No coração de Belém, voltado para o Tejo e com o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém como vizinhos, ergue-se o Padrão dos Descobrimentos.
Este monumento moderno, inaugurado em 1960 por ocasião dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique, presta homenagem a quem moldou os séculos de ouro da expansão portuguesa.
Com a forma de uma caravela estilizada, o monumento evoca o impulso náutico que levou os portugueses a desbravar mares, abrir rotas comerciais, fundar cidades e cruzar culturas.
Na proa, a figura imponente do Infante D. Henrique comanda a formação. Atrás dele, surgem mais 32 figuras, divididas pelas faces nascente e poente, representando navegadores, militares, missionários, artistas e pensadores que deixaram marca na epopeia dos Descobrimentos.
Face nascente: os que deram corpo à expansão
Além do Infante D. Henrique, estão figuras como Vasco da Gama, que ligou pela primeira vez a Europa à Índia por via marítima; Bartolomeu Dias, que dobrou o Cabo da Boa Esperança; Pedro Álvares Cabral, o comandante da armada que chegou ao Brasil; Fernão de Magalhães, protagonista da primeira circum-navegação do globo; ou Diogo Cão, explorador da costa africana e do rio Congo.
Há também reis, como Afonso V, e administradores, como Martim Afonso de Sousa, além de cronistas e intelectuais, como João de Barros, autor das Décadas da Ásia, e figuras ligadas à ciência náutica, como António de Abreu, descobridor das ilhas das especiarias.
Face poente: arte, fé e ciência na expansão portuguesa
Do outro lado, encontramos personagens como Luís de Camões, cuja pena imortalizou os feitos lusos n’Os Lusíadas; Nuno Gonçalves, o pintor régio; e Pedro Nunes, matemático que revolucionou a navegação com o seu nónio.
A presença religiosa também se destaca: São Francisco Xavier, missionário jesuíta no Oriente; Frei Henrique de Coimbra, que celebrou a primeira missa no Brasil; e Frei Gonçalo de Carvalho, enviado ao Congo no início do século XVII.
Destaca-se ainda a única mulher representada: D. Filipa de Lencastre, mãe da Ínclita Geração, cuja influência foi determinante na formação dos filhos — entre eles, os Infantes Pedro e D. Fernando, ambos também esculpidos no monumento.
Um painel de pedra que conta uma história global
Cada figura simboliza um capítulo da história portuguesa além-mar — das primeiras viagens ao longo da costa africana até ao estabelecimento de um império transcontinental.
O Padrão dos Descobrimentos, mais do que um monumento estático, é um painel em pedra que nos convida a refletir sobre o passado, os encontros entre povos e culturas, e o legado, por vezes contraditório, da expansão portuguesa.
Ao observá-lo, percebe-se que este é mais do que um conjunto de esculturas: é um retrato de um tempo em que Portugal foi protagonista na redefinição do mundo.










