A cidade de Málaga, na Andaluzia, é mais conhecida como o lugar onde nasceu Pablo Picasso. Mas a cidade transcende a importância do genial artista, que aqui tem a sua obra homenageada num consistente e fantástico museu que alberga muitos dos seus trabalhos.
A sua posição privilegiada de frente para o Mediterrâneo e as suas praias – a mais próxima do centro é a Playa de la Malagueta – fazem de Málaga uma das portas principais da Costa del Sol, por onde se estendem as praias mais ensolaradas da Espanha. Ao longo da história, Málaga foi o lar de povos como os fenícios e os romanos, além dos mouros. E conserva construções preciosas desses e de outros períodos, que engrossam o património histórico da cidade.
Há inúmeros pontos de interesse e atracções turísticas para visitar em Málaga. Os seus vestígios romanos e o seu palácio construído pelos mouros são alguns dos mais famosos. As praias de Málaga são também, obviamente, um dos motivos para visitar esta cidade do Sul de Espanha. Estes são os melhores locais para visitar em Málaga.
1. Alcazaba de Málaga
A estrutura da Alcazaba de Málaga foi edificada sobre a rocha, destacando a harmoniosa conjunção das suas necessidades defensivas com a beleza das suas estâncias e jardins interiores. Desde o princípio, o enorme recinto que a conforma foi utilizado como uma fortaleza urbana, com funções político-administraivas como sede de governo e residência para os dirigentes da cidade. Na parte mais elevada do complexo, situa-se a zona do palácio, composto por várias dependências. Os palácios árabes estavam organizados em torno a pátios rectangulares. A visita possibilita-nos admirar os diversos elementos da Arquitectura Hispano-Muçulmana, isto é, aquela desenvolvida na Espanha durante os quase 800 anos de dominação árabe no país. Destacam os variados elementos decorativos, nos quais os árabes eram verdadeiros mestres, na composição geral dos palácios. Nos tectos das estâncias, por exemplo, na sua decoração eram utilizados complexos trabalhos de artesanato em madeira ou elaboradas pinturas.

Os motivos decorativos estavam compostos por elementos geométricos, florais e epigráficos, sendo utilizados nos elementos arquitectónicos das construções, como arcos, capitéis, etc. A complexidade na elaboração decorativa é uma das características da arte muçulmana. Essa riqueza decorativa foi transportada também aos objectos quotidianos, como a cerâmica. Na Alcazaba de Málaga estão expostas uma belíssima colecção delas, realizadas no período árabe. Uma das técnicas utilizadas com mais alto grau de refinamento é a denominada de Reflexo Metálico. O fabrico das cerâmicas árabes, e as suas variadas técnicas, exerceram uma fundamental influência na elaboração posterior destas peças, no decorrer dos séculos.
2. Catedral de Málaga
Santa Igreja Catedral Basílica da Encarnaçao. Este é o nome do principal templo católico da cidade de Málaga, a sua Catedral. Situada em frente à Praça do Bispo, a Catedral de Málaga é considerada um dos monumentos renascentistas mais valiosos da Comunidade de Andaluzia. Na sua construção participaram os grandes mestres do Renascimento Andaluz, como Andrés de Vandelvira, Hernán Ruiz II, Diego de Vergara e o famoso Diego de Siloé. Depois da Reconquista de Málaga, os Reis Católicos converteram a antiga mesquita em templo católico, passando a ser denominada Igreja Maior e posteriormente declarada Catedral, depois da restituição do Bispado da cidade. No entanto, em 1523 decide-se pela construção de uma nova igreja no estilo gótico. Problemas no projecto dificultaram a continuação das obras, que afinal foram realizadas a mediados do séc. XVI (1528), dentro do contexto da estética renascentista.

A Catedral de Málaga foi consagrada em 1588, mas o enorme templo teve várias interrupções ao longo dos séculos, sendo definitivamente concluída apenas no séc. XVIII. Por isso, a catedral conforma uma síntese de estilos, com predomínio dos elementos renascentistas e os barrocos complementários do séc. XVIII. A torre sul ficou inacabada, motivo pelo qual a Catedral de Málaga é conhecida carinhosamente como “La Manquita”. A fachada principal foi edificada no séc. XVIII. A sua parte inferior está composta por uma tripla arquería, formada por colunas de mármore avermelhada. O arco central representa a Anunciação, obra do escultor barroco António Ramos (1743). A catedral possui jardins próprios, que recordam a antiga mesquita.
3. Castelo de Gibralfaro
Além da Alcazaba, o denominado Monte Gibralfaro acolhe na sua parte mais elevada o Castelo, cujo nome se originou de um farol existente durante a época fenícia. Desta forma, o Castelo de Gibalfaro e a sua localização estão relacionados com as origens da cidade de Málaga, tanto no que se refere à sua função como posto de vigia, como no aspecto de assentamento humano. É bem provável que durante o período romano já existisse uma fortaleza no local, mas foi na época árabe quando se construiu o castelo, que domina toda a região. Realmente, o chamado castelo é, na realidade, um grande recinto defensivo, e o seu aspecto não tem nada que ver com a imagem de um castelo, e sim de um Alcázar (fortaleza). As ruínas existentes no local foram transformadas num sistema defensivo pelo rei Abderramán III, sendo ampliadas e convertidas em Alcázar por Yusuf I, no séc. XIV. A sua função era de albergar as tropas e proteger a Alcazaba, situada na parte inferior do Monte Gibralfaro.

Considerada durante uma época a fortaleza mais inexpugnável da Península Ibérica, o Castelo de Gibralfaro sofreu um forte assédio pelos Reis Católicos durante a reconquista da cidade no final do séc. XV. Depois de conquistada pelos monarcas, foi utilizado pelo rei Fernando El Católico como residência, enquanto a rainha Isabel preferiu viver na cidade. A estrutura geral do castelo está formada por uma linha dupla de muralhas e 8 torres, das quais a mais alta possui 17 metros de altura. Foi também durante o governo dos Reis Católicos quando a imagem do castelo foi incorporada ao escudo e a bandeira, tanto da província, quanto da cidade de Málaga.
4. Museu Pablo Picasso
Um lugar de visita obrigatória para se conhecer a obra de Pablo Picasso é o Palácio de Buenavista, sede do Museu Picasso de Málaga. O edifício, construído no séc. XVI, insere-se dentro do modelo da arquitectura renascentista, e foi a residência dos Condes de Buenavista, a quem deve o seu nome. A sua torre rectangular, de origem defensiva medieval, era usada como mirante, para avistar os barcos que chegavam ao porto. A partir de 1913, o Palácio de Buenavista transformou-se no Museu de Belas Artes e em 1939 foi declarado Monumento Nacional. Em 1996, foi escolhido para ser a sede do Museu Picasso, devido à importância da sua arquitectura civil, e no ano de 2009 foi inaugurado, após terem sido realizadas as reformas para tal fim. A criação do espaço respondeu ao desejo do próprio artista, para que uma parte das suas obras estivessem presentes na cidade onde nasceu.

A concretização do Museu Picasso de Málaga foi possível graças aos esforços e a vontade de Christine e Bernard Ruiz Picasso, nora e neto do pintor, cujas doações constituem o acervo do museu, assim como da Junta de Andaluzia, que realizou um grande projecto museológico consagrado ao artista. O acervo está composto por 233 obras, englobando uma ampla variedade de estilos e técnicas que Picasso dominou como um mestre. O museu dispõe também de um agradável jardim e uma pastelaria. Actualmente, o Museu Picasso de Málaga, junto com os de Barcelona e Paris, constitui um espaço artístico de primeira ordem para contemplar a sua obra. Em 1891, quando ainda criança, Picasso e sua família abandonaram a cidade, devido à pouca estabilidade económica que possuíam. Da cidade, foram a La Coruña e, posteriormente, a Barcelona e Paris, lugares onde o genial pintor revolucionaria o mundo da Arte Contemporânea. Picasso faleceu em Mougins (França), em 1973.
5. Teatro Romano
O Teatro Romano de Málaga são os vestígios arqueológicos do teatro da antiga Malaca e o principal vestígio preservado da presença romana em Málaga. Está localizado no centro histórico da cidade, no sopé da colina da Alcazaba. O Teatro foi descoberto em 1951 no decorrer de algumas obras para a realização de um espaço paisagístico. No início, os restos apareceram identificados com uma das portas da parede. Pouco depois, foi visto que era realmente o Aditus Maximus de um edifício teatral da época romana.

Depois de muitos anos de pesquisa e debate na década de noventa do século XX é tomada a decisão de demolir a casa da cultura, cavar extensão do solar e posteriormente restaurar e consolidá-lo para o seu valor. Actualmente é um enclave arqueológico cuja propriedade e gestão corresponde à Junta Andaluza. Está aberto ao público de terça a domingo, e a sua visita é articulada entre um centro de interpretação localizado ao lado do teatro e o local cujo percurso é possível através de passadiços de madeira.
6. Mercado de Atarazanas
Outro lugar que merece uma visita é o Mercado Central de Atarazanas. Construído entre 1876 e 1879, é um exemplo da arquitectura eclética da cidade. O mercado foi projectado por Joaquín de Rucoba, o mesmo arquitecto que realizou a Praça de Touros de Málaga. No local, antigamente havia uma fábrica naval do período árabe. Felizmente, uma das portas de acesso desta antiga construção foi conservado, e actualmente podemos vê-la no mercado.

O mercado foi levantado depois que as antigas ruínas da fábrica foram finalmente removidas. Desta forma, a cidade pôde receber um mercado fechado, já que aqueles realizados ao ar livre eram pouco higiénicos. No interior do Mercado de Atarazanas, um grande painel de vitrais mostra os edifícios mais emblemáticos da cidade.
7. Praça da Constituição
Desde os tempos árabes que a Plaza de la Constitución se assumiu como a mais importante praça da cidade. É claro que, naqueles dias ainda distantes de uma constituição espanhola, a praça tinha o nome de Plaza de las Cuatro Calles ou Praça Pública. O nome actual só foi dado em 1812, o mesmo ano em que foi aprovada a constituição espanhola. Hoje, como há séculos já acontecia, a praça está repleta de vida e é um local de encontro entre os habitantes locais e palco de alguns acontecimentos culturais importantes na vida da cidade.

Encontramos no mercado da praça uma fonte, a Fuente de Génova, à volta da qual se distribuem edifícios do século XIX e também o emblemático centro comercial Pasaje Chinitas. Este lugar era extremamente popular no início do século XX, quando um pequeno estabelecimento de nome El Café de Chinitas animava bairros inteiros com as suas representações teatrais, e as suas instalações de bar, café e o seu palco onde os melhores dançarinos do flamenco podiam encantar as multidões. Além de tudo isto, o famoso poeta Federico García Lorca era um cliente regular do café, tendo mencionado as suas visitas ao estabelecimento em vários dos seus poemas.
8. Jardim Botânico
O Jardim Botânico de Málaga tem 250,000 metros quadrados e é onde habitam mais de 2000 espécies de plantas e árvores, constituindo-se assim como um dos jardins botânicos mais diversos exóticos da Europa. O jardim é um oásis de flora, elementos de água, pássaros e insectos.

Aos domingos à tarde, depois das 15h30, a entrada é gratuita, e por isso este é um dos locais onde vai querer passar uma tarde inspirada em paz e tranquilidade. Há uma área de piqueniques e imensos bancos espalhados pelo jardim, por isso se vier preparado com o seu cesto e toalha tem tudo para aproveitar uma ceia com a família no jardim.
9. Praça de Touros La Malagueta
A “Plaza de Toros” é um lugar emblemático que poderá visitar em quase todas as cidades da Andaluzia, e Málaga não é excepção à regra. O edifício é impressionante visto do exterior, mas se for até à sua arena central, que está coberta de areia dourada e é rodeada por bancadas que oferecem lugar a mais de 9 mil espectadores, irá sentir-se arrebatado. O ingresso para entrar no edifício, mais a possibilidade de entrar no museu, custa apenas 1,80€ por pessoa.

A Plaza de Toros foi construída em 1874 e concebida por Joaquín Rucobe, que foi também o arquitecto responsável pelos principais projectos na cidade de Málaga, incluindo o Parque de Málaga e o Mercado de Atarazanas. O edifício caracteriza-se pelo seu estilo neo-Mudéjar, que foi uma referência estética da arquitectura dos séculos XIX e XX em Espanha, e foi inspirado pelas raízes árabes plasmadas um pouco por toda a Andaluzia. Hoje em dia este lugar é considerado património histórico em Espanha. São programadas touradas várias vezes por ano nesta arena, apesar de ela ser mais usada para ferias e concertos.
10. Parque de Málaga
Ao atravessar a rua irá deparar-se com o grande Parque de Málaga. Este é um dos principais (e maiores) parques naturais da cidade, mas para captarmos completamente a sua atenção vamos só dizer que tem a flora tropical mais ampla da Europa. Encontra-se entre o porto e o centro da cidade, e todo o seu espaço interior é um reduto de diversas plantas exóticas e pequenos papagaios, que se substituem aos galos nos seus cantares matinais, quase compondo uma sinfonia da natureza.

O parque foi concebido nos anos 70 do século XIX, apesar de a sua inauguração só ter acontecido em 1899 e os trabalhos para o deixar completamente terminado terem durado até 1921. Desde então, o parque tem vindo a ser alvo de diversas renovações, sempre com o cuidado de manter a sua forma original. Entre as palmeiras, as heras, e as centenas de espécies de plantas, irá encontrar pequenos lagos, recreios para crianças, quiosques, e um anfiteatro onde se programam frequentemente espectáculos.
11. Jardins Pedro Luís Alonso
Os jardins Pedro Luís Alonso são muitas vezes esquecidos numa primeira visita a Málaga, embora se situem numa zona central, logo ao lado do edifício da Câmara Municipal. O parque foi criado em 1947, um projecto do reconhecido arquitecto local Fernando Guerrero Strachan, e deve o seu nome a uma importante personalidade do pós-guerra e presidente municipal Pedro Luís Alonso. O padrão geométrico do parque, inspirado nos jardins tipicamente franceses, não é muito comum na Andaluzia. A sua vegetação é composta principalmente de laranjeiras e outra árvores de fruto, que perfumam o ar de um intenso aroma a citrinos especialmente notório durante a Primavera, entre finais de Março e princípios de Abril. Também lá encontra diferentes espécies de rosas, que florescem em diferentes épocas do ano.

Não importa portanto a época do ano em que por lá passe, irá sempre sentir-se agradavelmente acompanhado pelos aromas cítricos, florais e da restante vegetação. Um dos pontos de honra do jardim é o monumento El Biznaguero, representando um homem bastante expressivo segurando um ramalhete de flores de jasmim na mão típicas de Málaga. Esta espécie local conhecida como “biznaga” é um dos símbolos mais importantes de Málaga, designando as delicadads flores de jasmim que perfumam as noites quentes de verão na cidade e que são tipicamente oferecidas por vendedores especiais chamados de biznagueros. O monumento foi concebido por Jaime Fernandez Pimentel.
12. Museu do Vidro
Este pequeno e intrigante museu fica numa linda casa antiga do século XVIII, com vigas expostas no tecto, móveis de época e decoração de bom gosto. O que as pessoas vêm apreciar neste é a grande colecção de objectos de vidro antigos que abrange vários milhares de anos. Há peças de uma série de civilizações antigas: fenícios, romanos, gregos antigos e egípcios.

Confira a tigela de vidro verde romana, ainda intacta 2.000 anos depois. Depois, você poderá ainda contemplar belos itens venezianos, objectos de vidro da Idade de Ouro Holandesa do século XVII e uma colecção de vidro de chumbo inglês, incluindo jarras e taças de vinho dos anos 1500.
Tudo o que me têm enviado é muito informativo, esplêndido. Agradeço muito. Um abraço a todos