No centro de Évora, entre ruas estreitas e edifícios seculares, ergue-se um dos mais notáveis vestígios da presença romana em Portugal: o Templo Romano, frequentemente designado por Templo de Diana – embora, na realidade, não tenha sido dedicado à deusa da caça.
Construído no século I d.C., em pleno período do imperador Augusto, o templo integrava o fórum da antiga cidade romana de Liberalitas Iulia.
A sua função estaria ligada ao culto imperial, uma prática comum em diversas cidades do império, e visava reforçar a autoridade e a veneração do imperador como figura quase divina.
Ao longo dos séculos, o templo sobreviveu a sucessivas ocupações e mudanças de uso. Foi fortificação, armazém e até parte do castelo medieval de Évora, o que – curiosamente – contribuiu para que parte da sua estrutura se mantivesse intacta.
Só no século XIX, com as primeiras intervenções de restauro, começou a recuperar o destaque que hoje ocupa no imaginário eborense e nacional.
As colunas coríntias que ainda se erguem – quatorze no total – são o elemento mais marcante da estrutura. Em mármore da região, com bases e capitéis esculpidos, revelam o cuidado posto na sua construção.
O templo assenta sobre um pódio elevado, também ele bem preservado, e conserva ainda parte do entablamento original. A imponência da estrutura não se perde, mesmo com o passar dos séculos.
Classificado como Monumento Nacional desde 1910, o Templo Romano integra hoje a paisagem urbana de Évora com uma naturalidade surpreendente.
Rodeado pelo centro histórico classificado como Património Mundial pela UNESCO, partilha o espaço com outros marcos de relevo, como a Sé Catedral, o Convento dos Lóios ou o Museu de Évora.
Mais do que uma atração turística, o templo é um ponto de encontro entre o passado e o presente. Convida à contemplação – não apenas da arquitetura clássica, mas da própria ideia de continuidade histórica.
Caminhar à sua volta é pensar no tempo em camadas: do império à Idade Média, da ruína à recuperação, da memória à permanência.
Num país com tantos séculos de história, o Templo Romano de Évora destaca-se como símbolo de resistência e testemunho da profunda ligação entre Portugal e o legado do mundo antigo.
Visitar Évora sem ali parar é perder um dos raros lugares onde o tempo se faz visível em pedra.










