionária.
A resposta veio do chamado “Grupo dos Nove”, oficiais moderados do MFA que viam naquelas ações uma ameaça direta à democracia emergente.
Liderados por Ramalho Eanes, então tenente-coronel, os comandos da Amadora foram mobilizados. Em poucas horas, o país assistiu a confrontos localizados e a uma tensão crescente nas ruas e quartéis.
Ao final da tarde, o Presidente da República, Francisco da Costa Gomes, decretou o estado de sítio em Lisboa. O controlo foi retomado gradualmente e o golpe fracassou.
Para muitos historiadores, o 25 de novembro foi o ponto de inflexão que garantiu a transição para uma democracia pluralista, afastando definitivamente a hipótese de uma ditadura de inspiração marxista.
Uma proposta com simbolismo
Se for aprovado, o novo feriado será mais do que um dia de descanso. Representará um gesto político e simbólico de reconhecimento da importância da estabilidade democrática conquistada nesse dia.
Pretende-se, assim, reforçar a memória coletiva, sobretudo junto das novas gerações, e sublinhar que a liberdade, por mais consolidada que pareça, nunca é garantida por inércia.
O governo avançou também com a criação de uma comissão nacional para organizar as comemorações do cinquentenário do 25 de novembro.
Está previsto um programa que incluirá atividades culturais, debates públicos, exposições, documentários e ações pedagógicas em escolas e universidades. O objetivo é fazer deste momento não apenas uma evocação política, mas um esforço cívico e cultural alargado.
Um feriado com impacto económico?
Como acontece sempre que se propõe um novo feriado, também agora surgem vozes que levantam preocupações práticas. Se, por um lado, sindicatos defendem o reforço do equilíbrio entre vida profissional e pessoal, por outro, representantes de setores económicos alertam para possíveis perdas de produtividade, sobretudo na indústria e no comércio.
No entanto, estudos recentes têm demonstrado que, quando bem distribuídos no calendário, os feriados podem até beneficiar a economia, em particular o turismo e o comércio local, ao impulsionar o consumo interno e as deslocações de curta duração.
Mais do que política, um dever de memória
A eventual aprovação do 25 de novembro como feriado nacional ultrapassa as fronteiras da política partidária. É um exercício de memória histórica, que convida à reflexão sobre o caminho percorrido desde a revolução até à democracia. Um caminho feito de avanços, hesitações e decisões difíceis, em que a coragem de alguns impediu o retrocesso de todos.
Celebrar o 25 de novembro será, portanto, celebrar a opção por uma democracia plural, europeia e civil. Será lembrar que, num país saído de décadas de ditadura, houve quem tivesse escolhido a liberdade — mesmo quando o preço era alto.








Até estou de acordo mas tbm acho k temos feriados k não se justificam portanto para este entrar outro deviam acabar