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O dia em que mais de 1000 criminosos se apoderaram das ruas de Lisboa

No século XIX, Portugal vivia ainda o rescaldo da guerra civil e Lisboa era uma cidade a ferro e fogo, tal como se constatou quando mais de mil presos fugiram do Limoeiro.

VxMag by VxMag
Jul 28, 2021
in História
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lisboa

Fuga dos prisioneiros da prisão do Limoeiro

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O dia 29 de abril de 1847 ficou marcado na memória dos portugueses, e especialmente dos que habitavam em Lisboa, durante décadas. Hoje, o episódio que nesse dia teve lugar é pouco conhecido entre a maioria da população, que pouco ou nada conhece sobre esse dia dos horrores, em que mais de mil prisioneiros, muitos deles perigosos e armados, dispersaram pelas ruas da capital, aterrorizando a população, que sofria já com a escassez de mantimentos.

Eram cinco da tarde quando cerca de 40 homens armados do 2º Batalhão de Sapadores se dirigiu ao Limoeiro, exigindo a abertura dos portões da prisão por supostos desacatos no interior. Ao mesmo tempo, dispararam para a prisão, matando o carcereiro e o guarda da porta. Assim, o grupo conseguiu entrar na prisão, apoderar-se das chaves e libertar todos os prisioneiros.

Toda a facilidade do processo levou a suspeita de conivência interna, havendo quem garantisse que as celas estavam já escancaradas e que os guardas nem levantaram resistência. Parece que o objetivo da incursão era libertar a cerca de centena e meia de presos políticos que no Limoeiro se encontravam. No entanto, acabaram por libertar 1026 detidos, entre os quais assaltantes e assassinos.

Lisboa no final do século XIX
Lisboa no final do século XIX

Um grande grupo de prisioneiros dirigiu-se ao Castelo de São Jorge, também usado como cadeia na altura, e tentou atacar de surpresa. Os planos acabaram por sair gorados graças a um sentinela, que deu o alarme e levou a que a turba debandasse. Foram enviadas tropas para conter esta horda, mas por essa altura já muitos estragos estavam feitos. Do confronto entre foragidos e estas tropas, resultaram ainda mais danos e até mortes.

Rapidamente se recapturaram os primeiros 42 fugitivos e, até final da noite do dia 30, já tinham sido recolhidos cerca de 600 prisioneiros. Três dezenas deles foram mortos, e um número ainda significativo conseguiu sair da cidade rumo ao Sul. Curiosamente, dos presos políticos, que se queriam soltar efetivamente, 16 recusaram sequer sair do Limoeiro e participar na tentativa de fuga.

Este episódio foi muito noticiado em jornais internacionais, que, semanas antes, afirmavam que o estado de Lisboa era assustador, já que grande parte da população não tinha o que comer, graças à desvalorização da moeda e ao aumento rápido do custo dos alimentos. Segundo esses mesmos jornais, este episódio, bem como outros de igual violência e perturbação, causaram um sentimento de animosidade em relação à Rainha, D. Maria II, vista como responsável por todos estes males.

De facto, entre a primavera e 1846 e 1847 sucederam-se vários tumultos, como a famosa revolta da Maria da Fonte, que se propagaram pelo território nacional, numa revolta contra as leis lançadas pelo governo dos Cabrais (os irmãos António Bernardo da Costa Cabral e José Bernardo da Silva Cabral), que envolviam coisas como o aumento dos impostos, alterações no recrutamento militar e até a proibição de realizar enterros nas igrejas.

Lisboa no final do século XIX
Lisboa no final do século XIX

As fações políticas da época aproveitaram a instabilidade e, entre quedas de governos, intrigas e golpes, pegaram em armas e colocaram o país a ferro e fogo. Os ânimos só apaziguaram quando D. Maria II conseguiu que os restantes países da Quádrupla Aliança (França, Espanha e Inglaterra) se comprometesse a apoiar os seus propósitos e ajudasse na contenção dos revoltosos, o que acabou por acontecer. Assim, a Rainha aceitou os termos impostos pelos aliados, na Convenção do Gramido.

A 10 de junho de 1847, proclamava-se uma amnistia geral para os suspeitos de implicação nas revoltas, embora só em teoria, porque estes foram vítimas de vinganças e represálias. Quanto ao Limoeiro, os seus guardas acabam por ser ilibados de responsabilidade na fuga. A prisão em si continuou o espaço sobrelotado e degradante que já era, foco de doenças e de vícios.

Talvez seja mais fácil entender todos estes tumultos se os relacionarmos com a pobreza que se vivia em Portugal e com o ambiente pesado resultado da guerra civil que tinha acontecido poucos anos antes. De facto, entre 1832 e 1834, o país debateu-se com a guerra entre os Liberais e os Miguelistas. Os Liberais acabariam por vencer, o que ditou a continuação de D. Maria II no trono e a renúncia do seu tio D. Miguel.

No entanto, as sequelas da guerra civil foram imensas. Para além das mortes, houve muita destruição que causou pobreza e fome. Além disso, o país não ficou totalmente pacífico após o final da guerra: por todo o lado eclodiam pequenas revoltas pelas mais variadas razões. O país pode ter visto a guerra chegar ao fim, mas demorou muito tempo até sarar as feridas.

O descontentamento continuou nas décadas seguintes, criando as condições naturais para a revolta popular que acabaria por ditar o final da Monarquia, cerca de 60 anos depois. Quanto ao dia 29 de Abril de 1847… acabaria por cair no esquecimento, no meio de tantas convulsões sociais vividas naquela época.

Tags: história de lisboahistória de portugal
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