O mar à mesa, a nova arquitectura, as peregrinações, os monumentos, as recriações históricas. Matosinhos turístico é incontornavelmente gastronomia, arquitectura contemporânea, a imensa costa marítima. Muitos são os demais encantamentos. Da gastronomia, poder-se-á dizer que é a âncora. O peixe, o marisco, as receitas de carne do Matosinhos interior, o tom e aroma de eterno arraial são desarmantes.
Da arquitectura contemporânea, dever-se-á fatalmente falar de Álvaro Siza cujos laços a Matosinhos são fortíssimos. Desde logo ao nível das emoções: Álvaro Siza nasceu em Matosinhos, as suas primeiras memórias têm forçosamente o recorte, o aroma, os sons da sua cidade. Matosinhos foi deveras inspirador.
Matosinhos guarda ciosamente as obras de Siza, as da sua juventude, ícones da arquitectura mundial, monumentos nacionais: a Casa de Chá da Boa Nova, a Piscina das Marés, construídas entre as rochas, não fossem – diria ao tempo o seu Autor – quebrar a vista da linha do mar. Estes são os melhores locais para visitar em Matosinhos.
1. Igreja do Bom Jesus de Matosinhos
A história da freguesia de Matosinhos entronca na do desaparecido Mosteiro de Bouças onde se venerou, durante séculos, a imagem do Bom Jesus de Bouças. No séc. XVI, face à ruína do mosteiro a imagem foi transferida para uma nova igreja que foi construída no lugar de Matosinhos. A sua construção iniciou-se em 1542 por iniciativa da Universidade de Coimbra a quem D. João III tinha concedido o padroado de Matosinhos. Para realizar esta obra foi inicialmente contratado João de Ruão, tendo a obra sido posteriormente completada por Tomé Velho. No séc. XVIII a crescente importância da devoção ao Senhor de Bouças, particularmente entre aqueles que demandavam as terras do Brasil, vai levar à realização de grandes obras de ampliação da primitiva igreja, que ficaram a cargo do arquitecto italiano Nicolau Nasoni e que lhe deram a sua configuração actual.

Destacam-se, no séc. XVIII, as intervenções de Luís Pereira da Costa, famoso entalhador setecentista, a quem se devem as obras de remodelação e acrescento da capela-mor e as de Nicolau Nasoni para o restauro da igreja. A notável combinação de volumes, estruturas e pormenores da composição acentuam o aspecto cenográfico da fachada principal, desenhada de forma a acentuar a horizontalidade da construção e as características barrocas ao gosto nasoniano. São de admirar as duas torres sineiras, o frontão quebrado, a porta principal decorada com medalhão, no qual se insere uma concha de vieira e os dois nichos laterais que contêm as estátuas de S. Pedro e S. Paulo. No espaço interior, dividido em três naves, destaca-se o imponente altar-mor de talha dourada, que integra na parte central um nicho com imagem de Cristo crucificado, atribuída ao século XII. Trata-se de uma escultura em madeira oca, com cerca de dois metros de altura e extremamente curiosa, dada a assimetria simbólica do olhar, já que o olho esquerdo se dirige para o Céu e o direito para a Terra, numa clara simbiose entre Deus e o Homem.
2. Galeria Municipal de Matosinhos
Inaugurada em maio de 2005, a Galeria Municipal de Matosinhos tem por missão a divulgação, promoção, criação e valorização da arte moderna e contemporânea, dando particular destaque à portuguesa, nos seus diferentes domínios: pintura, escultura, design, fotografia e outras expressões das artes plásticas.

Outra das missões da Galeria é a valorização e enriquecimento da colecção municipal de arte, através da eventual aquisição, depósito ou doação de obras que nela tenham sido expostas. Concebida e tutelada pela Autarquia de Matosinhos, a Galeria Municipal pretende ser um equipamento de referência à escala metropolitana, procurando afirmar-se igualmente no circuito artístico da Arte Moderna e Contemporânea Portuguesa.
3. Mosteiro de Leça do Balio
Classificado como monumento nacional, este imóvel medieval é considerado um dos melhores exemplares arquitectónicos existentes no país, de transição do estilo românico para o gótico. Com origem anterior ao séc. X, foi posteriormente (séc. XII) a primeira casa mãe dos Cavaleiros Hospitalários da Ordem de Malta em Portugal. Da construção românica resta apenas, nas traseiras da igreja, uma ala incompleta do claustro, um portal e uma janela com decoração vegetalista. Foi reedificado no séc. XIV, segundo o modelo das igrejas fortaleza. A fachada principal de estilo gótico, com ampla rosácea radiada e rematada por uma cruz da Ordem de Malta, possui torre de menagem de traça românica, coroada de ameias.

Do mosteiro resta apenas a igreja, de planta cruciforme, ladeada por uma alta torre quadrangular, provida de balcões com matacães, a meia altura e no topo, em ângulo, seteiras, dando à igreja um aspecto de verdadeira fortaleza militar. No seu interior destaca-se, junto à campa de Frei Estêvão Vasques, uma placa de bronze, com diversos motivos decorativos e contendo o epitáfio do defunto em caracteres leoneses.
4. Casa de Chá da Boa Nova
A Casa de Chá da Boa Nova é, sem dúvida, um dos símbolos de Leça da Palmeira. Até porque foi o primeiro edifício construído, juntamente com as Piscinas das Marés, a ser classificado como Monumento Nacional. Hoje é um dos restaurantes mais marcantes de Leça da Palmeira/Matosinhos, talvez por ser do chefe Rui Paula, um dos mais conceituados chefes de cozinha portugueses. Ou então por ser um dos edifícios marcantes da carreira de Siza Vieira. A Casa de Chá da Boa Nova foi construída em 1958, sob proposta do então presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, o Engenheiro Fernando Pinto de Oliveira e pretendia criar um espaço que fosse o destino para a qual coincidem os diferentes interesses dos transeuntes.

Inicialmente o projecto foi a concurso, com liberdade para escolha do local, e apenas o arquitecto Fernando Távora escolheu este local entre as rochas como o «local ideal», enquanto todas as restantes escolhiam soluções bem mais simples, junto à enseada. Mas que não seriam tão ousadas. Um dos arquitectos do atelier de Fernando Távora era Siza Vieira que, após uma análise mais profunda, um ano após a aprovação do projecto pela Câmara Municipal de Matosinhos, decidiu rever todo o projecto e proceder a alterações profundas, tendo tido o aval do arquitecto Fernando Távora.
5. Piscina das Marés
A Piscinas das Marés é um conjunto de piscinas de água salgada localizadas na Praia de Leça na Freguesia de Leça da Palmeira, Concelho de Matosinhos. Construída na década de 1960 e inaugurada em 1966, foi projectada pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira, o mais conceituado e premiado arquitecto contemporâneo português. Em 2006 foi classificada como Monumento Nacional. As duas piscinas (uma só para crianças) de água salgada são uma alternativa às várias praias que se estendem ao longo do concelho de Matosinhos.

O conjunto enquadra-se harmoniosamente na paisagem rochosa, contra a qual batem as ondas do mar. A construção desenvolve-se paralela à avenida e ao mar, mas a sua implantação recolhe-se para não obstruir a visão, terrestre e marítima, situando-se o nível da cobertura ao nível da avenida.As Piscinas de Marés de Leça continuam a ser, passados 40 anos, uma obra de inultrapassável actualidade. A Piscina das Marés inclui duas piscinas, vestiários e balneários e um bar/lounge.
6. Forte de Nossa Senhora das Neves
Após a restauração da independência em 1640 e face à necessidade de defesa das nossas costas dos ataques espanhóis e corsários foram edificadas uma série de fortalezas junto ao mar. Em Leça da Palmeira foi construída a fortaleza de Nossa Senhora das Neves que, juntamente com os fortes de S. João da Foz e de S. Francisco Xavier (Castelo do Queijo) integrava a linha de defesa da cidade do Porto. É um forte de tipo abaluartado com planta de estrela de quatro pontas, protegidas por muralhas inclinadas e guaritas salientes.
O início da sua edificação data de 1651, substituindo assim uma outra fortificação mais antiga e mais pequena, situada a pouca distância deste e cuja construção se tinha iniciado em 1638. Perdida a sua função militar aí se instalou em 1844 a Alfândega do Porto e, em 1899, a secretaria do Porto de Leixões. Hoje é a sede da capitania daquele porto. Está classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto 44075 DG 281 de 5 de Dezembro de 1961.
7. Museu Quinta de Santiago
Preservar e divulgar a memória histórica de Matosinhos e Leça da Palmeira através da arte é a missão central deste museu tutelado pela autarquia de Matosinhos e inaugurado em 1996. O museu, inserido num edifício histórico, concluído presumivelmente em 1896, foi construído para residência da família Santiago de Carvalho e Sousa, com projecto do arquitecto italiano Nicola Bigaglia, é testemunha privilegiada das profundas transformações urbanísticas e sociais ocorridas na cidade de Matosinhos-Leça nos finais do séc. XIX e ao longo do séc. XX. Integra, desde 2003, a Rede Portuguesa de Museus, e é um dos espaços museológicos fundadores da MuMa – Rede de Museu de Matosinhos.

Desde 2010, o espaço da Quinta de Santiago é constituído por 3 edifícios: O Museu, composto por 2 pisos musealizados: o primeiro piso dedicado à história local e social, é um exemplo das vivências de finais de séc. XIX e princípios do séc. XX, e o segundo piso alberga exposições de longa duração, com exibição de obras do acervo de Arte da autarquia, do qual destacamos obras de António Carneiro, Agostinho Salgado, Augusto Gomes Aurélia de Souza e Joaquim Lopes; o Espaço Irene Vilar, dotado de auditório polivalente e espaço de serviços educativos; e a Casa do Bosque, onde se encontra instalada a Cascata Gigante, com cerca de 15m2, uma reconstrução representativa da Leça de inícios do séc. XX, construída por José Moreira e doada ao Museu. No amplo jardim que rodeia o Museu o visitante pode encontrar obras escultóricas de Siza Viera, Rui Anahory e Lagoa Henriques.
8. Casa Museu Abel Salazar
Tutelada, inicialmente, pela Fundação Gulbenkian, a Casa-Museu Abel Salazar é desde 1975 património da Universidade do Porto, sendo gerida desde 1989 pela Associação Divulgadora da Casa-Museu. Integra a Rede Portuguesa de Museus. Abel Salazar, médico e cientista reconhecido a nível mundial, nasceu em Guimarães em 1889 e residiu em Matosinhos durante cerca de trinta anos. As colecções da Casa Museu Abel Salazar são muito diversificadas e de um reconhecido valor histórico e patrimonial. Expostas em três pisos, reflectem sobretudo a faceta artística do mestre, através de esculturas, pinturas a óleo, desenhos, nanquins ou cobres martelados.

No primeiro andar há uma reconstituição do ambiente vivido por Abel Salazar na sua residência, ainda com o mobiliário e disposição originais. No 2º andar, em várias salas estão expostos alguns dos trabalhos de investigação de Abel Salazar na área das ciências biológicas, material de laboratório e artigos por si escritos, trabalhos de gravura e alguns objectos de uso pessoal no quarto de dormir. A sua faceta de pensador social (que levaria à sua expulsão da Universidade do Porto pelo Estado Novo) é igualmente abordada neste espaço museológico.
9. Parque do Carriçal
O Parque Urbano do Carriçal localiza-se em Matosinhos, próximo do NorteShopping – constituindo, juntamente com o Parque Manuel Pinto de Azevedo, a Igreja Matriz da Senhora da Hora e o cemitério, um importante espaço público da freguesia da Senhora da Hora. O Parque está adjacente à Igreja em cuja envolvente se realiza a feira da Senhora da Hora, assim como acolhe circo e outros eventos populares. Pela sua elevada densidade arbórea configura uma tipologia de espaço verde urbano semelhante a uma mata urbana. No seu interior é de referir ainda a existência de linhas de água e um lago, um forte incremento à biodiversidade no parque.

O Parque Urbano do Carriçal é contíguo ao Parque Manuel Pinto de Azevedo onde se localizam diversos equipamentos desportivos (campos de ténis e um ringue desportivo), o Centro Cultural, e associado à Igreja o cemitério. Na zona norte do parque, encontra-se a Piscina Municipal da Senhora da Hora e um bar, desfrutando ainda da presença de um parque infantil. O parque é um projecto da Câmara Municipal de Matosinhos, da autoria da Arquitecta Margarida Fontes.
10. Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões
O novo Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões é um dos grandes projectos promovidos pela APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, integrado no Plano Estratégico de Desenvolvimento do Porto de Leixões e que resulta de uma dinâmica de cooperação territorial, interligando dois principais objectivos: por um lado o de melhorar a eficácia comercial do porto, associada à actividade dos cruzeiros e, por outro lado, o de integração urbana, associado ao incremento da sociabilidade com a população envolvente.

O novo Terminal de Cruzeiros é o maior projecto de sempre de abertura do porto à cidade, fazendo do Porto de Leixões uma importante porta de entrada na região e impulsionando definitivamente o crescimento do número de navios de cruzeiro e de passageiros em Leixões, assumindo-se cada vez mais como um porto de cruzeiros. O novo cais com 340m de comprimento foi inaugurado em Abril de 2011, permitindo a escala em Leixões dos maiores navios de cruzeiro, acolhendo agora a maior parte dos navios de cruzeiro da actual frota mundial.
11. Mercado Municipal de Matosinhos
Edifício de referência na arquitectura moderna, foi construído a partir da demolição de um quarteirão. O projecto da autoria do grupo ARS – Arquitectos: Fortunato Cabral, Morais Soares e Cunha Leão, data de 1939. A fachada norte está decorada com painéis cerâmicos da autoria de Américo Soares Braga.

Foi inaugurado em 27 de Maio de 1952. Classificado como Monumento de Interesse Público em 2013, mantém a sua função original, aliando a tradição dos antigos mercados à beleza arquitectónica do espaço. A sua imagem dificilmente se pode dissociar do centro tradicional da cidade, sendo desde sempre um ponto de referência incontornável, não só para a população residente como para o turista.
12. Monumento ao Senhor do Padrão
Datado do século XVIII e conhecido também por “Senhor do Espinheiro” ou “Senhor da Areia”, assinala o local onde, segundo a lenda, apareceu a imagem do Bom Jesus de Bouças, mais tarde conhecida por Senhor de Matosinhos. Monumento de fortíssimo impacto visual até inícios do século XX, este zimbório encontrava-se isolado no meio do areal da “Praia do Espinheiro” sendo visível a muitos quilómetros de distância quer do lado da terra quer do lado do mar.

Não obstante o “Senhor do Padrão” ter perdido, na sequência do desenvolvimento dos últimos 100 anos, muito do seu impacto visual, continua a ser uma importante referência para a cidade e para a comunidade piscatória. Com efeito muita da devoção religiosa dos pescadores de Matosinhos e suas famílias materializa-se junto a este monumento, sendo disso exemplo o dia 1 de Novembro quando o monumento se vê rodeado por milhares de velas que ardem em memória dos pescadores mortos no mar.