Na próxima vez que pensar em passeio, pense em Castelo Branco. A Capital da Beira Baixa é, ainda, um segredo guardado. Mas por pouco tempo. São cada vez mais os portugueses e os estrangeiros que descobrem – e se surpreendem – com esta cidade localizada entre as serranias e a planura, que convida a uma descoberta tranquila.
Com um odor característico, que varia entre o aroma quente das estevas, os cítricos da flor de laranjeira e o cheiro adocicado da tília, Castelo Branco tem um apreciável património de interesse histórico, cultural e paisagístico que, associado à requalificação do espaço público da cidade, à oferta de equipamentos culturais, desportivos e de lazer, tornaram o Concelho num lugar de forte atracção turística.
Além disso, nos arredores de Castelo Branco há também muitos locais para visitar para qualquer tipo de turista. Pode optar por partir em busca de fabulosas aldeias históricas como Monsanto ou Idanha-a-Nova ou pode, caso prefira turismo de Natureza, visitar o Parque Natural do Tejo Internacional ou o Parque Natural da Serra de São Mamede, ambos muito perto da cidade. Estes são os melhores locais para visitar em Castelo Branco.
1. Paço Episcopal de Castelo Branco
O Paço Episcopal foi mandado construir pelo Bispo da Guarda, D. Nuno de Noronha, entre 1596 e 1598, como atesta uma inscrição que encima o portal da entrada no pátio. Sofreu uma profunda intervenção, já no século XVIII, levada a cabo pelo Bispo da Guarda D. João de Mendonça. A partir de 1771, depois de Castelo Branco ter sido erigida em sede de Bispado, o edifício foi adoptado como Paço de Residência dos Bispos de Castelo Branco (como o tinha sido para os da Guarda).

Durante o reinado eclesiástico de D. Vicente Ferrer da Rocha (1782-1814), procedeu-se a grandes transformações, nomeadamente no interior e na reconstrução do peristilo que se situa na banda Norte. No século XX, de 1911 e 1946, serviu de Liceu Central (que ainda tomaria o nome de Nun’Álvares, por proposta do Dr. Augusto Sousa Tavares), também funcionou como Escola Normal e Escola Comercial e abriu as portas como Museu Francisco Tavares Proença Júnior em 1971. Apresenta uma mostra do património arqueológico da Região, pintura de escolas portuguesas e tapeçarias da Flandres, bem como peças que evocam a História do Bispado e o Bordado de Castelo Branco, utilizado no traje, paramentaria e nas colchas.
2. Jardim do Paço Episcopal
O Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco, classificado como monumento nacional, revela-se como um dos mais originais exemplares do Barroco em Portugal. Jardim de recreio e reflexão, é dedicado a S. João Baptista, cuja estátua ocupa um lugar central na parede fundeira do patim principal. Foi o Bispo da Guarda, D. João de Mendonça (1711-1736), que encomendou e provavelmente orientou as obras do Jardim. Mais tarde, já no fim do séc. XVIII, o segundo bispo da Diocese de Castelo Branco, D. Vicente Ferrer da Rocha, fez ali obras de algum relevo. Na sequência da Implantação da República, já em 1911, o Jardim passa para as mãos da Câmara Municipal, primeiro por arrendamento e, em 1919, com a compra que lhe confere titularidade definitiva sobre a propriedade. O Jardim do Paço, em forma rectangular, tem no patim principal cinco lagos, nos quais se destacam os característicos jogos de água. No patamar intermédio destaca-se o Lago das Coroas e, em lados opostos, a Escadaria dos Reis e a Escadaria dos Apóstolos.

No patim superior, merece destaque a Escadaria de Moisés e o grande tanque a partir do qual se garantia o funcionamento dos repuxos (por pressão), bem como o abastecimento a todo o Jardim e às então designadas Hortas Ajardinadas (actual Parque da Cidade). Rico de simbologia, todo o Jardim do Paço é pontuado por estatuária, com a água como elemento central – apresentada no espaço como o elemento purificador – num cenário que remete o observador para uma dualidade constante entre o terreno e o divino. Os canteiros rematados por buxo esculpido e as laranjeiras plantadas por todo o jardim exalam aromas característicos que transformam este lugar particularmente aprazível na Primavera, muito embora o Jardim do Paço mude ao ritmo das Estações do Ano e em cada época tenha atractivos que o tornam ímpar e imperdível. Os muros delimitadores do Jardim do Paço apresentam painéis de azulejo figurativo, monocromo, azul sobre fundo branco, representando várias vistas de Castelo Branco, da Antiga Quinta e Bosque, a Capela de São João e respectivo Cruzeiro.
3. Castelo e Muralhas de Castelo Branco
Apesar de existirem vestígios datáveis da Pré e da Proto-história encontrados no Castelo de Castelo Branco, foi durante a Idade Média que se terá fundado a fortaleza templária. Essa edificação terá ocorrido entre 1214 e 1230 e fechava um cerco de muralhas e torres. Admite-se que os seus limites tivessem sido mandados alargar por D. Dinis, mas, ao certo, sabe-se apenas que foi D. Afonso IV (1343) que mandou construir a segunda cintura de muralhas.

No recinto desta fortaleza, a designada alcáçova, situava-se a Igreja de Santa Maria do Castelo e o Palácio dos Alcaides. Através das gravuras do Livro das Fortalezas, de Duarte d’Armas, podemos analisar Castelo Branco do séc. XVI como povoação-fortaleza, com ruas estreitas, apresentando edifícios com ornamentos de arquitectura manuelina. Esta fortificação integrava um sistema defensivo mais amplo, erigido ao longo do vale do Rio Tejo.
4. Igreja de São Miguel (Sé Concatedral)
A Igreja de São Miguel está erigida num local onde, desde 1213, existem notícias da existência de um templo, cuja propriedade é atribuída aos Templários. Elevada a Sé Concatedral em 1956, foi reedificada no século XVII, em estilo Renascentista. São visíveis os elementos das diferentes fases de construção: arco cruzeiro do século XVI, retábulos e painéis do século XVII e capela-mor e sacristia dos séculos XVIII-XIX.

Devido à escassez de meios para fazer uma obra monumental, foi D. Martim Afonso de Melo, Bispo da Guarda, que a reedificou no último quartel do século XVII. Tem apenas uma nave que é separada da capela-mor por um belo arco Renascentista, no fecho do qual está o brasão de armas do Bispo D. Martim Afonso de Melo. Ao segundo bispo da diocese de Castelo Branco, Frei Vicente Ferrer da Rocha (1782-1814), deve-se a construção (em estilo Barroco), dos dois corpos laterais, com os quais foi aumentado o templo: a Sacristia Grande e a Capela do Santíssimo Sacramento.
5. Parque da Cidade
“…quase um segundo Jardim”. Era assim que em 1853 Porfírio da Silva designava a Quinta do Paço Episcopal, tal era a beleza e organização das suas Hortas Ajardinadas. Foi este espaço que, a partir de 1912, juntamente com o adjacente Bosque do Paço – Mata dos Loureiros -, veio a ser aberto ao público e que, em 1934, na sequência de uma profunda transformação deu origem ao Parque da Cidade. Mais recentemente, no âmbito da intervenção do Programa Polis, o Jardim do Paço foi requalificado com o objectivo de reordenar o espaço em conformidade com as expectativas e novas funções que as áreas verdes e de lazer devem assegurar, à luz da vida urbana e das solicitações dos frequentadores.

O projecto concretizado contemplou a preservação dos elementos relevantes, nomeadamente a pérgola, um maciço de cedros a Sul, a Mata dos Loureiros a Nascente, os elementos de água mais estruturantes, a Porta de Roma e o gradeamento e portão de entrada. A presença da água, real ou aparente (de que a caleira desenhada no pavimento desde a entrada até à fonte da Mata dos Loureiros é o melhor exemplo) é memória constante de tempos passados, elemento de ligação entre o Jardim do Paço, o Parque da Cidade e a Mata dos Loureiros.
6. Solar dos Viscondes de Oleiros
Na actual Praça do Município, há um antigo Solar que foi propriedade da família Fonseca Albuquerque Mesquita e Castro à qual pertenceram os Viscondes de Oleiros. O edifício foi comprado pela Câmara Municipal, ao Dr. Francisco Rebelo de Albuquerque, por escritura celebrada em 18 de Outubro de 1935, e logo a 5 de Dezembro decorreu ali a primeira reunião do Executivo municipal.

A frontaria, ao gosto italiano do século XVII, apresenta uma escadaria exterior de dois lanços e janelas de vergas rectas com cimalhetas. A traça da porta principal foi influenciada pelo despertar do estilo Barroco. A fachada posterior é embelezada por um peristilo com colunas de granito e paredes revestidas de azulejos artísticos.
7. Solar dos Cavaleiros
De fachada Barroca, o designado Solar dos Cavaleiros começou por ser o Recolhimento da Santa Maria Madalena, uma casa destinada a abrigar mulheres sós e com atribuladas estórias de vida. Localizado na então chamada Rua do Cavaleiro, a partir do séc. XIX é convertido no Asilo Distrital da Infância Desvalida. Depois de várias alterações que comprometeram a arquitectura original do edifício, entre as quais a demolição integral da Capela, um grupo de cidadãos organizou-se, evitou a demolição integral do Solar e acabou por conseguir a recuperação do espaço ainda existente, no qual se destaca a entrada e a Roda.

Actualmente o Solar dos Cavaleiros acolhe o Museu Cargaleiro. Em 1768, o Marquês de Pombal institui esta modalidade – a RODA – com o objectivo de diminuir os infanticídios, ficando adstritas a hospitais ou albergarias de cada cidade. Num mecanismo cilíndrico, composto por duas partes, uma côncava e outra convexa, que giravam sobre si mesmas, eram depositadas as crianças cujos pais não podiam ou não queriam com elas ficar.
8. Convento da Graça
A Norte de Castelo Branco, junto ao Museu Francisco Tavares Proença Júnior, o Convento da Graça foi pertença, até 1526, da Ordem de S. Francisco, passando depois para a de St° Agostinho. Posteriormente, foi ali instalada a Santa Casa da Misericórdia. A Igreja do Convento da Graça foi construída no séc. XVI, restando da sua antiga traça a porta da entrada, ornamentada em Estilo Manuelino. No séc. XVII-XVIII fez-se a reconstrução do Convento e o alargamento da Igreja. É desse tempo o coro da Igreja e o portal Barroco, sendo que tanto a Igreja como Claustro merecem uma visita.

No Convento da Graça encontrava-se a sepultura de Simão da Costa, o pai de Bartolomeu da Costa. O actual edifício foi construído ao lado do conventinho (o conventinho ficou a ser a Igreja do convento) e é um exemplo da Arquitectura Chã, tão característica do final do séc XVI, do qual ressalta a estrutura clara e robusta do claustro. Por trás do altar-mor da Igreja da Graça encontra-se a Capela (carneiro) dos Fonsecas, construída por Diogo da Fonseca (um de quatro irmãos ilustres de Castelo Branco) para servir de mausoléu à sua família.
9. Palácio dos Viscondes de Portalegre
Também na Praça do Município, num plano relativamente elevado em relação ao edifício da Câmara Municipal, ergue-se, desde 1743, o Solar dos Viscondes de Portalegre (antiga propriedade da família Coutinho Refoios, hoje propriedade do Município). É um edifício de marcas acentuadamente Renascentistas. A sua fachada apresenta uma disposição simétrica no que concerne aos elementos arquitectónicos.

Neste conjunto destacam-se as janelas de sacada, pela harmonia e beleza visual. Nas traseiras existe um jardim com canteiros delimitados a buxo e amoreiras de grande porte. É desde finais do século XIX sede do Governo Civil do Distrito e ainda guarda no interior um quadro a óleo dos proprietários. Os visitantes podem entrar no palácio e ali vão descobrir a harmonia e beleza natural deste espaço, bem como uma sala de música que é excepcional.
10. Museu Cargaleiro
O Museu Cargaleiro é um equipamento cultural municipal, tutelado pela Câmara Municipal de Castelo Branco, cujo objectivo central é a divulgação, estudo e conservação das peças que integram o acervo da Colecção de Arte da Fundação Manuel Cargaleiro. Um objectivo que se traduz na promoção e organização de exposições de carácter temporário ou temporário de longa duração.

Constituído por dois edifícios contíguos – o Solar dos Cavaleiros, um palacete construído no séc.XVIII, e um edifício contemporâneo – o Museu Cargaleiro situa-se no coração da Zona Histórica da cidade, nas imediações da Praça de Camões, popularmente conhecida como Praça Velha. O Museu Cargaleiro complementa a sua oferta com um conjunto de serviços, com destaque para o Serviço Educativo, Biblioteca de Arte/Centro Documental e Loja, para além de um pequeno anfiteatro ao ar livre, com condições para acolher as mais diversas actividades e espectáculos, como acontece frequentemente, sobretudo na época estival.
11. Centro de Interpretação do Bordado
O Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco é um equipamento projectado para promover a revalorização, recuperação, inovação e relançamento do ex-libris da cidade, classificado como peça artesanal, mas que, na realidade, se assume como uma forma de expressão artística ímpar. O Centro de Interpretação implicou a recuperação de um edifício iconográfico de Castelo Branco, o Domus Municipalis, antiga Casa da Vila, antiga Cadeia e, mais recentemente, Biblioteca Municipal, situado na praça que delimita a Zona Histórica, de traça medieval, e a cidade nova. De beleza reconhecida e exemplo de originalidade no âmbito de manufactura nacional, o Bordado de Castelo Branco apresenta dois factores dominantes: um, de origem artística; outro, de significação económica. O primeiro manifesta a existência de uma arte própria, com estilo de feição peculiar, o segundo admite a concentração desta indústria de bordado na zona do Distrito de Castelo Branco.

No Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco funciona a Oficina-Escola de Bordado de Castelo Branco, que reúne algumas das mais aptas bordadoras, artífices das peças de genuíno Bordado de Castelo Branco, actualmente na fase final de Certificação, que poderá ser adquirido neste local. O Centro de Interpretação oferece ao visitante um espaço que reúne antigos artefactos e os mais recentes suportes digitais/tecnológicos, num percurso que leva o visitante pelas origens do Bordado de Castelo Branco, desde a sementeira do linho à tecelagem, passando pela criação do bicho da seda e extracção da matéria prima, evolução do Bordado e da técnica (pontos), bem como o enquadramento histórico e a simbologia.
12. Ermida de Nossa Senhora de Mércoles
A Ermida de Nossa Senhora de Mércoles está situada nos arredores da cidade de Castelo Branco. Não se conhece com exactidão quem a construiu, mas a tradição atribuiu a sua edificação aos freires da Ordem do Templo.

O portal da entrada e dois portais laterais são ogivais. No interior existem belíssimos azulejos – possivelmente hispano-árabes – e vestígios de frescos. É constituída por uma só nave e uma capela absidal. Foi alvo de obras de relevo nos séculos XVII, XVIII e XIX. A visita à Ermida de Nossa Senhora de Mércoles, Padroeira da Cidade, é possível mas carece de agendamento prévio com os guardas do recinto.
13. Capela Nossa Senhora da Piedade
De planta longitudinal, a capela apresenta uma fachada de dois registos. O primeiro registo possui um portal de arco em volta perfeita ladeado por um vão entaipado de moldura recta e encimado por uma moldura que enquadra cinco vieiras em relevo. No segundo registo foi rasgada uma janela de moldura recta.

O seu interior é formado por uma só nave, com as paredes revestidas por painéis de azulejos historiados, representando a Adoração dos Reis Magos, a Última Ceia e os Mistérios da Virgem, e finalmente as imagens dos Apóstolos de São Francisco e Santo António.
14. Portados quinhentistas
Castelo Branco tem uma Zona Histórica repleta de belos Portados Quinhentistas e uma malha urbana que pouco se alterou. O estudo das casas que ostentam estes Portados Quinhentistas revela tratar-se de uma arquitectura de parcos recursos que, em muitos casos, faz uso de uma decoração que se pode informalmente designar de “Manuelino pobre” ou “Manuelino popular”.

O seu carácter repetitivo permite à casa corrente contribuir para a definição da imagem da cidade, ocupando a quase totalidade do espaço urbano edificado na Zona Histórica. Para além disso, a casa corrente medieval é um excelente testemunho das necessidades e actividades sociais e profissionais do homem de então. É nos lintéis dos portados e janelas que surgem pormenores decorativos com motivos em alto e baixo-relevo, registos da época e indicadores do ofício ou do desafogo económico e estatuto social do habitante.
15. Museu Francisco Tavares Proença Júnior
O Museu Francisco Tavares Proença Júnior foi criado em 1910 pelo arqueólogo de quem recebeu o nome e assume como missão “o estudo e a investigação, a recolha, a documentação, a conservação, a interpretação, a exposição e a divulgação do património cultural que integra o seu acervo, com especial relevo para as colecções de Arqueologia e de Têxteis, entendidas enquanto referentes identitários, fontes de investigação científica e de fruição estética”. A sua missão é também a divulgação do património local e regional não representado no acervo do Museu e considerado expressivo da identidade das comunidades da região de influência do Museu.

A Arqueologia, matriz fundadora do Museu, ganha agora uma maior relevância, ocupando todo o R/C do edifício, através da elaboração de um programa coerente de exposições temporárias, promovendo-se ao mesmo tempo o estudo, a conservação e a divulgação do espólio existente nas reservas. Para além da Arqueologia, nas exposições temporárias privilegiar-se-á, também, a arte têxtil, a arte sacra, a etnografia, o mobiliário e outras áreas relacionadas com a cultura regional. Sublinhe-se que um dos núcleos principais do Museu é o da Arte Têxtil, em que predominam as colchas de Castelo Branco.
Concordo plenamente com a descrição deste e-mail. Conheço estes locais e sinto-me muito feliz quando os revejo. Aconselho a visitar esta aprazível cidade e não perder o jardim do Paço Episcopal.