Das ruas junto ao Rio Gilão às muralhas do castelo de onde se tem a melhor vista sobre a cidade, Tavira seduz e faz-nos querer descobrir os seus recantos e desvendar os seus segredos. Há um certo encanto oriental nesta cidade, nos seus telhados de “tesoura” ou de quatro águas, que se recortam no céu de uma forma peculiar e nas portas de reixa feitas de madeira entrelaçada que resguardam as casas deixando entrar o ar e o som, herança dos árabes que habitaram a região. Visitar Tavira é fazer uma viagem a uma das cidades mais típicas do Algarve, no Sul de Portugal.
Tavira distribui-se pelas duas margens do rio, num intrincado de ruas estreitas e casas brancas que apetece percorrer sem pressas. O Jardim do Coreto é a zona mais animada, onde muitas pessoas se passeiam saboreando um gelado ou a frescura do ar, sobretudo à noite quando espectáculos ou outros eventos dão ainda mais vida a esta área. É aqui que se situa o Mercado da Ribeira, que depois de abandonar as suas funções originais é agora um espaço de animação e lazer.
A ponte mais antiga, que segundo se crê era de origem romana, é uma estrutura do século XVII com parapeitos murados de onde apreciamos uma bela vista sobre o casario. Não tanto como a que podemos contemplar subindo à Torre do castelo, sem dúvida o melhor miradouro da cidade, abrangendo os telhados ondulantes, as cúpulas das igrejas, o rio e as salinas, até à linha azul do mar que é o seu limite no horizonte.
Para além do panorama, o esforço da subida é compensado por tudo o que podemos admirar pelo caminho. Por exemplo, quando atravessamos a porta da muralha e somos surpreendidos pelo belo portal renascentista da Misericórdia, uma das 37 igrejas de Tavira. Também podemos visitar o Núcleo islâmico para saber mais sobre a história da cidade ou o Museu Municipal, instalado no Palácio da Galeria, o seu edifício mais notável. Um pouco mais acima, fica o castelo e a Igreja de Santa Maria, que ocupa o lugar da antiga mesquita maior; aqui descansa D. Paio Peres Correia e os sete cavaleiros da Ordem de Santiago dos trabalhos que tiveram para conquistar Tavira aos Mouros em 1242. Bem perto, a Igreja de Santiago, também ela foi erguida sobre uma antiga mesquita, a menor.
Do outro lado do rio, no morro fronteiro, há mais igrejas para visitar como a Ermida de São Brás de origem medieval, a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, um dos mais sumptuosos templos do Algarve com exuberante decoração barroca, ou a Igreja de São Paulo, mais simples e austera. Descubra os melhores sítios para visitar em Tavira, no Algarve.
1. Centro Histórico
Local de cruzamento de diversos povos e culturas – fenícios, turdetanos, árabes, judeus – foi após a reconquista cristã sede de um concelho com crescente influência no reino de Portugal. Terra do Rei e de importância fulcral para os sucessos da expansão portuguesa para o Norte de África nos séculos XV e XVI, viu crescer o seu prestígio político, religioso e económico, permitindo desenvolver uma notável actividade construtiva e artística, de que é exemplo a célebre escola de arquitectura renascentista de André Pilarte, e mais tarde, durante o século XVIII, a actividade do mestre Diogo Tavares de Ataíde.

O intercâmbio de distintas épocas e sensibilidades culturais marcou indelevelmente a paisagem, a morfologia urbana, a arquitectura e a arte, no fundo, o seu desenvolvimento artístico em geral. E, não obstante algumas calamidades cíclicas – terramotos, cheias, crises político-sociais –, a herança patrimonial tem conseguido sobreviver, sendo hoje um exemplo de uma cidade mediterrânica fortificada, no limite da Europa, excepcional pela qualidade formal, harmonia e coerência de alguns espaços urbanos, onde confluem modelos medievais e renascentistas, com um conjunto distinto de imóveis ilustrando várias épocas, usos, estilos artísticos e cambiantes regionais.
2. Castelo de Tavira
Os restos do Castelo de Tavira encontram-se rodeados de um bonito jardim, e a partir das suas muralhas e da sua torre octogonal terá uma maravilhosa vista sobre toda a cidade. Este posto defensivo remonta aos séculos X-XI, tendo sido construído pelos mouros sobre a anterior fortificação de origem fenícia (século VIII-VII a.C).

Ao castelo medieval somam-se reconstruções e restauros posteriores das épocas moderna e contemporânea. Deve-se ter cuidado a subir e a descer, já que nem as muralhas nem as escadas tem corrimão. Muito próximo daqui, encontra-se a Igreja de Santa Maria do Castelo, e um pouco mais a Sul, a Igreja de Santiago.
3. Cascata do Pego do Inferno
O lindíssimo Pego do Inferno situa-se na freguesia de Santo Estêvão, a cerca de 7km de Tavira, e constitui uma das mais bonitas paisagens Algarvias, embora que distinta da imagem turística do Algarve da costa dourada. O Pego do Inferno é uma das quedas de água da ribeira da Asseca, um dos mais importantes cursos de água da região de Tavira. Recentemente esta lindíssima envolvente foi submetida a uma eficaz requalificação do espaço, delineando um agradável percurso, que enriqueceu ainda mais toda a paisagem.

De facto, o ponto alto deste percurso é o bonito “Miradouro do Pego“, onde se pode admirar a grande beleza da queda de água que deleita quem a visiona, e oferece mergulhos refrescantes nos meses de verão. A queda de água forma uma lagoa redonda, de um verde mediterrânico, rodeada de uma refrescante área arborizada. O acesso ao Pego do Inferno, após o estacionamento, faz-se durante cerca de 100 metros até se aceder a uma escadaria de madeira, começando aí o percurso propriamente dito, levando a descida até ao Pego cerca de 300 a 400 metros.
4. Igreja de Santa Maria do Castelo
A Igreja de Santa Maria é um edifício do séc. XIII, provavelmente construído no local da antiga mesquita. Teve alterações posteriores, depois de ter sido abalada pelo terramoto de 1755. Na fachada, salientam-se os elementos em estilo gótico: o portal, decorado com capitéis de ornamentação vegetalista, a janela em ogiva e uma pequena rosácea. A torre do relógio pertence também à construção primitiva, embora com acrescentos decorativos posteriores. De notar a curiosidade de as torres se situarem junto à cabeceira, pois normalmente ficam no topo oposto.

No interior, destacam-se alguns trabalhos artísticos. Na capela-mor, encontram-se os túmulos dos sete cavaleiros da Ordem de Sant’Iago e de D. Paio Peres Correia que conquistaram a cidade aos muçulmanos. Na Capela do Santíssimo, repare-se nos painéis de azulejos historiados, do séc. XVIII, revestindo as paredes. Na Capelas das Almas, um retábulo de talha do séc. XVIII apresenta no elemento central um alto-relevo de iconografia religiosa, datado do séc. XVII. Por último, na sacristia merecem destaque alguns azulejos do séc. XVIII, decorados com cestos de frutas e jarras de flores. No tesouro sacro, composto por peças de ourivesaria dos sécs. XVI a XVIII e de paramentaria, merece referência especial uma preciosa estante de missal do séc. XVI / XVII proveniente do Japão.
5. Igreja da Misericórdia
A Igreja da Misericórdia de Tavira é considerada o melhor edifício renascentista do Algarve. O seu magnífico pórtico talhado em forma de arco é coroado pelas estátuas de Nossa Senhora da Misericórdia, São Pedro e São Paulo. Foi idealizada pelo mestre André Pilarte, que também trabalhou no Mosteiro dos Jerónimos de Lisboa.

A edificação é dotada de três naves, sendo o interior revestido por painéis de azulejos historiados do século XVIII que representam as obras de Misericórdia. No Presbitério encontra-se um retábulo de madeira dourada da mesma época.
6. Ria Formosa
O Parque Natural da Ria Formosa estende-se por mais de 18.400 hectares com 60 quilómetros de extensão e tem sido considerado um dos mais bonitos parques do Algarve. Este parque constitui-se por um cordão dunar paralelo à costa com cinco ilhas arenosas (Barreta, Culatra, Armona, Tavira e Cabanas). Este cordão não é linearmente delimitado visto que junto a ele se recortam as salinas. Esta é considerada uma zona húmida com importância e relevância internacional visto que é um habitat de aves aquáticas e é assim uma reserva protegida assim como zona de protecção especial dentro de várias denominações.

Nas ilhas formadas pelo parque natural da Ria Formosa poderá encontrar inúmeras e bonitas praias de água salgada ou doce com uma vista paradisíaca, como a praia do Barril, ou a Praia do Farol. Neste parque poderá observar mais de 600 espécies de plantas, 300 espécies de moluscos, 80 espécies de peixes, 15 espécies de répteis, 200 espécies de aves, 20 espécies de mamíferos, 8 espécies de aracnídeos sendo a espécie mais emblemática deste parque a Galinha Sultana e o camaleão.
7. Praia do Barril
A Praia do Barril pertence ao sistema de ilhas denominadas ilha-barreira. Para chegar à Praia do Barril poderá fazê-lo utilizando o comboio ou indo a pé, optando assim, por uma deslocação mais saudável e ecológica. A segunda hipótese possibilita, também, uma melhor observação de grande variedade de espécies animais e vegetais. Na travessia do sapal, e durante a baixa-mar, poderá observar uma espécie de caranguejo, a Boca Cava-Terra (Uca tangeri), assim como algumas aves aquáticas, tal como o Perna-longa (Himantopus himantopus).

Ao longo do sistema dunar podemos encontrar espécies de vegetação como a Aetheorhiza bulbosa, a Ammophila arenaria (estorno), a Anagallis monelli, a Armeria pungens (Armeria) e a Eryngium maritimum (cardo marítimo). Na zona dunar, em frente aos estabelecimentos de restauração, podemos observar o Cemitério das Âncoras. O Arraial, que hoje está recuperado e a funcionar como apoio de praia, servia há algumas décadas atrás, para albergar os pescadores da faina do atum e as respectivas famílias. A Praia do Barril tem sido, desde 1987, galardoada com Bandeira Azul e distingue-se pela qualidade do seu ambiente limpo e saudável e por possuir serviços de limpeza, segurança e informação aos utentes.
8. Ilha de Tavira
A Ilha de Tavira é uma ilha arenosa com cerca de 11 km de comprimento, localizada junto à costa algarvia, a sul da cidade de Tavira, e faz parte do Parque Natural da Ria Formosa. As suas praias são muito frequentadas por turistas, em especial durante a época balnear; a sua elevada qualidade ambiental é atestada anualmente pela certificação com Bandeira Azul. Os sapais e pequenos canais da Ria Formosa adjacentes à ilha constituem óptimos locais para a observação e estudo de aves marinhas. Como infraestruturas de apoio ao turismo a ilha dispõe de um parque de campismo e de concessões de praia durante o período balnear.

O acesso é feito através de barcos que partem de Tavira ou do cais das Quatro Águas, ou a pé via uma ponte que se situa junto da aldeia de Pedras D`el Rei. A ilha possui quatro praias. De leste para oeste, encontramos em primeiro lugar a Praia da Ilha de Tavira (ou simplesmente Praia de Tavira), seguindo-se a Praia da Terra Estreita, a Praia do Barril e a Praia do Homem Nu. Nos pontos da ilha mais afastados das concessões de praia o naturismo é tolerado; contudo, na região ocidental da Praia do Barril o naturismo encontra-se legalizado.
9. Cabanas de Tavira
A história de Cabanas remonta ao ano de 1734, data em que a armação do atum iniciou a sua actividade e originou a criação das primeiras cabanas, indispensáveis à recolha dos apetrechos de pesca e ao alargamento da companhia. Durante mais de 20 anos foram feitas referências às cabanas apenas como residência sazonal, no entanto, só por volta de 1757/58, é que alguns pescadores optam por construir as suas casas a título permanente.

Hoje, Cabanas oferece a todos aqueles que a visitam um rico património natural, através da sua fauna e flora que aliado, à diversificada oferta de alojamentos e restaurantes, proporciona a todos verdadeiros de momentos de bem-estar e satisfação. A praia de Cabanas é um extenso areal com cerca de 7 quilómetros, sendo bandeira azul desde 1989. A avenida Ria Formosa, recentemente requalificada, proporciona um ambiente pitoresco, de onde se contempla a ria e a costa.
10. Igreja do Carmo
A Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo de Tavira foi criada no início do séc. XVIII, tendo ficado sediada numa capela do Convento de São Paulo. Em 1737, solicitaram a fundação de convento próprio nesta cidade, transferindo-se provisoriamente para a Ermida de São Brás. O novo convento seria construído com uma elevada comparticipação financeira dos frades Terceiros e de alguns comerciantes da região.

Devido a um longo período de obras, a parte conventual acabou por não ser terminada e parte foi adaptada a cemitério da Ordem Terceira. No interior, encontram-se algumas peças de grande valor artístico em estilo barroco e rococó, nomeadamente os retábulos de talha do altar-mor e das capelas laterais, telas, o cadeiral e o órgão da igreja. Aqui foi sepultado o Bispo do Algarve, D. Inácio de Santa Teresa, falecido em Faro em 1751.
11. Museu Municipal de Tavira
O Museu Municipal de Tavira é um museu de território, polinucleado e multitemático, estruturado em diversas unidades: Palácio da Galeria, Núcleo Museológico Islâmico, Núcleo Museológico de Cachopo, Núcleo Arqueológico do Bairro Almóada, Ermida de São Sebastião, Ermida de Santa Ana e Centro Interpretativo do Abastecimento de Água a Tavira.

O Museu Municipal de Tavira tem como principais missões, investigar, inventariar, preservar, expor e divulgar a riqueza patrimonial, material e imaterial, resultante da presença histórica de várias civilizações e da diversidade geocultural e produtiva do território.Este sistema museológico promove a coexistência de programas de investigação sobre o património de épocas anteriores, com a abertura às novas expressões artísticas da contemporaneidade, permitindo diálogos permanentes entre património antigo e contemporâneo, nomeadamente sobre a produção artística e científica das gerações passadas e actuais.
12. Serra do Caldeirão
A Serra do Caldeirão constitui a fronteira entre o Algarve e o Alentejo e é constituída por xistos tendo o seu ponto mais alto em Pelados a 598 metros. Apesar de não ter grande altitude, esta é uma serra peculiar com cumes arredondados, uma grande rede de rios, canais e ribeiras e um relevo bastante acidentado e muito procurado por amantes de desportos radicais. As espécies vegetais predominantes são o sobreiro, o carvalho, o medronheiro, a azinheira e a palmeira.

Em relação à fauna, poderá encontrar na Serra do Caldeirão, lontras, veados, javalis, águias, cegonhas e grande diversidade de sapos. Existem variadas espécies implementadas pelo homem nesta serra como as bonitas árvores de amendoeira, alfarrobeira e ainda a laranjeira (introduzida pelos árabes). Nesta serra são promovidas inúmeras actividades como caminhadas nocturnas, circuitos BTT, ralis e muitos outros.