Trata-se, sem dúvida, de um dos mais famosos licores nacionais e começa inclusive a ganhar fama internacional: a ginjinha de Óbidos. A sua receita permanece em segredo mas há muitos que tentam a sua sorte e conseguem resultados surpreendentes. A criação de licores à base de frutas remonta a tempos e locais ancestrais, onde estas eram tidas como medicinais ou na cura de diversos males.
É difícil estabelecer com exactidão a origem do aparecimento da ginja. Contudo, pensa-se ser procedente da Ásia menor, das margens do Rio Cáspio, tendo sido gradualmente dispersa pelos países mediterrânicos através das rotas comerciais.
Na Etnografia Portuguesa, José Leite Vasconcelos, refere que Plínio o velho (séc. I DC), famoso escritor romano, louva as ginjas da Lusitânia.
![Ginjinha de Óbidos](https://www.vortexmag.net/wp-content/uploads/2015/10/ginginha-1-e1446316169333.jpg)
Portugal tem, de facto, no Oeste, nomeadamente no concelho do Óbidos, graças ao seu particular microclima, as melhores ginjas silvestres da Europa. Por isso mesmo, seria natural que a Ginjinha de Óbidos nascesse precisamente aqui, onde estão as melhores e mais saborosas ginjas do país.
Também denominada por “Ginjinha de Óbidos”, o licor tem um forte sabor, intensamente perfumado com o agridoce das ginjas. De cor vermelho escuro, o licor apresenta duas variedades distintas: o licor simples e o licor com frutos no seu interior, por vezes aromatizado com baunilha ou um pau de canela.
![Ginjinha de Óbidos](https://www.vortexmag.net/wp-content/uploads/2018/11/5117861261_94ee747fbf_b.jpg)
Acredita-se que a origem deste licor remonta ao séc. XVII, de receita conventual, da qual um frade tirou partido das grandes quantidades de fruto existentes na região, executando o refinamento do licor hoje conhecido.
A fórmula foi gradualmente difundida, passando o licor a ser confeccionado a nível familiar por obidenses, orgulhosos de presentear ilustres hóspedes com a melhor das ginjas.
História da Ginjinha de Óbidos
Não levou muito tempo até que a fórmula do licor fosse difundida e desde logo os Obidenses começaram a confeccioná-lo competitivamente, a nível familiar, fazendo questão em presentear os mais ilustres hóspedes com a melhor ginja.
Com o despertar de Óbidos para o turismo, há cerca de 30 anos, um contador nato de histórias e de grande visão comercial, de seu nome Montez, abriu o primeiro bar da vila, que cedo se transformou no ponto de encontro de uma classe abastada, tendo a ginja sido catapultada para o circuito comercial como bebida da casa.
Com o decorrer do tempo abriram-se novos bares e começou então a competição entre eles pela posse da melhor ginja. Mais ou menos alcoólica, mais ou menos doce, mais ou menos ácida, a Ginja de Óbidos é um ex libris da vila de Óbidos que empresta fama às célebres «noites de Óbidos».
![Ginjinha de Óbidos](https://www.vortexmag.net/wp-content/uploads/2018/11/25690217588_a1520bd6e9_b.jpg)
Cita-se, a título de curiosidade, uma receita fantasiosa que tornou o licor famoso. «Colocam-se dentro de um castelo rodeado de muralhas, os seguintes ingredientes: 11 igrejas; um número significativo de casas caiadas de branco com as barras de várias cores; umas quantas chaminés mouriscas; 2 dúzias de ruas empedradas; 1/2 dúzia de largos e um pelourinho.
Mexe-se continuadamente, vai-se polvilhando com flores. Após criar uma certa consistência, adiciona-se um conjunto de tradições que baste e uns quantos atos históricos a gosto.
Agita-se finalmente muito bem e deixa-se repousar durante oito séculos. Deve beber-se no local próprio, com elas ou sem elas, à temperatura ambiente.»
Receita da Ginjinha de Óbidos
Como já foi dito anteriormente, a receita original permanece no segredo dos deuses. No entanto, há diversas variantes que foram testadas e que produzem uma óptima ginjinha. Aqui fica uma receita original e com algumas sugestões que pode modificar ao seus gosto:
Ingredientes:
- 1 kg de ginjas (ginjas maduras mas sem qualquer tipo de beliscadura)
- 1 litro de aguardente de uva (pode ser substituído por álcool não vínico ou por vodka)
- 750 gramas de açúcar (não use açúcar amarelo)
Preparação:
- Lave as ginjas para lhes retirar o pó, e tire-lhes os pés.
- Depois de lavadas seque-as com papel absorvente.
- Deite as ginjas num frasco ou garrafa de boca larga.
- À parte misture a aguardente e o açúcar e verta o preparado sobre as ginjas.
- Tape bem e conserve num local escuro durante três a seis meses.
- Na primeira semana vá agitando de vez em quando a garrafa em que está a preparar o licor.
Algumas modificações à receita que lhe poderão agradar: Há quem deixe as ginjas a macerar no açúcar durante quarenta e oito horas, e só depois junta a aguardente. Há quem utilize as quantidades indicadas nos ingredientes, mas junte 750 cl de vinho tinto de 13,5º (Junta-se o vinho para que a graduação final seja menor. E a graduação da ginja tem de ficar entre os 18/20º) e 4 barrinhas de canela. Há quem prefira aguardar um ano para consumir a ginjinha. Depois é apenas… apreciar!
Pensei que refericem a historia da ginginha de Óbidos de outra forma. Mas posso acrescentar que a receita da atual levou decadas a ser o que hoje é, e que a fabrica se situa na Amoreira d’óbidos, hoje com grandes e modernas instalações. A receita é toda elaborada com produtos naturais. Com a minha familia materna a viver nessa vila conheço toda essa magnifica história.
É uma delicia a ginginha de Óbidos em copo de chocolate.