No centro de Portugal, uma pequena aldeia continua a atrair visitantes em busca de silêncio, natureza e história. Dornes, freguesia do concelho de Ferreira do Zêzere, está implantada numa estreita península banhada pelo rio Zêzere e tem sido apontada como uma das mais encantadoras do país.
Rodeada pela albufeira de Castelo de Bode, distingue-se não só pela paisagem mas também pela ligação à Ordem dos Templários.
A história da aldeia está profundamente marcada por essa presença. A torre pentagonal que se ergue junto à igreja matriz é disso testemunho.
Construída em pedra de xisto, com cinco lados e uma localização estratégica sobre o rio, é considerada um exemplar único em Portugal.
Atribui-se a sua edificação a Gualdim Pais, mestre templário e figura central na história medieval do país.
A poucos metros, a Igreja de Nossa Senhora do Pranto continua a ser local de culto e destino de peregrinações. A romaria anual atrai fiéis da região e mantém viva a tradição religiosa da aldeia.
Fora dessas datas, o adro proporciona uma vista ampla sobre a paisagem fluvial, num cenário marcado pelo silêncio e pela sensação de isolamento.
Nos últimos anos, Dornes tem registado um aumento no número de visitantes. A proximidade a cidades como Lisboa (a menos de duas horas) e Coimbra (cerca de 90 minutos) facilita a deslocação, tornando a aldeia num destino viável para uma escapadinha de fim de semana ou mesmo para um passeio de um dia.
Além do património histórico, Dornes oferece várias actividades ligadas ao turismo de natureza.
Os trilhos pedestres são acessíveis e proporcionam contacto com a floresta envolvente, as praias fluviais e miradouros com vista sobre a albufeira. Há também passeios de barco e locais próprios para banhos em águas calmas e transparentes.
A gastronomia local valoriza os produtos da região, com destaque para o peixe do rio — como a fataça, as enguias ou os lagostins — e para alguns pratos menos comuns, como carne de porco com amêijoas do rio.
Nos doces, predominam os sabores tradicionais à base de mel, abóbora e frutos secos.
Com oferta crescente de alojamento local e uma população habituada a receber forasteiros, Dornes assume-se hoje como um exemplo de turismo de pequena escala, sustentado na valorização do território e na preservação da identidade local.
E apesar do crescimento da procura, mantém-se um lugar onde o tempo corre devagar — e onde ainda é possível ouvir apenas o som da água e dos pássaros.










