A Ponte 25 de Abril é uma das obras de engenharia mais emblemáticas de Portugal e de Lisboa. A sua construção e o seu nome estão intimamente ligados à história do país e da cidade, refletindo as mudanças políticas, sociais e económicas que ocorreram ao longo do século XX. A ideia de construir uma ponte sobre o estuário do Tejo remonta ao século XIX, quando se pensou em ligar as duas margens da área metropolitana de Lisboa por uma ponte ferroviária.
No entanto, o projeto só avançou na década de 1950, quando o governo do Estado Novo decidiu construir uma ponte rodoferroviária para facilitar o tráfego entre Lisboa e a margem sul, onde se situavam importantes polos industriais e agrícolas.
O projeto foi entregue à empresa norte-americana United States Steel Export Company, que tinha experiência na construção de pontes suspensas. A ponte foi inspirada na famosa Golden Gate de São Francisco, nos Estados Unidos, tendo sido fabricada pela mesma empresa. A construção iniciou-se em 1962 e durou cerca de quatro anos, envolvendo mais de três mil trabalhadores.
Foi inaugurada em 6 de agosto de 1966, com o nome de Ponte Salazar, em homenagem ao ditador que governava o país na época. A cerimónia contou com a presença do presidente da República, Américo Tomás, e do ministro das Obras Públicas, Arantes e Oliveira. A ponte foi considerada uma obra-prima da engenharia e um símbolo do progresso e do desenvolvimento do país.
No entanto, o seu nome não durou muito tempo. Em 25 de abril de 1974, ocorreu a Revolução dos Cravos, que pôs fim ao regime autoritário e iniciou um processo de democratização do país. Foi rebatizada como Ponte 25 de Abril, em homenagem à data histórica que marcou o início de uma nova era para Portugal.
Tem um comprimento total de 2.277 metros e um vão livre de 1.013 metros, sendo a 33ª maior ponte suspensa do mundo. O tabuleiro superior alberga seis vias rodoviárias (três por sentido), enquanto que o tabuleiro inferior alberga duas linhas ferroviárias eletrificadas. Possui uma capacidade para suportar cerca de 150 mil carros e 157 comboios por dia.
É também um elemento importante da paisagem urbana de Lisboa, oferecendo uma vista panorâmica sobre a cidade e o rio Tejo. Na margem sul, junto à base da ponte, situa-se o Santuário Nacional de Cristo Rei, uma estátua inspirada no Cristo Redentor do Rio de Janeiro, que abençoa a cidade com os braços abertos.
Uma das características mais distintivas da ponte 25 de Abril é a sua cor laranja-avermelhada, que foi escolhida para se harmonizar com as variações climáticas e a luz solar ao longo do dia e do ano.
Outro aspeto interessante da ponte é o seu sistema de monitorização sísmica, que permite detetar eventuais anomalias estruturais ou movimentos sísmicos que possam afetar a sua segurança. Foi projetada para resistir a sismos de grande magnitude e a ventos fortes, tendo em conta a sua localização numa zona sísmica ativa.
Para quem quiser saber mais sobre a história e o funcionamento da ponte 25 de Abril, existe um centro interpretativo que explica aos visitantes os detalhes técnicos e históricos da obra. O centro está situado na margem sul da ponte, junto ao pilar 7, e proporciona uma vista privilegiada sobre a cidade e o rio.
Veja imagens da construção e dos primeiros dias de vida da Ponte 25 de Abril, que estão disponíveis no Arquivo Municipal de Lisboa e da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian.