Poucas cidades em Portugal se poderão gabar de ter um património tão diversificado como Santiago do Cacém. Do mar à serra, passado pela bucólica paisagem alentejana, há de tudo um pouco para visitar em Santiago do Cacém. De facto, esta pacata cidade alentejana possui uma enorme variedade de atracções turísticas apesar do seu pequeno tamanho.
Desde logo, é preciso realçar as suas praias, que atraem milhares de turistas todos os anos. Mas Santiago do Cacém não é apenas mar. Dona de uma história secular, esta pequena cidade alberga, por exemplo, as ruínas romanas de Miróbriga.
Além disso, possui um castelo singular, a coroar a cidade, com o pormenor de possuir um cemitério no interior das suas muralhas. Outro grande atractivo da Santiago do Cacém é a sua gastronomia. Destaque a para o porco preto, tão famoso nesta região, além de outros deliciosos pratos típicos alentejanos. Estes são os melhores locais para visitar em Santiago do Cacém.
1. Castelo de Santiago do Cacém
O castelo de Santiago do Cacém entrou definitivamente para a posse portuguesa em 1217, no reinado de D. Afonso II, depois de já ter sido conquistado por D. Afonso Henriques em 1158, e ser de novo conquistado pelos árabes. Esta região foi habitada, pelo menos desde a ocupação romana da península, a que se seguiram os visigodos e muçulmanos que terão construído a primeira fortificação ou melhorado a existente. Este castelo, assim como os de Almada, Palmela e Alcácer do Sal, foram doados à Ordem de Santiago, mas em 1594, durante a dinastia dos Filipes, Santiago do Cacém foi doado aos duques de Aveiro.

Depois da Guerra da Restauração, a importância militar deste castelo foi-se perdendo e as suas estruturas foram-se arruinando. Classificado como Monumento Nacional, já foi intervencionado no sentido do seu restauro, por parte da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Esta fortificação foi construída sobre uma rectangular, conservando ainda nas suas muralhas vestígios da construção muçulmana, tem dez torres de que se destaca a Torre de Menagem.
2. Centro Histórico de Santiago do Cacém
O Centro Histórico de Santiago do Cacém “localiza-se na encosta Este do cerro do Castelo, edificação atribuída ao período islâmico que forma um conjunto monumental com a Igreja Matriz do séc. XIII, ambos monumentos nacionais. O antigo centro nevrálgico da cidade, estendendo-se harmoniosamente pela encosta voltada ao sol nascente, constitui um valioso património arquitectónico com as suas ruas estreitas e íngremes e casas senhoriais.”

No Centro Histórico de Santiago do Cacém encontra-se o Pelourinho de Santiago, os Antigos Paços do Concelho, a Igreja da Misericórdia de Santiago do Cacém e o Hospital do Espírito Santo, entre outro património arquitectónico e arqueológico. Este Centro Histórico, conta com um Plano de Pormenor, que visa requalificar o centro histórico através da manutenção e recuperação do edificado e espaços públicos.
3. Museu Municipal de Santiago do Cacém
Localizado na Praça do Município, mesmo em frente à Câmara Municipal, e tendo de permeio o jardim público, o Museu está instalado, desde 1972, no edifício que outrora foi Cadeia Comarcã. Notável exemplar da arquitectura civil oitocentista e projecto da autoria de Chiapa Monteiro, funcionou como cadeia até à construção do novo Tribunal, em 1968. Em 1972, e após obras de conservação e adaptação, este imponente edifício abriu as suas portas ao público como Museu Municipal. Quanto à fundação do Museu, reporta-se a uma época anterior a 1934, graças ao contributo valioso de uma figura ímpar de Santiago do Cacém, Dr. João da Cruz e Silva (1881-1948), que, ao longo de décadas, reuniu um diverso espólio de arqueologia e numismática, doado ao Município.

O Museu detém um espólio arqueológico com peças representativas do paleolítico ao período medieval. Neste momento, não estão disponíveis ao público. A colecção de numismática apresenta um percurso de cunhagem de moeda balizado entre o século III a.c. e o advento da República, ilustrando e documentando de forma extraordinária a história local e nacional a que se juntam ainda um conjunto de cédulas e notas. Do espólio do museu faz parte ainda uma vasta mostra etnográfica que tem sido enriquecida através de ofertas dos habitantes da região. Do acervo do museu fazem parte peças de artes decorativas e de cerâmica, pinturas, mobiliário, esculturas, têxteis, documentação e fotografias.
4. Ruínas Romanas de Miróbriga
O Sítio Arqueológico de Miróbriga, localizado junto à cidade de Santiago do Cacém, albergou um povoado que surgiu durante o Bronze Final e a Idade do Ferro (séculos VI-I a.C.) e permaneceu até ao século IV d.C. Estas ruínas estão referenciadas desde o século XVI por André Resende e estão assentes sobre uma elevação provida de estruturas defensivas, numa zona de visibilidade favorecida, o que permitia o controle territorial de uma vasta região, que conta com vários “recursos agrícolas, marítimos e mineiros, pelo que este povoado terá desempenhado um papel comercial de relativo destaque”. Na Época Romana o local sofreu uma considerável ampliação, mediante a execução de um alargado programa construtivo. Assim, nesta altura, Miróbriga contava com um fórum, onde estava erigido um templo provavelmente dedicado ao culto imperial e outro dedicado a Vénus. Envolvendo o fórum localizavam-se as restantes edificações e a sul situava-se a área comercial que contava com várias lojas (tabernae) e uma hospedaria.

As termas surgem numa das zonas mais bem conservadas de Miróbriga, eram constituídas por dois edifícios um para o uso masculino e outro para o feminino e entre os séculos I e II d.C. surgem as restantes construções (zona de entrada, sala de vestiário e jogos e uma zona para banhos frios – frigidarium – e outra para banhos quentes – caldarium e tepidarium). Conta ainda com uma ponte de arco único de volta inteira e o pavimento, constituído por lajes de calcário, é ainda o original. O sistema de drenagem de águas pluviais é também visível. A aproximadamente 1 km do sítio arqueológico de Miróbriga situam-se as ruínas do hipódromo. Mede 370 m por 75 m e era dividido ao meio pela “spina” possuindo uma meta em cada extremidade. O hipódromo servia para corridas de carros puxados por dois ou quatro cavalos (bigas/quadrigas).
5. Igreja Matriz de Santiago do Cacém
O templo foi construído no século XIII e beneficiado nas primeiras décadas do século seguinte, a expensas da Princesa Vetaça Lezcaris, aia da Rainha Santa Isabel, detentora da comenda de Santiago do Cacém entre 1310 e 1336. Sofreu novas intervenções em 1530, 1704 e entre 1796 e 1830. Esta última, consequência do terramoto de 1755, modificou a sua orientação – a entrada passou a ser feita pelo local onde estava a capela-mor – e aumentou-a.

Ao longo dos séculos XIX e XX a igreja passou por momentos conturbados – dois incêndios de alguma dimensão, o último dos quais, em 1912, levou à transferência da paróquia para a Igreja da Misericórdia – mas foram sendo feitas obras e actualmente a igreja está muito bonita e foi classificada, em 1910, Monumento Nacional. Em 2002, ocorreu a última intervenção: num esforço conjunto da Câmara Municipal de Santiago do Cacém e da Diocese de Beja, foi criado o núcleo museológico do Tesouro da Colegiada onde pode ver o relicário do Santo Lenho – uma obra notável que também pertencia a D. Vetaça Lezcaris – e um espólio riquíssimo destinado a servir sobretudo cerimónias litúrgicas.
6. Quinta dos Olhos Bolidos
A Quinta dos Olhos Bolidos situa-se na freguesia de Santa Cruz e data do século XVIII. É uma antiga quinta senhorial que pertenceu ao bispo de Nanquim e ao seu sobrinho Frei Bernardo Falcão Murzello (o autor das “Memórias da Antiga Miróbriga”). O seu nome advém da grande abundância de água, os «olhos de água», que suportam um extenso sistema de rega que alimenta fontes, cascatas, repuxo e tanques, nos jardins formais e dos pomares.

O edifício principal apesar da sua antiguidade, não possui elementos que o evidenciem. Os grandes destaques da quinta são os jardins e os pomares, estruturados e sujeitos a uma composição espacial que relaciona os seus principais elementos e zonas funcionais. Classificado como Monumento de Interesse Público e Fixada Zona de Protecção Especial.
7. Palácio da Carreira
O Palácio da Carreira, construído nos finais do século XVIII, constitui um dos mais característicos solares tardo-barrocos do Alentejo, destacando-se tanto pelas dimensões como pela exuberância decorativa de fachadas e interiores. Do conjunto arquitectónico, que inclui o palácio e os jardins e pátios anexos, faz parte um dos mais ricos acervos de azulejaria oitocentista do país.

Nos interiores, os painéis de azulejos somam-se aos revestimentos de pinturas murais combinando o gosto ecléctico característicos do reinado de D. Maria I com composições claramente neoclássicas, que aqui se substituem ao barroco tardio. Entre a produção azulejar devem referir-se ainda os painéis do pintor Luís Ferreira, conhecido por “Ferreira das Tabuletas”, possivelmente efectuados na Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, em Lisboa. Classificado como Monumento de Interesse Público.
8. Estação de Comboios
O edifício da estação foi construído no estilo tradicional português, baseando-se em edifícios dos Séculos XVII e XVIII, prática que já tinha sido utilizada noutras estações na região Sul do país, como Fronteira e Reguengos de Monsaraz. Foi decorado com painéis de azulejos polícromos representando vários aspectos da lavoura e monumentos da vila, que foram em parte oferecidos pela Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, e fabricados pela Fábrica Sant’Anna. Junto à estação, foram construídas moradias para habitação do pessoal.

Desde os primórdios do planeamento das linhas secundárias na região ao Sul do Rio Tejo, que se manifestou a necessidade de construir uma ligação ferroviária entre Beja e o Porto de Sines, passando por Santiago do Cacém e Ferreira do Alentejo; em 25 de Novembro de 1887, foi publicada uma portaria que ordenava a abertura de um concurso para o caminho de ferro de Beja a Sines, servindo o concelho de Santiago do Cacém. Em 1898, foi formada uma comissão técnica para estudar os projectos ferroviários na zona ao Sul do Rio Tejo, onde foi proposta a construção da Linha do Sado, com um ramal até Sines, com passagem por Santiago do Cacém; estes projectos foram confirmados pelo Plano da Rede ao Sul do Tejo, aprovado em 27 de Novembro de 1902. No entanto, a falta de recursos financeiros e o deflagrar da Primeira Guerra Mundial atrasaram o início do projecto, cuja construção só pôde começar em 1919.
9. Palácio e Tapada dos Condes de Avillez
A construção do palácio foi efectuada na segunda metade século XIX, provavelmente sob a orientação do 2º Conde de Avilez Jorge de Avilez Jusarte de Sousa Tavares ( 28-V-1817 ), ou então já ao gosto do seu filho Jorge de Avilez Salema Jusarte ( 31-1-1842 / 4-12-1901 ). A frontaria do edifício, a mais interessante orientação do conjunto arquitectónico, apresenta uma divisão em dois registos distintos, diferenciando-se o primeiro por possuir várias janelas e portas escalonadas em torno de um corpo central vertical (o espaço verticalista da porta principal), enquanto o segundo se destaca por possuir várias janelas de sacada, com gradeamento de ferro fundido. O conjunto termina com uma platibanda corrida, interrompida por um frontão curvo onde se observa a pedra de armas dos Condes de Avilez.

A tapada do palácio, perímetro cercado entre a barbacã do castelo e as traseiras do palácio, foi transformado, por sua vez, num espaço de lazer e de retiro espiritual, ambiente que levou à criação de três interessantes espécimes arquitectónicos: um pequeníssimo challet suíço ( a “Casa de Chá” ), uma capela revivalista e ecléctica e uma curiosa construção triangular, denominada de “Estufa”. O challet suíço, de dimensões reduzidíssimas, foi construído nos anos 20/30 do século XX, por Jorge Ribeiro de Sousa – o afilhado e herdeiro da viúva do 3º conde -, tendo recebido uma planta trilobada e um portal manuelino retirado das ruínas do castelo, ao mesmo tempo que fazia par com a construção da “Estufa”, de planta triangular e equilátera. A capela particular, construída em 1902 e dedicada ao padroeiro S. Jorge, procurou criar a imagem de uma pequena catedral, com as suas altas torres e portal em arco quebrado, a que se juntava um remate de um grupo escultórico brasonado com as armas dos Condes de Avilez.
10. Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha
A Reserva Natural das Lagoas de Santo André e da Sancha está situada na região do Alentejo, ocupando parte do litoral dos municípios de Sines e de Santiago do Cacém. Esta reserva é constituída pela Lagoa de Santo André, a lagoa maior e mais importante do litoral alentejano, e a Lagoa da Sancha. A presença de águas doces e salgadas dá origem a um conjunto diversificado de ecossistemas aquáticos e ribeirinhos, que incluem pequenos pântanos, salgueiros, juncais e canaviais.

Estas condições atraem numerosas espécies de aves, que permanecem aqui durante as épocas em que outras zonas estão total ou parcialmente secas, sendo o final do verão e o princípio do outono a época mais aconselhada para a sua observação. Na Lagoa de Santo André podes observar numerosas espécies, como o galeirão, o pato colorido, e a toutinegra comum, símbolo da reserva; enquanto que na Lagoa da Sancha é mais habitual observar colónias de garças imperiais e patos coloridos. Esta reserva natural tem uma grande beleza e oferece umas excelentes condições para a prática de actividades ao ar livre como caminhadas, canoagem ou o windsurf.
11. Sociedade Harmonia
A Sociedade Harmonia foi fundada, entre outros, por Agostinho de Vilhena, por seus irmãos ( Francisco e Joaquim ), por Cipiriano de Oliveira e por José Beja da Costa, tendo a primeira instalação sido inaugurada num prédio situado no Largo Alexandre Herculano – antigo Largo do Barreiro -, no dia 1 de Dezembro de 1847. Na segunda metade do século XIX, a Sociedade Harmonia mudou as instalações para o local onde hoje se encontra, embora tal circunstância histórica não partilhe de unanimidade cronológica entre os autores. Contudo, a referência mais acreditada parece ser uma descrição do jornal o “Meróbriga” (18-6-1922), que pomposamente refere a colocação da primeira pedra no dia 1 de Dezembro de 1863 e a inauguração do edifício no ano de 1865, a que acresce, depois, a construção do teatro, em 1875.

No exterior do imóvel destacou-se a frontaria, de dois corpos arquitectónicos diferenciados – realçada por uma cartela alusiva à fundação do teatro, por uma balaustrada com as suas urnas e vasos cerâmicos e pelo óculo de iluminação, de caixilho raiado e centrado numa cabeça de leão – e o alçado lateral direito, com as suas portas envidraçadas e o seu comprido terraço, cintado por um elegante gradeamento em ferro fundido. No interior, sobressaem os silhares de azulejos do corredor, de produção oitocentista e a envelhecida “Sala dos Espelhos”, dependência decorada com apainelados e espelhos de várias dimensões, cabeças de leão e guirlandas de flores, num claro sabor classicizante.
12. Jardim da Tapada do Palácio dos Conde de Avillez
A Tapada dos Condes de Avillez é um espaço verde qualificado recentemente pela Câmara Municipal como jardim público de recreio e lazer, ficando situada na zona nobre da Cidade de Santiago do Cacém: o Centro Histórico. Muito provavelmente a Tapada foi projectada e iniciada antes de 1901, e entre esta data e os primeiros anos da década de 20, a condessa D. Maria Carolina (viúva do 3.º conde, de Avillez) desenvolveu a criação da Tapada na parte poente do palácio, entre este e a muralha da barbacã do Castelo. Pensada inicialmente como um jardim botânico de inspiração romântica, a Tapada inclui vários edifícios recuperados, sendo limitado por uma muralha ameada (na continuação da Barbacã).

A Tapada tem na antiga Porta da Vila (localizada na barbacã do castelo), a sua entrada principal. A Capela de S. Jorge, cuja construção data de 1902, foi edificada em memória dos 3.º e 4.º condes de Avillez, procurando criar a imagem de uma pequena catedral. Frente à capela desenvolve-se o terraço sobre o pátio e telhados do palácio, resguardado por gradeamento de arcadas neogóticas, enquanto, atrás do edifício, se encontra uma clareira, antecedendo o túmulo do Bem Mirado, cavalo preferido do 4.º conde, que morreu de velho na década de 1920. A norte da capela fica o Jardim das Aromáticas, onde ainda se pode ver um antigo caneiro de rega, bem como um pequeno fontanário com tanque e o poço/cisterna de bocal quadrangular, assente em sólidas arcadas de cantaria. Mais acima, neste lado do recinto, pode ver-se o que resta da Estufa Neogótica. A sul da capela encontra-se a Casa de Chá, podendo observar na sua fachada principal orientada a nascente um portal possivelmente manuelino.