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Home Cultura

Os 10 poemas mais bonitos sobre Lisboa

VxMag by VxMag
Dez 22, 2019
in Cultura
1
poemas mais bonitos sobre Lisboa

Lisboa

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Não é só no fado da Mouraria ou de Alfama que se canta a beleza de Lisboa. Ao longo dos séculos, os nossos melhores poetas tentaram definir por palavras a beleza de uma cidade que não tem definição possível. Afinal de contas, Lisboa não se explica por palavras. Quanto muito, explica-se por sentimentos presentes na música, no fado ou na poesia. Conheça os 10 poemas mais bonitos sobre Lisboa.

 

1. Lisboa

Alguém diz com lentidão:

“Lisboa, sabes…”

Eu sei. É uma rapariga

descalça e leve,

um vento súbito e claro

nos cabelos,

algumas rugas finas

a espreitar-lhe os olhos,

a solidão aberta

nos lábios e nos dedos,

descendo degraus

e degraus e degraus até ao rio.Eu sei. E tu, sabias?

Eugénio de Andrade, in Até Amanhã, 1956

 

2. Lisboa

Digo:

“Lisboa”

Quando atravesso – vinda do sul – o rio

E a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse

Abre-se e ergue-se em sua extensão noturna

Em seu longo luzir de azul e rio

Em seu corpo amontoado de colinas –

Vejo-a melhor porque a digo

Tudo se mostra melhor porque digo

Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência

Porque digo

Lisboa com seu nome de ser e de não-ser

Com seus meandros de espanto insónia e lata

E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro

Seu conivente sorrir de intriga e máscara

Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata

Lisboa oscilando como uma grande barca

Lisboa cruelmente construida ao longo da sua própria ausência

Digo o nome da cidade

– Digo para ver

Sophia de Mello Breyner Andresen (1977), in Obra Poética, 2011

 

3. E de novo, Lisboa, te remancho,

E de novo, Lisboa, te remancho,

numa deriva de quem tudo olha

de viés: esvaído, o boi no gancho,

ou o outro vermelho que te molha.Sangue na serradura ou na calçada,

que mais faz se é de homem ou de boi?

O sangue é sempre uma papoila errada,

cerceado do coração que foi.Groselha, na esplanada, bebe a velha,

e um cartaz, da parede, nos convida

a dar o sangue. Franzo a sobrancelha:

dizem que o sangue é vida; mas que vida?Que fazemos, Lisboa, os dois, aqui,

na terra onde nasceste e eu nasci?

Alexandre O’Neill, in De Ombro na Ombreira, 1969

 

4. Balada de Lisboa

Em cada esquina te vais

Em cada esquina te vejo

Esta é a cidade que tem

Teu nome escrito no cais

A cidade onde desenho

Teu rosto com sol e TejoCaravelas te levaram

Caravelas te perderam

Nas manhãs da tua ausência

Tão perto de mim tão longe

Tão fora de seres presenteEsta é a cidade onde estás

Como quem não volta mais

Tão dentro de mim tão que

Nunca ninguém por ninguém

Em cada dia regressas

Em cada dia te vais.Em cada rua me foges

Em cada rua te vejo

Tão doente da viagem

Teu rosto de sol e Tejo

Esta é a cidade onde moras

Como quem está de passagemÀs vezes pergunto se

Às vezes pergunto quem

Esta é a cidade onde estás

Com quem nunca mais vem

Tão longe de mim tão perto

Ninguém assim por ninguém

Manuel Alegre, in Babilónia, 1983

 

5. O Terceiro Corvo

Oh Lisboa

como eu gostava de ser

o terceiro corvo do teu emblema…

estar implícita na tua bandeira

negra e branca

como tinta e papel

como escrita e espaço!

 

Ser teu desenho

tua nova lenda

invenção deste século

que já não inventa

e se interroga:

donde vieram estes corvos?

 

Como tu, Vicente,

eu também não sou de cá

não sou daqui

não pertenço a esta terra

e talvez nem sequer a este mundo…

 

Porém estou aqui

nesta dolorosa praia lusitana

cheia de um tumulto inútil

que enegrece as tuas areias

e polui o ventre do rio

que os golfinhos há muito desertaram

 

E olhando as nuvens dedilhadas pelo vento

sentindo a terna dor do teu sentir sentido

peço-te, Lisboa:

surge de novo bela

reinventa

a santidade perdida do teu emblema

Ana Hatherly, in Em Lisboa sobre o mar, Poesia 2001-2010

 

6. Aos jacarandás de Lisboa

São eles que anunciam o verão.

Não sei doutra glória, doutro

paraíso: à sua entrada os jacarandás

estão em flor, um de cada lado.

E um sorriso, tranquila morada,

à minha espera.

O espaço a toda a roda

multiplica os seus espelhos, abre

varandas para o mar.

É como nos sonhos mais pueris:

posso voar quase rente

às nuvens altas – irmão dos pássaros –,

perder-me no ar.

Eugénio de Andrade, in Os Sulcos da Sede, 2001

 

7. Lisboa

Cidade branca

semeada

de pedras

 

Cidade azul

semeada

de céu

 

Cidade negra

como um beco

 

Cidade desabitada

como um armazém

 

Cidade lilás

semeada

de jacarandás

Cidade dourada

 

semeada

de igrejas

 

Cidade prateada

semeada

de Tejo

 

Cidade que se degrada

cidade que acaba.

Adília Lopes, in Poemas Novos, 2006

 

8. Lisboa com suas casas

Lisboa com suas casas

De várias cores,

Lisboa com suas casas

De várias cores,

Lisboa com suas casas

De várias cores…

À força de diferente, isto é monótono.

Como à força de sentir, fico só a pensar.

 

Se, de noite, deitado mas desperto,

Na lucidez inútil de não poder dormir,

Quero imaginar qualquer coisa

E surge sempre outra (porque há sono,

E, porque há sono, um bocado de sonho),

Quero alongar a vista com que imagino

Por grandes palmares fantásticos.

Mas não vejo mais,

Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,

Que Lisboa com suas casas

De várias cores.

 

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa.

À força de monótono, é diferente.

E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.

 

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,

Lisboa com suas casas

De várias cores.

Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), in Poesias de Álvaro de Campos, 1934

 

9. Tejo

Aqui e além em Lisboa – quando vamos

Com pressa ou distraídos pelas ruas

Ao virar da esquina de súbito avistamos

Irisado o Tejo:

Então se tornam

Leve o nosso corpo e a alma alada

Sophia de Mello Breyner Andresen (1994), in Obra Poética, 2011

 

10. À Lisboa das naus cheias de glória

Lisboa à beira-mar, cheia de vistas,

Ó Lisboa das meigas Procissões!

Ó Lisboa de Irmãs e de fadistas!

Ó Lisboa dos líricos pregões…

Lisboa com o Tejo das Conquistas,

Mais os ossos prováveis de Camões!

Ó Lisboa de mármore, Lisboa!

Quem nunca te viu, não viu coisa boa…

 

Ai canta, canta ao luar, minha guitarra,

A Lisboa dos Poetas Cavaleiros!

Galeras doidas por soltar a amarra,

Cidades de morenos marinheiros,

Com navios entrando e saindo a barra

De proa para países estrangeiros!

Uns pra França, acenando Adeus! Adeus!

Outros pras Índias, outros… sabe-o Deus!

 

Ó Lisboa das ruas misteriosas!

Da Triste Feia, de João de Deus,

Beco da Índia, Rua das Fermosas,

Beco do Fala-Só (os versos meus…)

E outra rua que eu sei de duas Rosas,

Beco do Imaginário, dos Judeus,

Travessa (julgo eu) das Isabéis,

E outras mais que eu ignoro e vós sabeis.

(…)

António Nobre, in Despedidas: 1895-1899, 1902

Tags: língua portuguesaliteraturapoesia
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Comments 1

  1. Mario Lourenço says:
    6 anos ago

    fora do pays, a cerca de 40 anos.
    uma so palavra: Mais

    Responder

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