Uma aceleração a mais. Um radar na hora errada. Um segundo de distração. O cenário repete-se todos os anos: milhares de condutores são apanhados em excesso de velocidade em Portugal – e muitos ultrapassam os limites que fazem desta infração uma das mais graves previstas no Código da Estrada.
De acordo com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), mais de 5.300 condutores foram autuados em 2024 por infrações classificadas como muito graves. O número tende a subir nos meses de verão, com mais movimento nas estradas e maior propensão a abusos de velocidade.
Quando é que o excesso de velocidade é considerado “muito grave”?
A legislação é clara:
- Dentro das localidades, a infração é muito grave quando se circula mais de 60 km/h acima do limite.
Exemplo: num limite de 50 km/h, basta atingir 112 km/h para cair na penalização máxima. - Fora das localidades, o excesso é considerado muito grave se for superior a 80 km/h.
Exemplo: num limite de 110 km/h, circular a 190 km/h é suficiente.
Nestes casos, a coima pode variar entre 500 € e 2.500 €, com sanções que não se ficam pela carteira.
A multa vem sempre com inibição de conduzir
Além da coima, a lei prevê obrigatoriamente a inibição de conduzir, por um período entre 2 e 24 meses. Durante esse tempo, é proibido guiar qualquer veículo motorizado. Ignorar a interdição constitui crime.
Se o condutor atingir zero pontos na carta, o título é cassado e só pode ser recuperado com novo exame teórico, o que representa não só um entrave burocrático, mas também consequências na vida pessoal e profissional.
Pagamento voluntário: um alívio limitado
A lei permite o pagamento voluntário da coima pelo valor mínimo (500 €), desde que feito dentro do prazo indicado.
No entanto, esta opção não evita a inibição de conduzir, que será aplicada na mesma.
Não identificar o condutor? Outra coima à vista
Se o veículo for apanhado por radar e o titular não identificar o condutor, incorre numa coima entre 120 € e 600 € – ou o dobro no caso de empresas.
A falta de identificação é uma infração autónoma, e facilmente evitável.
O impacto no seguro e na vida profissional
As infrações muito graves ficam registadas e são acessíveis às seguradoras. O resultado pode ser o aumento do prémio do seguro até 30% ou a perda de coberturas adicionais.
Para motoristas profissionais, as consequências são ainda mais pesadas: a inibição de conduzir pode levar à suspensão ou fim do contrato de trabalho, com impacto direto no rendimento.
Como evitar esta infração?
A ANSR recomenda:
- Planear viagens com tempo, evitando pressões desnecessárias;
- Usar o cruise control, sempre que possível;
- Redobrar a atenção à sinalização, especialmente em zonas de obras;
- Evitar a condução fatigada ou em estado de irritação.
Respeitar os limites não é apenas evitar multas: é salvar vidas.







