Do outro lado do Porto, atravessando o maravilhoso Rio Douro, fica Vila Nova de Gaia. Terra de contrastes, permite conhecer o rio e o mar, o seu centro histórico – espaço singular que une a tradição à modernidade – a rusticidade das suas freguesias, a hospitalidade das suas gentes, a diversidade gastronómica, a tradição artesanal, os eventos culturais de notoriedade e as suas festas e romarias que a animam.
Sejamos honestos… nenhuma visita ao Porto ficaria completa sem atravessar a Ponte D. Luís e visitar Gaia. Afinal de contas, é desde Gaia que é possível ter uma das melhores vistas da cidade Invicta. Além disso, Gaia é famosa pelas suas caves do Vinho do Porto, local de visita obrigatória para quem gosta de um bom vinho português.
Já agora… não se atreva a sair de Vila Nova de Gaia sem provar uma das suas famosas francesinhas (sim, apesar de serem associadas à cidade do Porto, é em Gaia que ficam alguns dos melhores locais para as saborear). Estes são os melhores locais para visitar em Vila Nova de Gaia.
1. Mosteiro da Serra do Pilar
Implantado no cimo de uma escarpa e dominando toda a zona sobranceira ao Douro ergue-se o verdadeiro ex-libris de Vila Nova de Gaia, o Mosteiro da Serra do Pilar. Classificado pela Unesco como Património Mundial desde 1996. Frei Brás de Braga, de acordo com D João III e com D. Fr. Baltazar Limpo, Bispo do Porto, decidiu fundar este novo mosteiro, em 1537, para albergar os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho provenientes do Mosteiro de Grijó, à data bastante degradado. A Igreja, classificada como Monumento Nacional, realça-se pela planta circular, coberta por uma imponente abóbada hemisférica, rodeada por varandim e coroada por um lanternim.

No interior, salientam-se os trabalhos em talha dourada e dourada e branca. Conserva um belo claustro, igualmente classificado como Monumento Nacional, com abóbada circular com nervura central apoiada em 36 colunas jónicas. Destaca-se ainda o seu “rendilhado” formado por volutas, cartelas e pináculos. Este mosteiro maneirista é um exemplar único em Portugal, visto que a igreja e o claustro são de planta circular, modelo este proveniente da arquitectura civil. A sua localização geográfica foi crucial em 1809, aquando das invasões pelas tropas napoleónicas e em 1832-33 enquanto base militar durante as lutas liberais. Elevado à categoria de fortaleza foi convertido desde então em quartel de artilharia. Do terraço fronteiriço poderá desfrutar de excelentes vistas sobre o Rio Douro, a zona mais antiga da cidade e os telhados das Caves do Vinho do Porto.
2. Ponte Luís I
A Ponte de D. Luís I ou Ponte Luiz I, é uma ponte em estrutura metálica com dois tabuleiros, construída entre os anos 1881 e 1888, ligando as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia (margem norte e sul, respectivamente) separadas pelo rio Douro, em Portugal. Esta construção veio substituir a antiga ponte pênsil que existia no mesmo local e foi realizada mediante o projecto do engenheiro belga Théophile Seyrig, que já tinha colaborado anteriormente com Gustave Eiffel na construção da Ponte de D. Maria Pia, ferroviária. A ponte foi inaugurada em 1886 (tabuleiro superior) e 1888 (tabuleiro inferior e entrada em total funcionamento).

A afirmação de que devido à ausência do rei D. Luís I na inauguração, decidiu a população do Porto, em resposta ao ato desrespeitoso, retirar o “Dom” do respectivo nome parecem não corresponder à realidade, sendo assim uma lenda. A atestar tal facto, refira-se que nas notícias nos jornais durante o período da sua construção a ponte era designada por “Ponte Luiz I”; também outras importantes construções da mesma época com os nomes de membros da família real não tinham os títulos nos seus nomes, caso da ponte ferroviária Maria Pia (e não Dona Maria Pia), dedicada à rainha, e do velódromo Maria Amélia (e não Dona Amélia), dedicado à futura rainha consorte do rei D. Carlos; acrescente-se ainda que apesar de o nome oficial da ponte ser “Luiz I”, conforme atestam as inscrições nas placas dos pegões-encontro sobre as entradas do tabuleiro inferior, a população do Porto sempre a chamou de “Ponte de D. Luís”, salvaguardando o título do rei com quem a cidade tinha grande proximidade.
3. Caves do Vinho do Porto
A diferença fundamental do vinho do Porto em relação ao resto dos vinhos é a aguardente que eles incluem para interromper a fermentação. Assim, a bebida conserva a doçura original das uvas mantendo um alto nível de álcool. A ideia de colocar aguardente no vinho surgiu no século XVII, quando os comerciantes ingleses se interessaram em comprar vinhos portugueses mas esses vinhos não aguentavam as longas viagens nos barcos que os transportavam. Daí tiveram a ideia de começar a fortalecê-los com aguardente para que não estragassem.

Em Vila Nova da Gaia, você poderá visitar diversas caves de vinho do Porto. Em cada uma delas um guia irá acompanhá-lo ao longo das instalações da adega explicando onde é feita a colheita das uvas e o processo de elaboração dos seus vinhos. No final da visita, em cada cave irão oferecer-lhe duas taças de vinho para a sua degustação: uma de vinho tinto e outra de vinho branco.
4. Capela do Senhor da Pedra
A Capela do Senhor da Pedra localiza-se num rochedo batido pelo mar, na praia de Miramar. A sua edificação, a partir de uma planta centrada de forma hexagonal, pela concepção arquitectónica, poderá remontar ao século XVII, embora testemunhos documentais apontem o século XVIII. O seu interior possui três retábulos em talha policroma e dourada de influência Rococó, e um púlpito de madeira. De salientar a imagem do Senhor da Pedra – um Cristo Crucificado. O culto popular ao Senhor da Pedra manifesta-se através da Romaria do Domingo da Santíssima Trindade e é considerada uma das maiores e das mais carismáticas do concelho. No entanto, são muitos os que visitam o local durante todo o ano. A praia e a alameda do Senhor da Pedra são motivos adicionais para visita e lazer.

A capela é simples – passaria despercebida não fosse estar nesta pose de afronta às fúrias do Atlântico. No interior, tem umas pequenas escadas em caracol dando acesso a um piso superior. No térreo estão as habituais estatuetas de culto. Cá fora, nas rochas arredondadas que sustentam o monumento construíram-se mitos, e o maior de todos eles fala-nos de um D. Sebastião, que na sua eterna manhã de nevoeiro aqui cravou as patas do seu cavalo, num destes rochedos, justificando assim duas marcas arredondadas e paralelas que supostamente lá se encontram. Diz o povo que o Desejado acabou por voltar para trás sem entrar em praias portuguesas. E eu voltei para trás sem encontrar as marcas do cavalo desse rei que nos põe em espera. Talvez porque o mar não deixou.
5. Convento Corpus Christi
O Convento Corpus Christi foi construído primitivamente junto ao rio no Séc. XIV. A Igreja conheceu uma degradação gradual provocada pelas constantes cheias do Rio Douro, o que originou a edificação, pelas freiras de S. Domingos, da actual capela no séc. XVII. O mosteiro sofreu profundas alterações nos séculos XVII e XVIII e foi extinto em 1834.

Salienta-se a riqueza e valor artístico da capela octogonal, rematada por uma cúpula de pedra, com quatro altares laterais, o côro-alto com o tecto formado por 49 caixotões decorados com pinturas a óleo, e ainda o cadeiral, da primeira metade do século XVII, com ricos trabalhos de ornamentação nomeadamente volutas e máscaras. Encontra-se aqui a arca tumular de Álvaro de Cernache, alferes da bandeira da Ala dos Namorados na Batalha de Aljubarrota. Hoje, o Convento de Corpus Christi, em local privilegiado junto ao Cais de Gaia, é um equipamento municipal de intensa actividade cultural.
6. Casa Barbot
Não foi o seu primeiro proprietário quem lhe emprestou o seu nome, mas sim o proprietário que a comprou em 1945, Ermelinda Barbot. A Casa da Família Barbot pode ser visitada na Avenida da República, mais propriamente na freguesia de Santa Marinha que pertence à cidade de Vila Nova de Gaia e ao distrito do Porto. Foi em 1904 que se deu a sua construção a mando de Bernardo Pinto Abrunhosa e cujo destino era a habitação. Foram nomes importantes que deram o seu contributo para a sua edificação: o arquitecto Ventura Terra, o escultor Alves de Sousa, o professor de pintura Veloso Salgado e mestre estucador Domingos Baganha. Anos mais tarde a Câmara Municipal de Gaia faz a compra desta casa infligindo-lhe obras de restauração e instalando no seu interior a Casa da Cultura, passando esta a ser considerada a sede do Pelouro da Cultura, Património e Turismo da autarquia. Presentemente, a Casa Barbot ou a Casa da Cultura possui uma zona destinada a exposições e à promoção de eventos.

Muitos foram os proprietários e muitas foram também as obras de remodelação, no entanto, o edifício em questão continua a exibir a estrutura que lhe deu origem constituída por uma cave e dois pisos. É um exemplo de Arte Nova e a única em Vila Nova de Gaia onde pode ser comprovada também alguns elementos de inspiração árabe, azulejos com inspiração neoclássica e alguns elementos de gosto oriental dando-lhe uma grande semelhança a edifícios onde predominam o gosto francês exibidos nos finais do século XIX. A sua fachada encontra-se virada para a avenida. No exterior e ao redor da mansão encontra-se um jardim que apresenta influências do século XIX dando destaque aos elementos decorativos e arquitectónicos como grutas, pontes, um lago de pequenas dimensões, uma estufa e um mirante.
7. Mosteiro de Grijó
O Mosteiro terá tido origem numa pequena igreja, fundada no séc.X, sob a invocação de São Salvador. A planta, de 1572, engloba a igreja, o claustro e sacristia. A igreja foi concluída e benzida em 1626 e ocupa uma área destacada no conjunto. De nave única com uma capela-mor, possui ainda três capelas e um altar de cada lado. Junto ao coro alto existe um órgão de tubos de finais do século XVIII inícios do século XIX que foi recentemente restaurado. No século XVIII, o seu interior foi renovado. As artes decorativas do azulejo e da talha, características do Barroco, preenchem o seu interior, com destaque para a capela-mor.

A fachada, que acusa influências flamengas, foi em 1998 enriquecida com vitrais, da autoria do Mestre Júlio Resende, que representam a Trindade e a Criação. A sacristia é um vasto espaço quase quadrangular com as paredes completamente revestidas a azulejo em tapete policromo. No claustro destacam-se os painéis de azulejo, representando os evangelistas e doutores da igreja e ao centro uma fonte do início do século XVII. De realçar o túmulo, do séc.XIII, de D. Rodrigo Sanches, feito em pedra ançã, classificado como Monumento Nacional.
8. Solar dos Condes de Resende
Esta casa senhorial, antigamente conhecida como Quinta da Costa, localiza-se em Canelas no lugar de Negrelos, datando a notícia mais antiga do ano 1042. Construída para residência na época Medieval, foi comprada e adaptada em 1984 para Casa Municipal da Cultura, pela Câmara Municipal de V. N. de Gaia depois de ter pertencido aos Condes de Resende que deram origem à actual designação. De realçar o jardim das Japoneiras ou das Camélias, com exemplares centenários, e a Estátua de Eça de Queiroz que nesta casa se enamorou de Emília de Castro Pamplona, filha dos Condes de Resende.

Aqui funciona um Centro de Documentação Histórica, com documentação original desde a Idade Média, um Núcleo Museológico de Arqueologia, Arte e Antropologia e espaço de exposições temporárias e de Congressos. Na programação anual destacam-se as festas do solstício de Verão e as comemorações queirosianas em Novembro, para além de actividades quotidianas nos domínios da arqueologia, história, antropologia cultural e património relacionadas com o Município e a região envolvente e afinal com todo o mundo com quem a história da Casa e as suas colecções a relacionam.
9. Casa Museu Teixeira Lopes
No centro de Gaia o visitante encontra a casa e o atelier de António Teixeira Lopes (1866-1942). Porque uma casa é sempre o espelho de quem nela mora, aqui podemos conhecer a personalidade, os gostos e os hábitos de um dos maiores escultores portugueses de todos os tempos. Para além da surpreendente produção artística do Mestre, este espaço alberga um espólio riquíssimo de Artes Decorativas (com colecções de mobiliário, cerâmica, têxteis, vidros, ourivesaria, etc.) e um núcleo significativo de pintura portuguesa com obras de Alfredo Keil, António Carneiro, António Ramalho, Aurélia de Sousa, Domingos Sequeira, Henrique Pousão, João Vaz, José Malhoa, Silva Porto, Sousa Pinto, Vieira Lusitano, Vieira Portuense, entre outros.

A exposição permanente patente nas galerias apresenta ao público a obra do escultor Diogo de Macedo (1889-1959), que inclui os seus trabalhos escultóricos bem como a sua produção no campo do desenho e da pintura. Diogo de Macedo reuniu ao longo da sua vida uma extraordinária colecção de arte. Destacamos deste valioso acervo, a colecção de Arte Negra e o núcleo de Pintura Modernista onde encontramos quadros de Abel Manta, Almada Negreiros, Amadeo de Souza-Cardoso, Carlos Botelho, Dórdio Gomes, Eduardo Viana, Júlio Pomar, Mário Eloy, entre outros. A existência de uma sala destinada a exposições temporárias é um convite para o público visitar este espaço com frequência e curiosidade.
10. Mosteiro de Pedroso
Mosteiro beneditino cuja fundação remonta ao século XI. Situa-se na freguesia de Pedroso, a poucos quilómetros do centro da cidade de Gaia. Entre os séculos XI e XIV, assistiu-se a um engrandecimento patrimonial deste Mosteiro, até que em pleno século XVI o convento é extinto. A partir de 1759 a Igreja do Mosteiro passou a servir de Matriz da Freguesia. Do românico inicial, já perdido, restam um escudo na fachada lateral, uma pia baptismal no interior e duas adossadas à face interna de corpo coberto (tipo nartex) que precede a entrada.

Possui, também, um brasão do séc. XVI e algumas imagens religiosas. A igreja foi projectada em estilo românico, passando a ser igreja matriz em 1759. Realce para a fachada em granito, pia baptismal românica, brasão gótico e torre medieval. Merece ainda destaque a colecção de vinte imagens, nomeadamente, a de São Pedro e São Miguel.
11. Teleférico de Gaia
O teleférico liga a cota alta e baixa da cidade de Gaia, numa viagem de 6 minutos. O terminal à cota baixa está localizado no Cais de Gaia, na cota alta o terminal está implantado junto ao Jardim do Morro e à estação do Metro Jardim do Morro, posicionando-se também como meio de acesso para a visita ao Mosteiro da Serra do Pilar.

O Teleférico de Gaia oferece aos seus passageiros uma viagem entre as históricas caves de Vinho do Porto, na Zona histórica de Gaia e as vistas deslumbrantes sobre o património mundial Porto e rio Douro, no percurso entre o Cais de Gaia e o Jardim do Morro. O Teleférico de Gaia oferece aos seus passageiros uma viagem entre as históricas caves de Vinho do Porto, na Zona histórica de Gaia e as vistas deslumbrantes sobre o património mundial Porto e rio Douro, no percurso entre o Cais de Gaia e o Jardim do Morro.
12. Igreja de Santa Marinha
A Igreja de Santa Marinha, que terá sido em tempos uma pequena ermida românica, foi alvo de restauros consecutivos ao longo dos séculos XVII-XVIII. Em 1745 procede-se à reedificação do corpo da igreja, cujo traço é da autoria de Nicolau Nasoni. Está classificada de Imóvel de Interesse Público desde 1974. Bom exemplar de arquitectura barroca é uma igreja ampla, com bastante luz, de planta longitudinal e nave única com lambril de azulejos em toda a área que se prolonga até à capela-mor. O arco triunfal é sobrepojado por sanefa de talha e ladeado por dois retábulos de talha dourada.

Na capela-mor e sobre o frontão triangular encontram-se telas com moldura em talha, sendo a “Adoração dos Reis Magos” a de melhor traço. Aspecto de destaque será o retábulo joanino ricamente adornado com colunas salomónicas, motivos vegetalistas e anjos. A fachada principal é bastante despojada de ornamentação, cuja torre de construção posterior data de 1894.