Visitar o Montijo é conhecer a sua história, o seu património, a sua identidade, as suas tradições. Conhecer o Montijo é conhecer uma terra secular, com raízes profundas e memórias longínquas. Um concelho que evoluiu de Aldeia Galega do Ribatejo a Vila do Montijo e que este ano comemora 33 anos de Cidade.
Visitar o Montijo é conhecer um concelho que, em várias ocasiões da sua história, foi uma ponte entre diferentes territórios e a Ponte Vasco da Gama voltou a colocá-lo numa localização privilegiada.
Atravessar a Ponte Vasco da Gama e chegar ao Montijo, é conhecer uma terra dinâmica, moderna, empreendedora e solidária, plena de atractividade e local escolhido por antigos e novos montijenses. Estes são os melhores locais para visitar no Montijo.
1. Moinho de Maré do Montijo
Ainda que a primeira referência documentada do Moinho do Cais de Aldeia Galega/Montijo seja de 1646, a existência de uma cruz da Ordem de Santiago, hoje visível no lintel da porta de entrada, atesta a sua existência anterior. Até finais do séc. XIX o Moinho do Cais manteve-se na posse da mesma família, sucedendo-se outros proprietários durante o séc. XX. Tornou-se propriedade municipal em 1995, tendo a Autarquia assumido a preservação deste ícone da História Local que sintetiza uma relação intensa, de vários séculos, entre a actividade agrícola e o rio.

É ao fluxo e refluxo das águas do Rio Tejo que o moinho vai buscar a sua fonte de energia. Associados a este recurso natural, existem, como é visível no moinho do Cais, o edifício e a caldeira; no primeiro estão localizados os engenhos, na segunda é armazenada a água necessária para activar o mecanismo de moagem. Novas tecnologias vieram substituir progressivamente o processo tradicional de transformação dos cereais, tendo originado o gradual abandono do moinho. No início dos anos 80, o imóvel encontrava-se em elevado estado de degradação.
2. Museu Municipal do Montijo
Construída na segunda metade do século XIX para residência particular de Domingos Tavares e de Margarida Inácia dos Anjos, grandes proprietários rurais do Concelho de Aldeia Galega, a casa foi concluída por volta de 1875. De gosto eclético, seguindo a moda oitocentista, apresenta uma fachada requintada, no desenho das molduras dos vãos, da guarda de ferro do piso nobre ou dos modilhões que sustentam a varanda, e nos materiais utilizados, não faltando, no telhado, um curioso lanternim decorado com vidros coloridos e duas platibandas constituídas por elementos cerâmicos, a da fachada da frente pontuada por quatro estatuetas hoje desaparecidas.

O interior da casa recebeu igual cuidado no refinamento das artes decorativas, destacando-se magníficos estuques, frescos e escaiolas. Adquirida na década de 80 do século XX pela Autarquia, com vista a albergar a Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva, a Casa Mora tornou-se, em 1993, sede do Museu Municipal. O edifício é popularmente conhecido por Casa Mora em razão do casamento da filha dos proprietários, Maria Antónia Tavares, com o médico Manuel Justiniano Mora.
3. Igreja Matriz do Montijo
Construção do início do século XV, com posteriores reconstruções. Originalmente de nave única e linhas sóbrias onde se destacava um campanário possuía um alpendre construído sob pilares com peitoril de pedra que a circundava entre a porta principal e o alçado lateral sul. Entre 1528 e 1534 sofreu obras de remodelação, sendo dessa altura a construção da abóbada da capela-mor em alvenaria de características manuelinas, cujas chaves de pedraria ostentam ao centro, um vaso florido e nos bocetes secundários motivos vegetalistas. No século XVII foi profundamente remodelada sendo desta altura a edificação da segunda torre, a abertura das portas laterais, a construção do guarda-vento bem como da arcaria interna que a divide em três naves de abóbada de berço separadas por arcos de volta perfeita e quatro colunas toscanas. Nesta altura foi azulejada com um revestimento do tipo tapete de que chegou aos nossos dias somente o conjunto existente na abóbada do guarda-vento que possui ao centro um registo com a imagem de Nossa Senhora do Rosário.

Nova campanha de obras desta vez no século XVIII, revestiu-a de um belo conjunto azulejar que se desdobra em duas grandes temáticas iconográficas – a vida da Virgem, a intervenção do Espírito Santo e as prefigurações eucarísticas. Exteriormente a igreja tem a fachada principal demarcada por duas torres sineiras, com cunhais de cantaria, rematadas por coruchéus de abóbadas facetadas com fogaréus nos acrotérios. O portal principal apresenta-se com uma estrutura quadrangular ladeado por duas colunas coríntias sendo sobrepujado por um frontão triangular com três pináculos piramidais sem qualquer decoração, anuncia um janelão gradeado que ilumina o coro, tendo por cima uma lápide epigrafada com a legenda Concelho 1604. O portal lateral sul diferencia-se do principal por apresentar uma decoração jónica nas impostas do arco e nas colunas que o ladeiam. Todo o conjunto é rematado por um frontão decorado axialmente por relevos: a pomba do Espírito Santo envolta num medalhão circular ladeada por dois querubins, símbolos da perfeição espiritual.
4. Museu Agrícola da Atalaia
Desde 1997 que a Quinta Nova da Atalaia constitui um importante núcleo museológico do concelho do Montijo, dedicado à temática agrícola. O conjunto edificado e o pomar, que constituem a Quinta musealizada, localizam-se no perímetro urbano da Atalaia, junto à escadaria do Santuário. Espaço pedagógico por excelência, o Museu Agrícola da Atalaia é um testemunho do passado agrícola e da prática de técnicas e saberes tradicionais aplicados sobretudo ao azeite e vinho, que contribui para promover, conservar e divulgar os bens culturais relacionados com a vida rural que marcam a história social e económica do concelho do Montijo. Vestígios da construção primitiva fazem remontar a origem desta propriedade agrícola ao século XVIII.

Contudo é de 1874 o primeiro documento conhecido que descreve a Quinta Nova da Atalaia, era então constituída por: casas de habitação, que corresponde hoje à casa principal, edifício ampliado no século passado; adega; casa para caseiro; casa da malta, (expressão comum na época para designar os trabalhadores rurais); abegoarias para instalar o gado; palheiros; celeiros; cavalariça; dependências para lavoura; dois poços; pomar; olival; vinha; terras de semeadura e pinhal. A Quinta conheceu diversos proprietários, pertencendo à família Santos Fernandes no século XX, responsável maior pelo desenvolvimento da produção agrícola local, aplicando a tecnologia mais avançada do seu tempo. O Museu Agrícola da Atalaia aberto ao público em 1997, foi requalificado em 2009 dentro do conceito da exposição temática e da musealização de sítio, para preservar a história e a memória de uma casa agrícola onde no passado se produzia sobretudo azeite, vinho e fruta.
5. Museu do Pescador
O Museu do Pescador alberga o espólio da Sociedade Cooperativa União Piscatória Aldegalense (SCUPA). Desde 1988, que o Museu do Pescador existia na sede da SCUPA. As novas instalações na antiga Escola Conde Ferreira foram inauguradas em Junho de 2014.

O Museu do Pescador acolhe cerca de 80 peças e está dividido em quatro núcleos dedicados à SCUPA, à faina, às actividades complementares e aos pescadores e sua religiosidade. O Museu do Pescador pretende ser um espaço onde a comunidade piscatória do Montijo se reveja, afirmando-se como um símbolo da sua identidade, da sua cultura e dos seus costumes.
6. Ermida de São Sebastião
Construção do século XIV, com posteriores reconstruções. Tradicionalmente referenciada como a mais antiga da Cidade, foi desde a sua edificação propriedade do Concelho tendo a sua manutenção sido sempre da responsabilidade do Município. Foi sede de paróquia até à construção da actual Igreja Matriz, e ao longo da sua existência sofreu profundas remodelações arquitectónicas.

Provavelmente, durante o século XVI, sofreu obras de remodelação, cujo único vestígio que chegou aos nossos dias é o arco triunfal, formado por colunas torsas ornamentadas com florões e cordames. Edifício desde sempre marcado por uma forte austeridade conforme se pode constatar pelas descrições existentes, foi no século XVII intervencionado tendo adquirido a estrutura sóbria e despojada que caracteriza a arquitectura maneirista chã. Em termos exteriores a fachada é rematada por empena angular em cornija, encimada por um óculo quadrilobado, exibindo ao centro um portal de moldura recta, flanqueado por duas pequenas janelas gradeadas.
7. Galeria Municipal
A Galeria Municipal tem como missão a promoção do desenvolvimento e o crescimento sociocultural através da difusão, de forma crítica e qualitativa, das artes plásticas como a pintura, fotografia, escultura, colagens, moldagem e outras formas de expressão artística, devendo ter como objectivo ser uma referência nas galerias de arte, ser reconhecida pela população, pelo poder público e pelos artistas como um centro de excelência em Arte.

Ampliar o acesso das camadas mais extensas da população à cultura é um desafio, em particular no que concerne à população local, por isso é essencial a aposta no potencial artístico do concelho e da região, promovendo exposições com artistas locais, contribuindo assim para o fortalecimento da identidade cultural concelhia. Não sendo menos importante a promoção de exposições com artistas nacionais ou estrangeiros, já que a diversidade cultural é também um elemento de formação e engrandecimento da sociedade. Uma sociedade que valoriza a cultura é sem dúvida, mais justa e mais igualitária. A arte capacita o Homem para compreender a realidade, mostra que o mundo é passível de ser mudado, sendo por isso, um contributo para a sua transformação.
8. Igreja da Misericórdia
Construção do século XVI, com posteriores reconstruções. De estrutura chã muito simples e obedecendo a um plano construtivo bastante modesto, a sua edificação foi autorizada por carta régia de D. Sebastião, em 1571. A igreja apresenta uma fachada com telhado de duas águas onde se destaca o portal principal de gosto maneirista rematado por um frontão triangular, sobre o qual se abre o janelão gradeado do coro. Coroando todo este conjunto encontra-se um pequeno registo de azulejos polícromos de padronagem tipicamente seiscentista representando uma cena religiosa figurando a Eucaristia (uma custódia sustentada por anjos entre nuvens).

Durante as obras de restauro ocorridas no último quartel do século XX foi descoberto no interior do nicho da tribuna do altar-mor um dos antigos painéis do retábulo maneirista figurando a Visitação da autoria de Tomás Luís. A imagem que hoje em dia se encontra no nicho do altar-mor representando Cristo crucificado foi alvo de grande devoção a partir de 1 de Novembro de 1755, uma vez que estando a localidade invadida pelas águas do Tejo em consequência do maremoto que o terramoto causou, a população saiu em procissão com a mesma e a cheia começou a diminuir voltando o rio ao seu leito natural. No pavimento da capela-mor encontra-se ao centro do supedâneo do altar a sepultura quinhentista do primeiro provedor da Santa Casa, Nuno Alvares Pereira.
9. Quinta do Saldanha
Conjunto edificado no século XVI, com posteriores reconstruções. Instituído no século XVI por Duarte da Gama o morgadio enquadrava-se na tipologia das construções daquela altura dedicadas à exploração agrícola e existentes nos arredores de Lisboa. Originalmente a propriedade era constituída por diversas construções destinadas ao uso agrícola, pela casa principal de dois pisos, um oratório onde se dizia missa, jardins com flores, horta, vinhas e pomar, salinas e um moinho de maré de quatro mós. Do conjunto destacava-se o portão principal sobre o qual se encontravam as armas do seu instituidor, ou seja Duarte da Gama que hoje em dia ainda se pode observar. O brasão em pedra lioz colocado “au balon” envolto numa cartela com motivos vegetalistas ostenta um perfeito, belíssimo e correcto ordenamento dentro das boas regras da Heráldica.

Com o terramoto de 1755 todo o conjunto se arruinou tendo sido alvo de uma profunda reconstrução, dando ao solar e à ermida as características que podemos observar nos nossos dias. A ermida, de nave única revela uma preocupação estética que não se encontra na casa. Embora a sua anterior invocação fosse Nossa Senhora das Dores conforme se pode constatar pelo medalhão existente sobre o portal principal, a actual invocação reflecte a enorme devoção popular à imagem do Salvador Crucificado sob a denominação do Senhor Jesus dos Aflitos. A quinta é popularmente conhecida por Quinta do Saldanha devido ao facto de a propriedade ter pertencido à família Saldanha da Gama, resultante da união entre as duas famílias por casamento.
10. Moinho de vento do Esteval
Construção do século XIX. Construído no início do século XIX, mais precisamente em 1826 conforme se pode constatar pela data no interior do mesmo estava integrado numa vasta propriedade agrícola denominada Quinta do Moinho Velho. Deixou de funcionar no princípio do século XX após 75 anos de laboração, tendo sido restaurado pela Autarquia no ano 2000 com vista a torná-lo num espaço museológico.

Construção robusta constituída interiormente por três pisos, sendo o térreo para guardar o cereal para moer, o intermédio onde se aloja parte do engenho sendo utilizado também como habitação do moleiro e o último onde se encontra um par de mós bem como o mecanismo necessário ao bom funcionamento do mesmo. Sob a porta de entrada voltada ao nascente podemos observar um pequeno registo de azulejos dedicado a Nossa Senhora de Atalaia, curiosamente direccionado para o Santuário da mesma invocação que tem grandes tradições religiosas nesta zona.
11. Igreja de Nossa Senhora da Atalaia
Construção do século XIV com posteriores remodelações. Do edifício original nada resta hoje em dia, contudo desde pelo menos 1409 que a Nossa Senhora de Atalaia é objecto de veneração. A igreja ostenta uma fachada sóbria onde se destaca o janelão do coro encimando a galilé de três arcos com gradeamento de ferro entre eles. No telhado ladeando o frontão pode-se observar dois fogaréus. O templo, de uma só nave e tecto em abóbada possui coro, e um púlpito em mármore da Arrábida onde sob a verga da porta de acesso ao mesmo se pode ler a inscrição Palmela. O interior apresenta as paredes da nave revestidas de diversos painéis de azulejos azuis e brancos do século XVIII figurando cenas da vida de Nossa Senhora. Na capela-mor destaca-se um magnífico retábulo de estilo joanino em madeira exótica datável do século XVIII. Sob o nicho do retábulo do altar-mor onde se encontra a imagem de Nossa Senhora podemos observar um grandioso conjunto escultórico em talha dourada típico da magnificência joanina.

No conjunto podemos descortinar dois anjos suportando as armas nacionais do tempo de D. João V cuja coroa se encontra partida bem como um medalhão onde se pode ver o monograma AM encimado por uma coroa, segundo a iconografia mariana. De acordo com a tradição a actual sacristia corresponde à antiga ermida. A igreja situa-se num local elevado donde se obtém uma bela panorâmica de toda a região circundante e do estuário do Tejo até Lisboa. Defronte da mesma estende-se um grande adro seguido de uma ampla escadaria ladeada por casas de pequena escala. O culto a Nossa Senhora de Atalaia é um dos mais importantes da Península de Setúbal, tendo o seu ponto alto no último domingo de Agosto onde se realizam as festas em honra da Padroeira, outrora denominadas de Festa Grande.
12. Ermida de Santo António
Conjunto edificado no século XVI, com posteriores reconstruções. Da construção original da casa hoje em dia poucos vestígios existem, uma vez que ela se enquadra presentemente no chamado estilo da casa portuguesa resultante do projecto reconstrutivo da autoria do arquitecto Pardal Monteiro datado de 1919 mas só levada à prática na década de quarenta do século XX pelo seu último proprietário o Comandante Santos Fernandes. O edifício principal apresenta-se-nos assim actualmente com um telhado com beirais e mansardas, janelas com rótulas e a nível decorativo diversas aplicações de azulejos, tendo na fachada do torreão um registo figurando Santo António. Sofreu danos com o terramoto de 1755 e por essa razão em 1767 é referido como um casarão caído no registo do “Livro do Lançamento da Décima dos Prédios Urbanos”, na segunda metade do século XIX albergou a estação da Mala Posta do Alentejo.

A nível decorativo encontra-se revestida interiormente por azulejos com molduras de concheados polícromos onde se observam cenas da vida de Santo António pintadas a azul e branco, sendo cada painel intercalado por um conjunto rectangular de azulejos em tons de verde com moldura rectilínea, presentemente em mau estado de conservação. Todo o conjunto azulejar de gosto rococó insere-se já numa fase pombalina permitindo-nos datá-los da segunda metade do século XVIII, ou seja da reconstrução pós terramoto. Com a intervenção do arquitecto Pardal Monteiro a ermida foi remodelada tendo sido construído interiormente o coro, na fachada a rosácea com vitral dedicado ao orago bem como o campanário, e a galilé. Na fachada lateral podemos observar três janelas com vitrais representando Santo António, São João, São Pedro e na parede da capela-mor uma janela mais pequena um vitral com símbolos eucarísticos.