Há muito tempo que o Barreiro deixou de ser apenas uma localidade industrial na margem sul do Tejo. A oferta turística no Barreiro divide-se entre pontos de interesse histórico, equipamentos culturais e desportivos. Há ainda um conjunto de serviços que permitem usufruir dos recursos naturais que o concelho tem para oferecer.
Sem esquecer o passado industrial que proporcionou ao Barreiro um forte desenvolvimento económico e social, o Concelho continua a afirmar-se dentro da Área Metropolitana de Lisboa enquanto pólo de atracção de serviços e populações. Para esse facto muito contribui a sua localização privilegiada, na margem sul do estuário do Tejo.
O Concelho possui uma extensa frente ribeirinha com potencialidades para o incremento da economia local e desenvolvimento de actividades económicas na vertente turística e de lazer, numa óptica de um turismo de qualidade. Estes são os melhores locais para visitar no Barreiro.
1. Centro Histórico do Barreiro
O traçado e a morfologia irregulares do velho casco urbano que deixa adivinhar raízes Medievais, implantou-se numa pequena elevação sobranceira ao rio que permite um olhar único sobre o Tejo e Lisboa. O núcleo habitacional de traçado antigo, apresenta características arquitectónicas muito modestas, mas típicas da arquitectura vernacular, ainda visíveis em telhados de duplo beiral ou telhados múltiplos de quatro águas, comuns nos sécs. XVI e XVII, nas sacadas de ferro forjado e nas janelas de sistema de guilhotina, nos nossos dias bem raras.

Ainda se podem ver muitas casas revestidas a azulejo dos séculos XIX e XX. Como locais típicos destacam-se a Praça de Santa Cruz, antigo centro cívico do Barreiro, o Largo Rompana, ex-libris da zona velha, o Pátio dos Bichos ou a Travessa do Loureiro que se articula com a “zona Pombalina”. O Centro antigo da Cidade que se divide em duas áreas distintas – Tardo-Medieval e Pombalina.
2. Convento Madre de Deus da Verderena
A construção do Mosteiro da Verderena, o décimo sétimo da Província de Santa Maria da Arrábida, teve o seu início formal a 18 de Dezembro de 1591, dia consagrado pela Igreja Católica à expectação do parto de Nossa Senhora e daí a designação do orago: Nossa Senhora da Madre de Deus. O edifício só ficaria concluído 18 anos depois, em 1609. A fundadora do Convento, Dona Francisca de Azambuja, descendia de uma das mais ilustres famílias barreirenses, cujas referências datam de finais do século XV. Com a morte de seu marido, Álvaro Mendes de Vasconcelos, na batalha de Alcácer Quibir, Dona Francisca que não voltou a casar nem teve descendentes, dedicou parte importante da sua vida e fortuna pessoal, a uma obra com a qual deixaria o seu nome ligado à história do Barreiro: o Convento da Verderena.

A tipologia deste Convento inseria-se perfeitamente no contexto das edificações dos Franciscanos Arrábidos, cujo rigor imposto pelos Estatutos da Província, enunciavam com precisão e minúcia, todas as características arquitectónicas que as mesmas deveriam possuir, que privilegiavam as fórmulas de simplicidade e austeridade, procurando conciliá-las com soluções utilitárias e económicas. Ao longo dos séculos, o edifício sofreu profundas alterações que lhe modificaram, sensivelmente, a fisionomia. Do convento concluído nos primeiros anos do Século XVII, poucos são os elementos presentes, para além do pórtico da fachada Sul; entrada principal do estabelecimento; algumas cantarias (porta de acesso ao coro alto e outra para o exterior da cela), e um conjunto bastante variado de fragmentos azulejísticos, bem representativos deste período.
3. Alburrica
A zona da Ponta do Mexilhoeiro e de Alburrica constituem um conjunto patrimonial de interesse bastante relevante para a História do Barreiro, com uma ocupação que remonta ao epipaleolitico e que ao longo dos tempos espelha a diversidade da actividade proto-industrial do Concelho. No entanto a erosão induzida pelo moderno tráfego fluvial está a pôr em risco um legado que a continuar assim não chegará ás gerações futuras. Na Idade Média a zona terá sido aproveitada para o estabelecimento de salinas e disso temos o testemunho através de documentação sobre a reconversão destas em caldeiras para o estabelecimento de moinhos de maré, num total de 4, sendo o primeiro o Moinho do Cabo de Pêro Moço, mais tarde denominado do Cabo da Lenha ou tão somente do Cabo, o qual é anterior a 1534, edificado de origem com 4 casais de mós, tendo-lhe sido posteriormente duplicada a capacidade moageira para 8 casais de mós.

Anteriores a 1652 estabelecem-se os Moinhos de Maré Grande e Pequeno. O Moinho Grande, como hoje é conhecido, dotado de sete casais de mós termina a sua actividade exclusivamente moageira cerca de 1892 quando aí passa a laborar a Companhia da Fábrica da Serração, de Orey Antunes & Cª., o que lhe valeu ser apelidado de Moinho da Serração. Nos anos 20 do século passado a firma Henry Burnay & Cª., com sede em Lisboa, instala uma fábrica de moer e de misturar diversos produtos de origem animal e vegetal e o imóvel passa a ser conhecido como Moinho do Burnay. O Moinho Pequeno, assim chamado por ter apenas 3 casais de mós, laborou até ao primeiro quartel do século XX, passando posteriormente a ter utilização de armazém de produtos que ao Barreiro chegavam do Ribatejo através das fragatas.
4. Palácio do Rei do Lixo
O Palácio do Rei do Lixo, também conhecido como a Torre de Coina, ou Palácio da Bruxa, está situado na freguesia da Coina, Barreiro, sendo bem visível da estrada nacional n.º 10. Trata-se de um local misterioso e repleto de lendas urbanas que se perpetuaram no tempo sem que, nos dias de hoje, se saiba ao certo de são verdade ou mentira. O certo é que esta imponente torre salta facilmente à vista e desperta a curiosidade e o imaginário de quem com ela se depara. A quinta onde se encontra o palácio foi propriedade rural, no século XVIII, de D. Joaquim de Pina Manique, irmão do intendente de D. Maria I, Diogo Inácio Pina Manique.

A propriedade foi depois adquirida, no século XIX, por Manuel Martins Gomes Júnior, comerciante de Santo António da Charneca, que em 1910 mandou construir o palácio, diz-se, para que “conseguisse avistar a propriedade que possuía em Alcácer do Sal”. Manuel Martins Gomes Júnior era conhecido como o “Rei do Lixo”, devido ao exclusivo que tinha para a recolha dos detritos da cidade de Lisboa, e tendo feito fortuna a comprar e vender lixo. Profundamente ateu, Manuel Gomes Júnior transformou a ermida da propriedade em armazém e estábulo e baptizou a herdade de “Quinta do Inferno”. Posteriormente, e através de António Zanolete Ramada Curto, genro do “Rei do Lixo”, a propriedade tornou-se numa importante casa agrícola.
5. Mata Nacional da Machada
Designa-se hoje Mata Nacional da Machada, a propriedade constituída pelo antigo Pinhal de Vale de Zebro e pela Quinta da Machada. A Quinta da Machada pertencia ao “Convento de Nossa Senhora da Luz da Ordem de Cristo”, porém quando foram extintas as Ordens Religiosas em 1834 foi adquirida por um particular, sendo mais tarde aforada ao Estado que a anexou ao Pinhal de Vale de Zebro.

Encontra-se situada no centro da Península de Setúbal, entre as povoações de Coina, Palhais e Santo António da Charneca. Sujeita a Regime Florestal esta Mata encontra-se hoje, sob a gestão da Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste e ocupa uma área com cerca de 385,7 hectares. Sendo a única área florestal de razoável dimensão do Concelho, a Mata é considerada o “Pulmão da Cidade” e um local privilegiado para actividades de recreio e lazer, dispõe de um parque de merendas e diversos fontanários, para além de um Centro de Educação Ambiental e de uma rede de estradas e caminhos frequentemente utilizados para práticas desportivas, permitindo à população uma melhor qualidade de vida.
6. Casa Museu Alfredo da Silva
Habitação onde perpassa a memória do fundador da CUF, foi enriquecida nos anos 90, já sob a égide da QUIMIPARQUE, mercê da transferência do espólio proveniente da Fábrica Sol, em Alcântara, Lisboa. O edifício começou por funcionar, em 1907, como escritório central da CUF, sendo o 1º andar utilizado por Alfredo da Silva quando se deslocava ao Barreiro.

Nos anos 60, o escritório foi convertido em sala de recepção, albergando, em 1965, a maqueta do complexo industrial do Barreiro apresentada na FIL – Feira Internacional de Lisboa como peça central da exposição comemorativa do centenário da CUF (1965). O 1º andar foi então objecto de remodelação e restauro.
7. Espaço Memória
As Reservas Museológicas Visitáveis, constituem um espaço de História e Memória aberto ao público desde 18 de Maio de 2001, reunindo em si mesmas um valioso conjunto de património móvel, desempenhando provisoriamente as atribuições do futuro Museu Municipal. Têm como áreas de trabalho a Investigação Histórica, a realização de Exposições temáticas, o Inventário do Património Móvel propriedade da autarquia, a sua Conservação e Restauro. Estão orientadas em torno de uma exposição de carácter permanente, colocada no piso inferior, elaborada de acordo com a cronologia e onde se abordam os aspectos mais importantes do passado e da identidade barreirense, onde o fio da História se desenrola desde o sitio Neolítico da Ponta da Passadeira até aos tempos da CUF.

Dos conteúdos da exposição permanente, desenvolvem-se periodicamente exposições temporárias, as quais permitem dar a conhecer de forma mais aprofundada todos os aspectos envolventes de cada um dos tópicos. Ainda no piso inferior há oportunidade para ver acervos legados por gente da terra. Outras Exposições temporárias também têm aqui lugar, abordando eventos que marcaram o passado barreirense ou nacional, ou actividades que há muito deixaram de existir mas que já fizeram parte do dia a dia. No piso superior encontram-se o laboratório de conservação e restauro, e as reservas propriamente ditas onde se guardam todos os artefactos e restante espólio que não se encontra patente ao público.
8. Museu Industrial da Baía do Tejo
Fruto da actividade da antiga Companhia União Fabril (CUF), o património histórico-museológico situa-se no que é hoje o Parque Empresarial do Barreiro. O Museu foi criado pela QUIMIPARQUE com a intenção de deixar para as gerações futuras o legado histórico do que foi um dos mais importantes complexos químico-industriais da Europa em meados do século XX.

Reúne um espólio constituído por equipamentos industriais de índole diversa e um acervo documental e iconográfico considerável, representativo de áreas como a química, a têxtil, a metalomecânica, a produção de energia, a segurança e higiene industrial, os serviços sociais, etc. O Museu Industrial encontra-se instalado na antiga Central Diesel, edifício de dimensões e características arquitectónicas adequadas ao fim em vista, datado de 1935 e cuja recuperação teve início em 1999.
9. Parque da Cidade
Em 1927, propriedade dos Condes de Castelo Melhor, a Quinta da Maceda é vendida, para nos seus terrenos ser instalada uma corticeira – a antiga fábrica de cortiça Granadeiro, uma das maiores e mais bem equipadas do Barreiro nos anos 30/40. Do complexo industrial composto entre outros, por armazéns para escolha, embalagem, depósito de fabrico, caldeiras de cozer cortiça e logradouros, apenas se conservaram a chaminé de tijolo refractário e o Refeitório, actual Edifício Américo Marinho, um pólo cultural do Concelho que acolhe um Centro de Artes Plásticas, um Centro de Novas Tecnologias, uma sala polivalente e o sector das Artes da C.M.B.

O espaço é comprado pelo Município em 1985 e destinado ao Parque Municipal, inaugurado em 2000. O Parque constitui um espaço privilegiado para o Lazer e prática de Desportos. Possui uma zona de merendas, 4 campos de ténis, 2 lagos ligados por uma cascata, parque infantil, relvados para desporto, pistas para skate e para bicicletas todo-o-terreno, parede de escalada, locais para a prática de jogos tradicionais e uma zona de xadrez exterior. Cafetaria com esplanada e três parques de estacionamento que dão apoio aos utentes do parque. Inaugurado em Novembro de 2003, o Auditório Municipal Augusto Cabrita é a mais recente oferta cultural do Parque da Cidade e do Concelho do Barreiro. Este espaço multifuncional inclui uma sala de espectáculos com capacidade para 500 lugares, adequado à realização de espectáculos, exposições temporárias, congressos, sessões de cinema, espectáculos teatrais, de dança musicais e outros actos de exibição, representação ou performance e ainda espaços de galeria.
10. Zona Ribeirinha
Dê um salto à popular Avenida da Praia (cujo nome oficial é Avenida Bento Gonçalves) e aproveite para ser deslumbrado com a melhor vista de Lisboa! Esta imagem só por si vale e bem a viagem de barco mas aproveite igualmente para passear (ou fazer exercício) no Passeio Augusto Cabrita, que percorre toda a marginal, e nos novos passadiços que fazem a ligação do rio Tejo com o centro da cidade.

Culmine a caminhada com um almoço num dos restaurantes da zona ribeirinha, onde para além de comer bem vai ter direito a muitas histórias sobre o rio e sobre as gentes barreirenses. Para sobremesa (ou para o lanche ou para qualquer outra altura que se lembre), não deixe de dar um salto a uma das excelentes pastelarias do Barreiro e leve consigo a famosa Bola de Manteiga.
11. Museu do Fuzileiro
Após terminarem as campanhas ultramarinas foi doada à Escola de Fuzileiros uma grande quantidade de peças por diversas personalidades não só militares mas também civis, principalmente pelos antigos fuzileiros. Foi assim aproveitada a sala do piso térreo da Escola de Fuzileiros para ser criada a Sala-Museu do Fuzileiro, que foi inaugurada em 1984.

Entre 2005 e 2006 o espaço foi remodelado e ampliado e reaberto pelas comemorações do Dia do Corpo e da Escola de Fuzileiros, em 10 Novembro de 2006. A exposição nesta Sala-Museu inclui objectos históricos, com grande simbolismo e significado, referentes ao Corpo de Fuzileiros. Estas peças mostram o passado do tempo do Terço da Armada Real até à actualidade.
12. Bairro Operário da CUF
O Bairro Operário da CUF situava-se inicialmente junto aos terrenos de uma Ermida do século XVII, cuja invocação era Santa Bárbara e por esse facto durante muitos anos assim foi denominado. Entre 1909 e 1927 ficam concluídas as moradias da Rua dos Óleos, Rua do Ácido Sulfúrico, Rua dos Superfosfatos, Rua do Dinheiro, Rua da Juta e as Travessas da Glicerina, da Oleína, da Estearina, da Pirite e do Azeite de Oliveira. Como se pode verificar existiu a preocupação de relacionar a toponímia do bairro com os produtos gerados nas fábricas. Do bairro faziam parte alguns serviços de carácter social, destinados apenas aos operários como o Lavadouro junto ao Depósito de água, os Balneários, a Despensa (Mercearia), o Armazém, a primeira Escola Primária do bairro para ambos os sexos aberta em 1927 e o Chalet do Director. Esta parte do Bairro já não existe actualmente.

A partir de 1932 a CUF adquiriu todos os terrenos envolventes ao Alto de Santa Bárbara e após a demolição da Capela, dá início ao alargamento do Bairro Operário. Foram então construídas as moradias para técnicos e outro pessoal dirigente da Companhia e mais alguns blocos para operários, perfazendo o total de 312 moradias. Esta zona que ficaria conhecida como o Bairro Novo e incluía a Rua da Companhia União Fabril, Rua Dalton, Rua Berthelot, Rua Liebig e Rua Lavoisier. Nesta fase a predominância da toponímia vai para figuras da ciência ligadas à Física e à Química. O Bairro Operário da CUF enquadra-se na tipologia de construções para operários, na primeira metade do século XX. Em banda de piso único, organizada em quarteirões, apresentando algumas variações tipológicas ao nível dos vãos das fachadas e nos quintais. As moradias do pessoal técnico apresentam-se geminadas ou isoladas, com dois pisos ou mais, e grande variação ao nível dos vãos e elementos decorativos das fachadas.