Cinco, sete ou doze? A resposta à pergunta sobre o número de vogais na Língua Portuguesa varia conforme o olhar – e pode ser surpreendente para quem só se lembra das aulas da primária.
Na escola, aprendemos que o alfabeto tem cinco vogais: a, e, i, o, u. Mas, com o passar do tempo (e com a evolução da própria língua), percebe-se que a realidade não é tão simples. E se forem incluídas as letras y e w? E se, em vez da escrita, nos guiarmos pelos sons?
A resposta muda conforme o critério adoptado. Se olharmos para a ortografia, as vogais continuam a ser cinco – embora haja quem considere que o w e o y também desempenham esse papel em algumas palavras.
Já se optarmos por uma análise fonética, que se baseia nos sons produzidos ao falar, a contagem sobe para doze.
Ortografia: o que se escreve e o que se lê
No plano ortográfico, as vogais são representadas por letras que traduzem sons vocálicos. As tradicionais cinco (a, e, i, o, u) continuam a ser as mais recorrentes. Mas desde a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, também o k, w e y passaram a integrar oficialmente o alfabeto.
Estas três letras surgem sobretudo em nomes próprios de origem estrangeira ou em abreviaturas técnicas: km (quilómetro), k (símbolo químico do potássio), yd (jarda), entre outros. Apesar disso, podem ocasionalmente representar sons vocálicos. Por exemplo:
- y assume valor de vogal quando soa como /i/, como em byte ou yoga;
- w funciona como vogal em show (soando como /u/), mas como consoante em Wagner (soando como /v/);
- k, por sua vez, representa sempre um som consonântico (/k/), como em ketchup.
Assim, do ponto de vista gráfico, a língua portuguesa tem cinco vogais principais, mas admite que o w e o y se comportem como vogais em contextos específicos.
Fonética: o que se ouve
Quando se estuda a língua a partir da fonética e da fonologia — ou seja, da produção e classificação dos sons — a contagem de vogais altera-se. Consideram-se sete vogais orais e cinco nasais, totalizando doze.
As vogais orais são aquelas em que o ar sai exclusivamente pela boca: a, é, ê, i, ó, ô e u. Já as vogais nasais envolvem a passagem de ar também pelas fossas nasais e surgem geralmente com til (~) ou antes de consoantes nasais, como m ou n. É o caso de ã (em mãe), õ (em pão) ou ĩ (em ruim).
Esta análise permite uma abordagem mais precisa da diversidade sonora da língua falada, destacando variações subtis que muitas vezes passam despercebidas na escrita.
Um idioma mais complexo do que parece
Afinal, quantas vogais tem a Língua Portuguesa? A resposta certa depende da forma como se olha para a língua.
A nível ortográfico, a resposta tradicional continua válida, mas é possível admitir sete letras com função vocálica.
A nível fonético, são doze os sons vocálicos reconhecidos.
Este exemplo é apenas uma das muitas nuances que mostram como a língua portuguesa é mais rica e complexa do que, por vezes, se imagina.










