Ainda há lugares assim… Encostada ao Guadiana, rodeada por muralhas que abrigam o casario branco, Mértola sobressai com encanto na paisagem do Alentejo profundo. Aqui ainda se respira o mais típico e tradicional do Alentejo.
Mértola foi uma importante cidade no tempo dos mouros, muito por causa do rio Guadiana que por aqui passa e segue para sul até desaguar no oceano e com ele levava mercadorias para outras paragens. Diz-se que, nesses tempos, Mértola era uma das cidades mais desenvolvidas de toda a península Ibérica, rivalizando com os outros centros urbanos, como a antiga Yabura (hoje, cidade de Évora).
Mértola atrai cada vez mais turistas e, alguns dos que a visitam, escolhem mesmo ficar aqui para sempre. O calor do Verão pode assustar alguns dos visitantes e, portanto, talvez a Primavera seja a melhor altura para visitar Mértola.
São muitas as atracções turísticas e os pontos de interesse nesta pequena localidade e nos seus arredores. Bem perto de Mértola pode desfrutar da Natureza do Parque Natural do Guadiana, da beleza das Cascatas do Pulo do Lobo ou refrescar-se na praia fluvial das minas de São Domingos. Estes são os melhores locais para visitar em Mértola e arredores.
1. Igreja Matriz de Mértola
A Igreja Matriz de Mértola é um reaproveitamento cristão da antiga mesquita muçulmana dos séculos XII-XIII. Foi com os cavaleiros da Ordem de Santiago, em 1238, depois de sagrado para o uso do ritual cristão, que este edifício recebeu a sua primeira intervenção, que lhe alterou a sua primitiva configuração de mesquita árabe. Hoje, a Matriz de Mértola apresenta uma temática mudéjar do século XVI. Mas, apesar disso, torna-se possível, a partir de certos elementos arquitectónicos e decorativos, reconstituir o templo mourisco. Merece referência a estrutura quadrangular de cinco naves, com a central mais alargada, o nicho poligonal do “mihrab” – nome dado ao nicho que integra os grandes santuários de oração muçulmanos e que tinha por finalidade indicar aos fiéis a direcção de Meca – com decoração de arcos polilobados em gesso, e as colunas de suporte da mesquita, ordenadas em fiadas de seis, que sustentavam as quatro sequências de arcos.

Uma torre quadrangular, até aos finais do século XVII, foi a nota dominante nos cinco telhados de duas águas que cobriam o edifício. Actualmente, ainda subsistem quatro portas de arco ultrapassado com o seu alfiz. O seu exterior, com a frontaria coroada por ameias intercaladas por grandes coruchéus, deve-se ao reinado de D. Manuel. Não se conhece o artista que reconverteu o antigo templo árabe. A remodelação quinhentista fechou o “mihrab” e algumas entradas primitivas, lançando-se no seu interior uma cobertura de abóbada de cruzaria à mesma altura, como se de uma ampla igreja-salão se tratasse, assente nas primitivas colunas, algumas das quais reconstituídas.
2. Castelo de Mértola
Mértola é uma praça fortificada, pelo menos, desde o domínio romano, a julgar pelas descrições datadas de 440 d.C. que se referem a uma fortificação neste local designada, «Myrtilis Júlia», mas o interesse desta região, com uma via fluvial de ligação entre o Mediterrâneo e o interior sul da península, já tinha chamado a si outros povos. A partir do século VIII, são os árabes que dominam esta região, com o consequente reforço da fortificação de Mértola, domínio que se prolongaria até à sua conquista, no reinado de D. Sancho II, em 1238, verificando-se depois disso muitas obras de remodelação e recuperação da fortaleza, nomeadamente com a construção da Torre de Menagem, por ordem de D. João Fernandes, Mestre da Ordem de Santiago, a quem este castelo foi entregue.

A importância comercial de Mértola foi decaindo ao longo dos séculos seguintes e só no reinado de D. Manuel I, que lhe atribui foral em 1512, retoma parte da antiga importância, com a saída de cereais para o abastecimento das praças portuguesas do norte de África. Já em meados do século XX, as ruínas deste castelo foram classificadas como Monumento Nacional, tendo beneficiado de obras de reparação e actualmente Torre de Menagem é uma área de exposição dos achados arqueológicos da época romana, visigótica, islâmica e portuguesa até ao século XVIII. Esta fortaleza para além da Torre de Menagem, com cerca de 30 metros de altura, tem ainda mais duas torres e no centro da praça de armas existe uma cisterna coberta por uma abóbada em berço.
3. Museu de Mértola
Mértola é uma vila com um passado muito importante, que a coloca desde há alguns anos num local de destaque nacional e internacional no que à arqueologia e ao património diz respeito. Este passado e todo o trabalho até hoje realizado traz-nos uma responsabilidade acrescida, uma responsabilidade de conservar, valorizar e divulgar toda esta riqueza patrimonial.

O Museu de Mértola, criado pela Câmara Municipal de Mértola em 2004, é composto por vários núcleos dispersos geograficamente, na sua maioria localizados no Centro Histórico de Mértola. Tem sido a sua função estudar, inventariar, tratar, conservar e divulgar todo o espólio que, ao longo dos últimos 30 anos, foi sendo descoberto nas inúmeras intervenções patrimoniais e arqueológicas. O património é assim um dos vectores fundamentais para o desenvolvimento do concelho de Mértola, pois é aquilo que nos diferencia de todos os outros concelhos do país, é a nossa mais valia.
4. Centro Histórico de Mértola
A história de Mértola conserva-se até hoje nas suas ruas empedradas, no casario disposto em socalco, nas pedras da velha muralha, nos achados arqueológicos ali descobertos e nos saberes e ofícios ainda preservados. Implantada sobre um imponente esporão rochoso entre o Guadiana e a ribeira de Oeiras, esta vila amuralhada foi em tempos um importante porto do Mediterrâneo e do Gharb al-Andalus. Mértola, importante cidade mercantil desde a Antiguidade, entreposto comercial que ligava este território a toda a bacia do Mediterrâneo, tornou-se célebre pela sua posição geográfica, pela navegabilidade do Guadiana e pela proximidade às regiões metalíferas de Aljustrel e S. Domingos. Esta importância manteve-se no período islâmico, com especial destaque nos séculos XII e 1ª metade do XIII d.C, tendo a Vila chegado a ser sede de um pequeno Reino Taifa.

Sobranceira ao rio Guadiana, a vila de Mértola, oferece ao visitante o encanto do seu casario branco disposto no socalco das ruas adornadas de laranjeiras e iluminadas pela luz intensa do sol. O povoado circundado pela velha muralha é marcado pela herança cultural de vários povos que aqui se cruzaram e lhe conferem, hoje, o rótulo de vila museu. As origens de Mértola (Myrtilis romana ou Mirtolah árabe) remontam ao tempo dos fenícios que aqui estabeleceram um importante porto comercial, aproveitado posteriormente por romanos e árabes. Os testemunhos desta história milenar podem hoje ser contemplados nos diferentes núcleos museológicos e em alguns vestígios monumentais dispersos pela vila, mas o mais importante legado da história encontra-se nas pequenas marcas da vida quotidiana e nas memórias de muitos gestos e saberes que perduram até aos dias de hoje.
5. Minas de São Domingos
Mina de São Domingos, aldeia do Alentejo profundo. Pertence ao concelho de Mértola, em pleno Parque Natural do Vale do Guadiana. Dista pouco mais de 15km da vila Mértola e fica em zona de fronteira, com a vizinha Espanha a Este e o vizinho Algarve a Sul. E o que difere esta aldeia de todas as outras? O que faz dela um lugar especial? Porque estou hoje a escrever sobre esta aldeia? Bem, vamos começar pelo início. Em 1850, o lugar onde hoje existe a aldeia era um cerro, um lugar onde não existam casas, quase (ou mesmo) como um socalco da Serra de São Domingos. Poucos anos mais tarde, um aventureiro italiano, de nome Nicola Biava, descobriu vestígios de uma antiga galeria romana, que indicava uma possível antiga exploração de minério. Facto que se confirmou. Aqui começa a história de Mina de São Domingos. Num ápice, formou-se um consórcio espanhol de nome La Sabina, que adquiriu os direitos de exploração do local. Basicamente, comprou toda a área da mina, que ainda hoje lhe pertence.

Com a mesma velocidade, alugou os direitos de concessão e exploração da mina, a uma empresa inglesa, de nome Mason & Barry. Constituída pelo aristocrata londrino Sir Francis Barry, que, segundo reza a história, apenas visitou por uma vez a mina que lhe fez fortuna, e pelo seu cunhado, James Mason, um engenheiro de minas, que, segundo também reza a história, foi a pessoa mais importante em toda história de Mina de São Domingos. Com isto, o cerro descampado, quase como um passo de magia, transformou-se numa mina riquíssima em cobre e enxofre, e numa aldeia, que seria mais uma pequena metrópole, com teatro, hospital, igreja, campo de futebol, polícia privada, mercado, entre outras regalias e serviços de primeiro mundo. Foi a primeira aldeia do país a ter luz eléctrica e uma linha de caminho de ferro privada, tinha gente de várias nacionalidades e de todos os patamares económicos. Existiam pessoas especializadas em vários sectores e serviços (muitos nem estavam directamente relacionados com a exploração mineira), contabilizando mais de 10 mil habitantes na primeira metade do séc. XX. Talvez até mais do que os habitantes do núcleo urbano da sua capital de distrito, Beja.
6. Cascata do Pulo do Lobo
A Cascata do Pulo do Lobo é uma bela e surpreendente cascata existente no Rio Guadiana, situada mais ou menos no local em que este rio entra no concelho de Mértola. O rio, que até aí vinha fluindo pachorrento, por entre as suaves ondulações que moldam a paisagem alentejana, entra subitamente numa zona rochosa e desnivelada. O rio é comprimido pela rocha e começa a saltar, de desnível em desnível, até passar todo ele por um estrangulamento que tem apenas um par de metros de largura, que é o Pulo do Lobo propriamente dito. Passado o estrangulamento, o rio dá mais uns saltos e continua o seu curso, serpenteando através de um profundo canal de formas caprichosas, que a força das suas águas foi cavando ao longo dos tempos. É a chamada Corredoura, que se estende quase até à vila de Mértola.

O que mais atrai na Cascata do Pulo do Lobo não é o desnível total da cascata, que é só de cerca de 15 a 20 metros. É a beleza das formas criadas na rocha pela força das águas. É a própria força das águas, em épocas em que o rio estiver caudaloso, que jorram em jactos fortíssimos e borbulham furiosamente. É a surpresa de, ao chegarmos, encontrarmos de repente um fenómeno cuja existência nada — absolutamente nada — faz prever na paisagem envolvente. É a beleza desta mesma paisagem alentejana, de montes, pastos e trigais. É o ar perfumado pelas humildes flores do campo. É o céu vibrantemente azul que tudo cobre. É, enfim, o facto de estarmos ali e desejarmos que aquele momento mágico não acabe nunca mais.
7. Torre do Relógio
Localizada perto do rio Guadiana, a Torre do Relógio é provável que tenha sido edificada em finais do século XVI num dos torreões da muralha, porque existe uma inscrição do ano 1593 no sino da torre. É provável que a Torre do Relógio tenha sido erguida em finais do século XVI ou inícios do Século XVII, no contexto da reorganização da zona urbana da Praça do Município.

Esta edificação foi erguida na proximidade de um conjunto de construções representativas do poder político, administrativo, judicial e económico e reaproveitando um antigo torreão da muralha, passou a marcar o limite da Praça do Município e a assumir-se como um dos elementos emblemáticos de Mértola. Em 1896 o relógio primitivo é substituído por outro mais recente que vai continuar a marca o tempo da Vila Velha até aos nossos dias. Em 1920 foi feita a escadaria em direcção ao cais.
8. Pomarão
Na confluência da ribeira do Chança e do rio Guadiana, a cerca de 40 km da foz deste último, o Pomarão, antiga terra de pescadores de rio, em 1859 viu crescer a sua importância ao servir de porto de escoamento do minério extraído das minas de São Domingos (pirites) e de local de descarga de equipamento para a mina, tudo graças a uma das primeiras linhas ferroviárias do país (1862), com 17 km de extensão, originalmente um tramway ou caminho de ferro americano puxado por muares e mais tarde (1867) com locomotivas a vapor. No Pomarão foi construído um aldeamento e levantados dois cais para barcas, tipo fragatas, para onde era carregado o minério, transportado depois para Inglaterra, Alemanha e outros países.

Hoje, é um elemento único da arqueologia industrial, possuindo ainda vestígios do cais e antigas instalações mineiras. Os navios mineiros deram agora lugar aos de recreio, que por aqui atracam e cujos ocupantes descobrem esta povoação com pequenas casas em taipa, dispostas em patamares sobre o rio. A proximidade da barragem do Chança e a beleza paisagística do local são alguns dos atractivos, bem como o Festival do Peixe do Rio que se realiza, anualmente, no final de Março.
9. Serpa
A primeira impressão que o visitante tem de Serpa é a visão das grandiosas muralha do Castelo onde se rasgam as Portas de Moura e as de Beja, únicas sobreviventes das 5 portas primitivas. Incluso na muralha do lado Leste, assenta o vasto solar dos condes de Ficalho, destacando-se também o alteroso aqueduto em arcada italiana que se estende até à extremidade da muralha sul. Dentro da vila o traçado das ruas, que se abrem para grandes largos onde coexiste uma arquitectura tradicional, erudita e religiosa, confere a Serpa um carácter muito singular que torna o passeio delicioso. A parte mais alta do morro corresponde ao núcleo urbano primitivo, medieval, mouro e cristão. Aqui encontra-se a igreja de Santa Maria, o que sobra da antiga torre de menagem do castelo, a Torre do Relógio e o Museu de Arqueologia.

De relógios fala-nos também o Museu do Relógio, instalado no antigo convento do Mosteirinho, e único no seu género na Península Ibérica. Depois de percorrer Serpa, não deixe de ir à Pousada de S. Gens, donde desfrutará do panorama imenso da planície a perder de vista pontuado pelos vastos olivais que rodeiam Serpa. Fora de portas, merecem visita o Convento de Santo António, erigido no séc. XV e alguns pequenos templos de devoção popular: Nossa Senhora de Guadalupe e, na estrada para Beja, S. Sebastião, esta do séc. XVI, onde se casam os estilos manuelino e mudéjar, testemunhando o complemento das duas culturas que conviveram na região. Cerca de 10 km para sul, com a companhia do rio Guadiana à esquerda, o Parque Natural do Guadiana, com um património natural riquíssimo, oferece algumas das mais belas paisagens do sul de Portugal.
10. Beja
Visitamos Beja numa atmosfera de paz e descobrimos histórias de conquistas e de amores escondidos. Começamos por visitar a Torre de Menagem do Castelo, tão importante nas lutas para defender as fronteiras de Portugal. Com 40 metros de altura e toda construída em mármore é o ex-libris de Beja. Vale bem a pena subir ao topo, admirar a cidade e a paisagem alentejana em redor. Muito próximo, fica a Igreja de Santiago, a Sé e a Igreja de Santo Amaro, onde está instalado o Núcleo visigótico do Museu Regional.

Seguindo pela Rua D. Manuel, e depois de passar em frente à Universidade, a funcionar onde era um antigo hospital, chegamos ao coração da cidade, a Praça da República. Em volta, os edifícios de fundação manuelina dão uma nota particular à praça, onde vemos um pelourinho também do séc. XVI e a Igreja da Misericórdia, uma obra renascentista de referência. Seguindo depois pela rua do Touro encontramos o Museu Jorge Vieira, um importante escultor português do séc. XX, cuja obra é conhecida pelas figuras em terracota.
11. Alcoutim
A fundação e estabelecimento da vila de Alcoutim estão principalmente associados ao facto de se situar no local até onde se fazem sentir as marés do rio Guadiana, o que obrigava os barcos, que faziam o tráfego dos metais e de outros produtos da região, a aguardar durante horas pelas condições propícias para a descida do rio. Posteriormente, a sua posição estratégica, de fronteira com o vizinho Reino de Castela, exigiu necessariamente a construção de estruturas de apoio e defesa, das quais permanecem alguns vestígios.

Alcoutim, apesar de ter perdido as muralhas que durante séculos a defenderam, mantém nas suas ruas estreitas e íngremes, a atmosfera tranquila de uma vila algarvia serrana. Um passeio de alguns minutos leva à descoberta de casas centenárias e da Igreja da Misericórdia. Para terminar importa descer até à beira-rio, marcada pela sóbria ermida de Santo António e pela antiga Casa dos Condes de Alcoutim. Depois é saborear uns momentos de repouso, na companhia de uma bebida fresca numa esplanada, enquanto se aprecia o barco de pesca que regressa ou os veleiros ancorados na pequena marina, vendo-se a povoação espanhola na outra margem do rio.
12. Sanlúcar de Guadiana
Sanlúcar de Guadiana situa-se a oeste de Villanueva de los Castillejos, nas margens do Rio Guadiana, na fronteira entre Portugal e Espanha. Um local idílico para os fãs de desportos aquáticos, tem fama devido aos eventos de desportos aquáticos que são realizados aqui todos os anos. Tem 447 habitantes. A sua origem pode ser encontrada na ocupação árabe, sob o reino de Taifa de Niebla, quando alguns grupos de mouros se estabeleceram na terra até então despovoada. No entanto, o núcleo actual de Sanlúcar começou no segundo terço do século XIII, quando Sancho II de Portugal conquistou estas terras dos mouros. A Guerra de Independência Portuguesa durante meados do século XVII levou a consequências devastadoras em Sanlúcar de Guadiana, sofrendo numerosos roubos e saques, além de ter de manter as tropas espanholas que defendiam a fronteira. O conde Jerónimo Ró, mestre geral de campo da fronteira, construiu um forte chamado Fuerte de San Jerónimo, ao lado da Iglesia Parroquial, e depois, em 1642, o Castillo de San Marcos.

As constantes inundações do rio Guadiana tornaram-se significativas na história de Sanlúcar de Guadiana, conhecida pelas suas consequências desastrosas. Em 1823, os níveis de água atingiram 14 metros, destruindo 110 casas das 240 na aldeia, fazendo com que os habitantes se refugiassem no castelo. Devido à sua localização geográfica, Sanlúcar de Guadiana desfrutou de uma posição estratégica que a tornou uma das cidades mais importantes da região, pois era um posto necessário para o comércio. No século XIX, o porto de Sanlúcar de Guadiana tornou-se importante à medida que produtos como aguardente, arroz, açúcar, sabão, chumbo e madeira eram exportados.