Em terras de Carmen Miranda, Marco de Canaveses, encontramos as jóias de um povo com mais de dois mil anos de história, que se revê e encontra significado na cultura, tradições e sabores que luta por preservar. Do imenso património cultural, destaca-se a Igreja de Santa Maria, projectada pelo arquitecto português Siza Vieira, a Rota do Românico, ancorada em monumentos de histórias e valores excepcionais, e a lendária Cidade Romana de Tongobriga.
Da gastronomia autêntica da região, releva-se o inconfundível Anho Assado com Arroz de Forno e os famosos doces regionais. Como um bom prato pede sempre um bom vinho, Marco de Canaveses é ainda retratado pela excelência nos vinhos verdes produzidos nas quintas locais.
A riqueza da região prolonga-se, além fronteiras, na arte de extrair e trabalhar o Granito. Estes são os melhores locais para visitar em Marco de Canaveses.
1. Parque Fluvial do Tâmega
O Parque Fluvial do Tâmega, inaugurado a 3 de Dezembro de 2008, é constituído por 4 pólos de atracção. O primeiro, é constituído por uma fluvina com capacidade para 40 embarcações e um edifício de apoio onde funciona o Clube Náutico do Marco de Canaveses e um restaurante com vista privilegiada sobre o rio. O segundo, aproveitou uma plataforma natural sobre o rio criando passadiços para a prática de pesca desportiva. Este espaço é servido por uma instalação amovível de apoio onde funciona um bar com esplanada.

O terceiro, numa das plataformas superiores, é constituído uma zona de pique-nique e um parque infantil. O quarto, na margem esquerda do Tâmega junto à Igreja de S. Nicolau, é constituído por uma zona de estar e contemplação ao ar livre, duas plataformas flutuantes para a acostagem de embarcações e para a prática de pesca desportiva. Uma destas plataformas permite a realização de eventos de carácter cultural. Futuramente, surgirá um bar com esplanada.
2. Mosteiro de Santa Maria de Vila Boa do Bispo
Implantada numa encosta da margem esquerda do Tâmega, Vila Boa do Bispo impressiona pela sua monumentalidade. Estas dimensões podem ser explicadas pela importância que deteve ao longo dos períodos medieval e moderno, destacando-se a atenção que o poder senhorial lhe dedicou, nomeadamente a linhagem dos Gascos (ou dos Ribadouros). Embora profundamente alterado no período moderno, os vestígios românicos ajudam a compreender a riqueza histórica deste Mosteiro. Na fachada principal destacam-se as duas arcadas cegas que ladeiam o portal, muito originais, que ostentam uma composição característica do românico do eixo Braga-Rates.

Estes elementos e outros dispersos pela estrutura colocam a construção românica de Vila Boa do Bispo entre os séculos XII e XIII. É provável que, dada a existência de contrafortes, a primitiva capela-mor fosse quadrangular e abobadada. Outro elemento que recorda a edificação medieval e a ligação à nobreza da região são os túmulos subsistentes e que apontam para sepultamentos ao longo dos séculos XIII e XIV. O interior é marcado pelo espírito barroco, que através de várias técnicas e materiais criou um espaço particularmente monumental e luminoso. Sob os caixotões do tecto da capela-mor foi identificado um conjunto de pinturas murais do século XVI, evidenciando a cultura dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
3. Aldeia de Canaveses
Na margem direita do rio Tâmega, a apenas quatro quilómetros da sede do concelho e dividida pelas freguesias de Sobretâmega e São Nicolau, situa-se a pequena aldeia de Canaveses. O singelo conjunto de casas de traça tradicional em pedra granítica esconde um passado rico em história, palco de grandes feitos militares por altura das Invasões Francesas. Restam ainda inúmeros vestígios desse passado a merecerem visita atenta: a Igreja Paroquial de Santa Maria Maior, a Rua Direita, a Casa da Palmatória, a Capela de São Sebastião, a Casa do Fontainho, a Ponte dos Asnos, a Casa de Penidos e a Casa da Ribeira, restaurada e adaptada para acolher os visitantes. Pensado para receber turistas e de visita obrigatória é o Parque Fluvial do Tâmega, local aprazível na zona ribeirinha, ideal para a prática de actividades desportivas e para o contacto com a natureza.

Ali foi construída uma fluvina, com capacidade para 40 embarcações, um edifício de apoio onde funciona o Clube Náutico do Marco de Canaveses e um restaurante panorâmico, plataformas de pesca desportiva, bar, parque de merendas, parque infantil e um circuito pedonal e de manutenção. É precisamente no Parque Fluvial do Tâmega que parte e termina o recém-criado percurso pedestre “Caminhos de Canaveses”, um trilho de oito quilómetros que engloba toda a freguesia de Sobretâmega, passando na aldeia de Canaveses, que integra a Rota do Românico e a Rota do Vinho do Porto. Prove o pão-podre, típico da região, o anho assado com arroz de forno, o bazulaque e, claro, o vinho verde.
4. Tongobriga
Uma autêntica viagem ao passado é o que se propõe a quem visita Tongobriga. Situada na freguesia do Freixo, no concelho de Marco de Canaveses, tem como cartão-de-visita os vestígios arqueológicos de uma antiquíssima cidade romana. Classificada pelo IPPAR como monumento nacional, a Estação Arqueológica do Freixo é a prova de que Tongobriga representava um importante centro de atracção e decisão no final do século I e início do século II. Numa área de cerca de 50 hectares, são visíveis os vestígios das termas, do fórum, zonas habitacionais e uma necrópole. Como não poderia deixar de ser, a aldeia desenvolveu-se em torno deste achado arqueológico. O núcleo urbano do Freixo tem sido sujeito a diversas obras de recuperação e restauro, mas mantém as características de uma aldeia tradicional, com as suas casas de granito, o património religioso, as leiras cultivadas e as suas gentes.

Enquanto passeia pela aldeia, dedique especial atenção à Casa do Freixo e à Igreja Matriz. Percorra a pé a rota “Dos Flávios à D. Mafalda”. Por antigos caminhos e vias romanas, deslumbre-se com a paisagem da região! Sobranceira a Tongobriga, situada na meia encosta da Serra de Montedeiras, fica a Quinta do Crasto, especializada em turismo escolar e juvenil. Não deixe de saborear o anho assado com arroz de forno, a broa de milho e os doces do Freixo. E porque não levar uma recordação da Loja do Artesão? Fica na rua dos Judeus, bem no centro da aldeia, e lá encontrará um pouco do melhor artesanato local, tal como, a pequena distância, no Centro de Promoção de Produtos Locais da Dolmen.
5. Igreja de São Martinho de Soalhães
Soalhães foi um território particularmente cobiçado pela nobreza medieval. A importância da terra ditou que os seus senhores tomassem o topónimo para seu apelido, como no caso de D. João Martins, chamado de Soalhães, bispo de Lisboa e arcebispo de Braga. Todavia, são poucos os vestígios românicos deixados à vista pela profunda intervenção realizada na Igreja no século XVIII. O seu portal principal, datável já do século XIV, mostra uma organização protogótica, confirmada pela ausência de tímpano e pelo cariz naturalista dos seus capitéis.

Muito embora o óculo do portal tenha recebido um arranjo durante a intervenção setecentista, a verdade é que tal não aconteceu no interior onde ainda hoje apreciamos uma moldura pontuada por pérolas, motivo muito disseminado pela arquitectura românica das bacias do Douro e Tâmega. No interior, um túmulo do século XIII ou XIV, abrigado por arcossólio na capela-mor, do lado direito, coabita com uma profusão de cores e materiais que testemunham um investimento algo excêntrico em painéis azulejares, de madeira em médio relevo policromados, e na ornamentação da talha que vai além dos próprios retábulos [altares].
6. Museu Carmen Miranda
O Museu Municipal do Marco de Canaveses foi criado por deliberação municipal de 8 de Novembro de 1952 e instalado em 1963, nas arcadas do Jardim Municipal. De Agosto de 1970 até 1981, ocupou três salas da antiga Escola Primária Conde de Ferreira, junto à Câmara Municipal. Em 1981, o acervo foi transferido para uma das antigas Casas dos Magistrados na Alameda Dr. Miranda da Rocha. Ainda nos anos 80, acolheu algumas ofertas da comunidade brasileira que depositaram peças alusivas a Carmen Miranda, passando, desde então, a adoptar a designação Museu Municipal Carmen Miranda.

Actualmente o Museu Municipal Carmen Miranda integra três espaços: um de acervo museológico composto por um conjunto de colecções (pintura, escultura, numismática, arte sacra, etnografia); o denominado Espaço Arte, vocacionado para exposições temporárias das mais variadas correntes artísticas, ou temáticas e a Sala Carmen Miranda, tomando como referência esta ilustre marcoense que marcou indelevelmente o nome do Marco de Canaveses e de Portugal, no panorama cinematográfico e musical. Esta sala reúne o espólio recolhido, até ao momento, alusivo a esta artista, que a Câmara Municipal tem procurado aumentar através da realização do Prémio Carmen Miranda e Concurso de Expressão Plástica Carmen Miranda, entre outras iniciativas.
7. Igreja de Santa Maria de Sobretâmega
Edificada na margem direita do Tâmega, à entrada da desaparecida ponte de Canaveses, a Igreja de Sobretâmega é de fundação posterior a 1320 e parece substituir um outro templo, cujo orago era São Pedro. Deve ser entendida neste contexto e na sua íntima relação com a Igreja de São Nicolau de Canaveses, na outra margem, tão próxima e com estrutura muito semelhante. Os seus portais atestam a cronologia tardia pela ausência de colunas e capitéis. No portal principal apenas as mísulas [pedras salientes de apoio] ornadas com pérolas evidenciam a permanência de um motivo românico com grande acolhimento nas bacias do Tâmega e Douro.

Este portal estaria resguardado por um alpendre [cobertura anexa] como revelam as mísulas subsistentes. O campanário ergue-se isolado a norte da cabeceira. De modestas dimensões, sofreu alterações profundas na Época Moderna, nomeadamente ao nível do arranjo do arco triunfal com pilastras e almofadas do intradorso. Caiado a branco, o interior acolhe, na capela-mor, um retábulo de talha dourada de estilo nacional. De referir, ainda, a imagem em calcário dedicada à padroeira, que representa o culto mariano instituído neste templo desde o século XIV.
8. Igreja de São Nicolau de Canaveses
Edificada na margem esquerda do Tâmega, junto a uma importante via que ligava o litoral ao interior duriense, a Igreja de São Nicolau de Canaveses é de fundação posterior a 1320. O portal principal atesta esta cronologia tardia: ausência de colunas e capitéis. Por todo o edifício nota-se um despojamento ornamental, acentuando assim o carácter tardio do seu românico, dito de resistência. De modestas dimensões, sofreu alterações profundas na Época Moderna marcadas pela abertura de janelões rectangulares na capela-mor e na nave.

Também os arcos triunfal e do batistério, de linguagem classicizante, foram obra deste período. No interior imperam os paramentos de granito, embora pelos vestígios existentes, a Igreja devesse ter sido revestida, na viragem da Idade Média para a Época Moderna, com pinturas a fresco, como testemunham os exemplos preservados. Descobertos acidentalmente em 1973, restam hoje alguns painéis com representações de Santo Antão, na parede norte da nave, fragmentos de uma Anunciação, sobre o arco triunfal do mesmo lado, Santa Catarina de Alexandria, no lado sul da nave, um santo beneditino, junto ao arco triunfal, do lado sul, e outra Anunciação, em camada sobreposta, no mesmo lado da nave.
9. Igreja de Santo André de Vila Boa de Quires
A Igreja de Santo André de Vila Boa de Quires foi edificada no segundo quartel do século XIII, enquanto parte de um complexo monástico. Parece ter sido secularizada já no século XIV e a ela se ligou a linhagem dos Portocarreiros, com particular importância local e regional ao longo da Idade Média. Destaca-se a fachada principal, uma das mais elaboradas do Baixo Tâmega, semelhante à Igreja de Barrô (Resende). O portal aproxima-se do da Igreja do Mosteiro de Paço de Sousa (Penafiel), ostentando capitéis ornamentados com motivos simétricos de sabor vegetalista.

As mísulas [pedras salientes de apoio] têm a forma de cabeças de bovídeos. Toda a fachada foi deslocada em 1881 quando se ampliou a nave e acrescentou a torre sineira. O interior contrasta com a sobriedade do exterior e o despojamento imposto pelo paramento granítico. É na capela-mor que as diferenças artísticas são mais notáveis. O retábulo-mor [altar principal] neoclássico apresenta uma tela de grandes dimensões alusiva à Adoração ao Santíssimo Sacramento. Na abóbada da capela-mor, um conjunto de pinturas datáveis do século XVIII narra cenas do Processo e Paixão de Cristo, cujo percurso termina na pintura mural existente sobre o arco triunfal, na nave.
10. Igreja do Salvador do Tabuado
Embora as fontes atestem a existência, no século XII, de dois templos em Tabuado, um dedicado a Santa Maria e outro ao Salvador, este parece ter vingado como orago titular. Esta é, contudo, de fundação posterior, provavelmente de meados do século XIII, conforme nos indica a rosácea protogótica da fachada principal e outros elementos ornamentais do edifício. O portal principal destaca-se pela sua qualidade: tímpano apoiado sobre mísulas [pedras salientes de apoio] em forma de cabeças de bovídeo (tal como no Mosteiro de Paço de Sousa, Penafiel) e capitéis talhados com motivos vegetalistas.

Também aqui se apresenta o motivo de pérolas, recorrente no românico das bacias do Tâmega e Sousa. O campanário apresenta-se como uma torre defensiva. No corpo da nave e ao nível do arco cruzeiro persistem dois contrafortes, que acentuam a volumetria da Igreja. No interior, o que mais se evidencia do românico é o arco triunfal, cujas arquivoltas assentam sobre duas colunas, sendo as impostas decoradas com dentes de serra e círculos encadeados. Os seus capitéis resultam de um arranjo contemporâneo. Vibrante é a pintura mural do século XVI que preenche a parede fundeira da capela-mor, representando Cristo juiz, ladeado por São João Baptista e São Tiago Maior.
11. Ponte do Arco
Unindo as margens do rio Ovelha, a Ponte do Arco faz jus ao nome. Composta por um só arco de volta perfeita, de grandes dimensões, assume-se como uma imponente obra de arquitectura. O seu tabuleiro forma um cavalete, inspirando-se na construção das pontes góticas. Os mestres pedreiros que a projectaram e conceberam, ergueram os seus alicerces em dois afloramentos das margens, formulando assim uma estrutura mais robusta e segura. Talvez sem o desejarem, acabaram por criar um exemplo de vigor e equilíbrio.

Esta harmonia só é perturbada quando se observa o intradorso da Ponte da margem esquerda, sendo possível notar o desfasamento dos silhares [pedras] de arranque, na margem direita, cuja posição foi interrompida para colocação do cimbre (estrutura em madeira que serve para o molde do arco). Parte de uma rede municipal e paroquial de caminhos no antigo concelho de Gouveia, a Ponte do Arco representa bem o modelo de travessias locais que se disseminou ao longo da Época Moderna.
12. Igreja de Santo Isidoro de Canaveses
Pequena Igreja, cujo estilo românico primitivo se apresenta em bom estado de conservação. Edificada na segunda metade do século XIII num pequeno planalto, foi dedicada ao bispo Santo Isidoro. Na sua estrutura destaca-se o elaborado portal principal. Os toros das arquivoltas ligam-no ao românico portuense, os fustes cilíndricos e prismáticos que as sustentam aproximam-no do românico disseminado pela bacia do Sousa e as palmetas nas impostas ligam-no ao eixo Braga-Rates.

No interior, a luz passa por estreitas frestas que acentuam o despojamento ditado pela intervenção de restauro de 1977. O arco triunfal, que divide a capela-mor da nave, apresenta-se ligeiramente quebrado e desprovido de qualquer ornamento. Salta à vista a pintura a fresco que reveste parte da parede fundeira da capela-mor. Datado de 1536 e assinado pelo pintor Moraes, o conjunto pictórico apresenta-se à maneira de um tríptico, que, lido da esquerda para a direita, apresenta a Virgem com o Menino, Santo Isidoro e Santa Catarina de Alexandria. Nas paredes laterais podemos ainda observar, do lado esquerdo, um São Miguel que pesa as almas e, do lado direito, um São Tiago Apóstolo, vestido como romeiro.