No sul do concelho de Lagos, a terra termina num cenário que parece saído de outro tempo. A Ponta da Piedade, um promontório rochoso que avança sobre o Atlântico, é um dos locais mais visitados do Algarve – e percebe-se porquê.
As falésias de arenito, esculpidas ao longo de milénios pela erosão do vento e do mar, formam um labirinto de grutas, arcos naturais e pequenas enseadas que se revelam ao olhar atento de quem ali passa.
A água é limpa e luminosa, oscilando entre o verde e o azul, e o contraste com os tons ocres das rochas dá o tom a um dos postais mais reconhecíveis da região.
Algumas das formações rochosas receberam nomes populares – o “elefante”, o “submarino”, a “esfinge” ou a “catedral” – e as grutas ganharam apelidos como a “gruta do amor” ou a “do camelo”, numa tentativa de nomear o que a natureza criou de forma espontânea.
Para explorar o local de forma mais próxima, há quem opte por descer a longa escadaria de 182 degraus até ao nível do mar. É um percurso exigente, sobretudo nos dias de calor ou com piso escorregadio, mas a vista recompensa o esforço.
Outra forma de conhecer a zona é por via marítima. Os passeios de barco, com partida da Marina de Lagos ou da Praia do Camilo, são uma forma segura e acessível de navegar entre as grutas e as formações rochosas.
Algumas excursões incluem paragens para banho ou até churrascos na praia.
A quem prefere uma abordagem mais autónoma, há a possibilidade de alugar um caiaque ou uma prancha de stand up paddle.
A partir da Praia do Barranco do Martinho ou da Praia do Camilo, é possível seguir ao ritmo das marés, explorando o contorno das falésias com tempo e liberdade.
No topo da Ponta da Piedade encontra-se o farol, em funcionamento desde 1913. Não é visitável, mas a área envolvente proporciona uma das vistas mais amplas sobre o litoral.
A partir daí, os passadiços de madeira prolongam-se para oeste e permitem o acesso pedonal a pequenas praias como a da Balança ou a dos Pinheiros, menos conhecidas mas igualmente apelativas.
Nas redondezas, há outras praias com fama mais do que justificada: a Dona Ana, o Camilo e o Canavial são apenas três exemplos.
Todas partilham a mesma envolvente de rochas esculpidas, areia dourada e águas claras.
Ao final do dia, a luz transforma tudo. O pôr do sol na Ponta da Piedade é um dos momentos mais aguardados por quem ali passa: as sombras alongam-se sobre o mar, as falésias ganham tons dourados e o silêncio instala-se, interrompido apenas pelo som das ondas. Não há muito mais a pedir.










