Na costa este do Algarve, longe do bulício que marca muitos destinos balneares da região, há um pedaço de areia que parece escapar ao tempo.
A Praia da Fuseta, virada tanto para a Ria Formosa como para o Atlântico, mantém-se como um pequeno refúgio onde a natureza dita o ritmo dos dias e o turismo ainda não apagou o traço local.
Situada na Ilha da Armona, em frente à vila piscatória da Fuseta (concelho de Olhão), esta praia integra o Parque Natural da Ria Formosa e é acedida por barco a partir do cais da vila.
A viagem, breve, já antecipa o que ali espera: uma paisagem feita de canais calmos, aves em voo baixo e dunas que separam a ria do mar.
A ilha estende-se por cerca de nove quilómetros e é uma das cinco ilhas-barreira que protegem este ecossistema lagunar. A praia divide-se em duas zonas distintas.
Do lado ocidental, a Fuseta-Mar conta com vigilância e apoio de restauração — ideal para quem prefere algum conforto junto ao areal.
A nascente, mais afastada, a Praia da Barra Nova revela uma paisagem praticamente intocada, onde piscinas naturais se formam com a maré baixa. Aqui, mesmo em agosto, é possível estender a toalha com espaço de sobra.
A história da Fuseta está ligada à pesca e à extracção de sal. A vila cresceu em torno do porto e da ligação à ilha, que durante séculos foi usada para cultivo e lazer.
Com o tempo, sobretudo a partir dos anos 60, os veraneantes começaram a descobrir este recanto. Ainda assim, a praia manteve-se longe do desenvolvimento turístico agressivo que transformou outros pontos do Algarve.
Em 2010, uma forte tempestade obrigou a uma intervenção ambiental importante: foi aberta a Barra Nova, que permitiu renovar as águas da ria e devolver areia à praia. O resultado é um equilíbrio raro entre intervenção humana e regeneração natural.
Além do banho de mar, vale a pena explorar os trilhos e canais da ria — seja de caiaque, stand-up paddle ou até a pé nas marés vazias. A zona é também excelente para observação de aves e contacto com uma biodiversidade rica e pouco alterada.
Ao final do dia, o melhor é regressar ao cais e escolher um restaurante local para provar peixe fresco ou um arroz de lingueirão, com vista para os barcos atracados. Porque aqui, mais do que fazer muito, o segredo está em aproveitar devagar.










