Tudo começou no século IX, com a presumível descoberta do túmulo do apóstolo Santiago na Galiza. Segundo a tradição medieval, o eremita Paio alertado por luzes nocturnas, que se produziam no bosque de Libredão, avisou o bispo de Iria Flavia, Teodomiro, que descobriu os restos de Santiago Maior e de dois dos seus discípulos, no lugar que posteriormente se levantaria Compostela, topónimo que poderia vir de Campus Stellae, isto é “campo de estrelas”, ou mais provavelmente de Composita Tella, “terras bem ajeitadas”, eufemismo de cemitério.

A descoberta propiciou que Afonso II das Astúrias, fizesse uma peregrinação que anunciou no interior do seu reino e no exterior, a um novo lugar de peregrinação da cristandade num momento em que a importância de Roma decaíra e Jerusalém não era acessível por estar em poder dos muçulmanos.
Em 1325, após a morte de D. Dinis, a rainha Santa Isabel peregrinou a Santiago, seguindo seguramente uma rota muito semelhante aquela que está hoje marcada pelas setas amarelas, cruzando a recém concluída ponte de Barcelos sobre o rio Cávado que desce das encostas da serra do Gerês.

Com as construções de novas estradas o caminho seguido pelos peregrinos terá sofrido algumas alterações no século XIX, tendo o caminho inicial caído em desuso. Com o crescer da popularidade do “camiño” no século XX, a Xunta da Galicia divulga em 1993 o itinerário Tui – Santiago. Finalmente, na primavera de 2006, um grupo de portugueses e espanhóis pinta a última seta do percurso entre Lisboa e Santiago.
O mais percorrido Caminho Português de Santiago é o Caminho Central, que passa por Lisboa, Coimbra e o Porto. Está totalmente assinalado desde Lisboa com as inconfundíveis setas amarelas que marcam os Caminhos de Santiago e, por vezes, com uma vieira amarela sobre fundo azul, o símbolo oficial.
Mas em Portugal existem vários Caminhos de Santiago, sempre de sul para norte, já que Santiago de Compostela fica na Galiza, a 120 km da fronteira de Valença, ao norte de Portugal.

A sul de Lisboa o Caminho não está ainda sistematicamente assinalado, mas sabe-se que também era percorrido na Idade Média pelos peregrinos, nomeadamente desde o Cabo de S. Vicente até Santiago do Cacém, num troço que hoje é conhecido como o Caminho Histórico da Rota Vicentina. A Rota Vicentina faz parte da Grande Rota GR11/E9 que passa por Lisboa.
O Caminho Central passa pelas seguintes localidades (distâncias aproximadas):
DE LISBOA A SANTARÉM
- Lisboa > Alhandra, 33km
Lisboa > Sacavém > Alpriate>Póvoa de Santa Iria > Alverca > Alhandra - Alhandra > Azambuja, 24km
Alhandra > Vila Franca de Xira > Carregado > Vila Nova da Rainha > Azambuja - Azambuja > Santarém, 32km
Azambuja > Aeródromo > Reguengo > Valada > Porto de Muge > Omnias > Santarém
DE SANTARÉM A TOMAR
- Santarém > Golegã, 30,5 Km
Santarém > Vale Figueira > Pombalinho > Azinhaga (terra natal de José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998) > Golegã - Golegã > Tomar, 22km
Golegã > S. Caetano (Quinta da Cardiga) > Vila Nova da Barquinha > Atalaia > Grou > Asseiceira > Santa Cita > Tomar
DE TOMAR A COIMBRA
- Tomar > Alvaiázere, 32 km
Tomar > Ponte de Peniche > Casais > Soianda > Calvinos > Ponte de Ceras > Tojal > Cortiça > Feteiras > Alvaiázere - Alvaiázere > Rabaçal, 33km
Alvaiázere > Laranjeiras > Venda do Negro > Casal Soeiro > Ansião > Netos > Venda do Brasil > Santiago da Guarda > Alvorge > Ribeira Alcalamouque > Rabaçal - Rabaçal > Coimbra, 32km
Rabaçal > Zambujal > Fonte Coberta > Poço > Conímbriga > Orelhudo > Cernache >Palheira > Cruz de Marouços > Coimbra
DE COIMBRA AO PORTO
- Coimbra > Mealhada, 23km
Coimbra > Adémia de Baixo > Trouxemil > Adões> Sargento Mor > Santa Luzia > Lendiosa > Mealhada - Mealhada > Águeda, 31km
Mealhada > Sernadelo > Alpalhão > Aguim > Anadia > Arcos > Avelãs de Caminho > Aguada de Baixo > Águeda - Águeda > Albergaria-a-Velha, 19,5km
Águeda > Mourisca do Vouga > Serém de Cima > Albergaria-a-Velha - Albergaria-a-Velha > Oliveira de Azeméis, 23km
Albergaria-a-Velha > Albergaria-a-Nova > Pinheiro da Bemposta > Bemposta > Oliveira de Azeméis - Oliveira de Azeméis > Grijó, 33,5 Km
Oliveira de Azeméis > Santiago de Riba-Ul > Cucujães > S. João da Madeira > Malaposta > Lourosa > Moselos > Grijó - Grijó > Porto 23,5km
Grijó > Perosinho > Vila Nova de Gaia > Porto
DO PORTO A VALENÇA
- Porto > São Pedro de Rates, 37 km
Porto > Araújo > Maia > Vilar do Pinheiro > Mosteiró > Vilarinho > Ponte de Ave > São Miguel dos Arcos > São Pedro de Rates - São Pedro de Rates > Barcelos, 17km
São Pedro de Rates > Pedra Furada/Goios > Pereira > Barcelinhos > Barcelos - Barcelos > Ponte de Lima, 34km
Barcelos > Vila Boa > São Pedro de Fins/Tamel > Ponte das Táboas > Outeiro > Grajal > Reborido > Vitorino dos Piães > Anta > Pedrosa > Ponte da Senhora das Neves > Ponte de Lima - Ponte de Lima > Rubiães, 22Km
Ponte de Lima > Arcozelo > Ponte da Geira > Ponte do Arco > Alto da Portela/Labruja > São Roque > Rubiães - Rubiães > Valença, 17km
Rubiães > São Bento da Porta Aberta > Gontomil > Fontoura > Paços > Pedreira > Tuído > Arão > Valença
Conselhos de preparação para o Caminho de Santiago
A peregrinação a Santiago de Compostela é um desafio físico e mental e por isso temos de nos preparar bem. Roupa adequada, muita água, pausas frequentes e boa forma física são essenciais.
Preparação prévia:
- Faça preparação física antes de iniciar o Caminho, com exercício diário para tonificar o corpo e dar elasticidade aos músculos das pernas, costas e pescoço.
- Estabeleça um plano de etapas, de 25/30 km por dia a pé e 60/100 km de bicicleta. Considere sempre as distâncias de acordo com as suas as possibilidades físicas e com as opções de alojamento existentes.
- Informe-se da previsão do tempo para adaptar o vestuário ao calor ou frio e humidade. Por favor, note que a humidade pode afectar doenças crónicas do tipo de músculo esquelético.
Preparação prévia para Peregrinação a pé:
- Se não está muito acostumado a caminhar longas distâncias, comece com caminhadas curtas, que deve aumentar progressivamente. Se possível, faça passeios de montanha para se acostumar com as subidas e descidas, até dominar a distância que planeamos para cada etapa.
- Faça passeios com a mochila carregada para se acostumar ao seu peso. Também ajuda a perceber se o peso que carregamos é excessivo.
- Adapte a mochila, evitando folga excessiva ou compressão. O peso deve estar perto do eixo do corpo e do seu centro de gravidade.
- Se não tiver oportunidade de treinar previamente, comece o caminho por pequenas etapas que vai aumentando à medida que o corpo permite.
Vestuário:
- Use vestuários adaptado para a época, tendo em conta a possibilidade de chuva, mesmo no verão.
- Use bonés ou chapéus para evitar a luz directa do sol sobre a cabeça, evitando insolações.
- Use um bordão ou stick de caminhada. Além de ajudar nos terrenos mais difíceis irá prevenir as tendinites.
- O segredo é várias camadas de roupa ligeira (em vez de uma peça grossa) mas são isolantes, para permitir que uma fina camada de ar quente permaneça entre as roupas e pele e sem perdas de calor.
Calçado:
- Use botas de montanha ou de treking ajustadas ao pé, de tecido leve e impermeável, permitindo a transpiração. As botas protegem os tornozelos de lesões e facilitam a caminhada em áreas de pedras e lama.
- Use meias de caminhada sem costura.
- No verão, também pode ser usado ténis para caminhadas, com sola/piso para solo pedregoso.
- Deve levar também chinelos ou sandálias para descansar o pé ao final da etapa e “arejar” o pé no caso de bolhas ou feridas.
- Nunca use botas ou ténis novos na caminhada.
Mochila:
- Deve ser confortável, bem adaptada ao corpo, leve, tipo anatómico, com cintos na cintura e no peito e bolsos laterais e superior.
- Não sobrecarregue a mochila (não mais de 10 quilos).
- Evite o atrito das correias/cintos da mochila.
Técnicas para caminhar:
- Antes de começar a caminhada diária, faça alguns alongamentos.
- Comece com um ritmo suave, nunca correndo, até que o corpo esquente. Depois a marcha deve ser regular e contínua.
- Descanse a cada uma ou duas horas, pelo menos 10 minutos, ou mais, se necessário.
- Mantenha sempre um ritmo que seja confortável para si, permitindo, sem qualquer esforço manter uma conversa. Caminhar tem que ser tão natural quanto respirar, o que fazemos sem perceber.
- Em terreno plano, ir ao nosso ritmo normal, nem muito longo nem muito curto em subida, com passo curto e lento, aliviando a mochila para respirar melhor e apoiar o pé com toda a planta no solo, para evitar a sobrecarga determinadas áreas.
- Em descidas e se o piso permitir, caminhe com passo mais rápido, apoiando bem o pé e apertando um pouco mochila na cintura, para descansar os ombros.
- Se estamos na companhia de alguém que tem o ritmo mais rápido, não o devemos tentar seguir, pois em poucas horas ficará muscularmente exausto.
Hidratação:
- Uma boa hidratação é absolutamente fundamental, antes, durante e depois da caminhada (três copos de água de 1 a 2 horas antes de começar a etapa, dois 15 minutos antes da partida e beber uma quantidade equivalente a um copo de água a cada 40 minutos durante a etapa. total de 2 litros de água / dia).
- Beba antes mesmo de ter sede. Beber pode ajudar a evitar problemas musculares, como cãibras.
- Nunca caminhe mais de 15 km sem beber água.
- Não consumir água de nascentes ou fontes de potabilidade duvidosa ou incerta.
Paragens / pausas:
- No verão, procure um lugar fresco à sombra.
- Solte os sapatos e coloque os pés para cima.
- As pausas podem ser usadas para beber e comer alguma coisa (nozes, chocolate, frutas, barras de energia… mas em pequenas quantidades, o suficiente para recuperar a força).
- As paragens não devem ser muito longas (máximo 5-10 minutos).
- De bicicleta, pausas devem ser feitas fora da estrada, pouco frequentes e de curta duração.
- Se a etapa do dia é dividida em duas partes, devem fazer uma pausa longa para comer e recuperar a força.
Cuidado com os pés:
- Devemos dar grande atenção à higiene dos pés para os manter limpos.
- Para evitar bolhas, todos os dias antes de começar a andar, aplicar um pouco de vaselina, especialmente entre os dedos e no calcanhar.
- Use meias sem costuras. Se usar botas pode usar um segundo par de meias.
- Pode refrescar os pés em fontes ou lagos por um curto espaço de tempo, certificando-se que os seca bem – a melhor maneira é para secar o ar.
- O que fazer se tiver bolhas: fure a bolha com uma agulha hipodérmica (através da pele por um ou dois pontos) até ficar bem drenada. Nunca cortar a pele, que serve para proteger a área lesada. Coloque sobre a bolha um penso, tendo o cuidado que cubra bem a área afectada.
- Como curar o pé de atleta: “pé de atleta” é uma micose (fungos), que aparece entre os dedos e é caracterizada pelo aparecimento de fissuras, dolorosas ou não. Para tratar: depois de lavar e secar bem os pés, entre os dedos dos pés aplique um spray antifúngico e deixe secar ao ar, coloque de volta as meias, sempre de algodão, não recomendado o uso de pomadas, porque a humidade mantida entre dedos levam os fungos a crescer. A mesma operação é realizada antes de iniciar a caminhada e quando terminar.
Combater a fadiga:
- Deve fazer uma pausa quando não está ainda cansado demais, de modo a ter uma boa recuperação. Se chegar à exaustão, a recuperação será muito mais lenta e problemática.
- Se estiver muito cansados, deve descansar até um dia inteiro por semana.
- Para evitar a fadiga muscular, beber muitos líquidos, mesmo alguma bebida energética, para substituir os minerais perdidos.
- Se alguém sofrer de “exaustão por calor”, procure um local fresco, dando a beber líquidos em abundância (em um litro de água, dissolva meia colher de chá de bicarbonato de sódio e uma colher se chá de sal).
Gostei muito deste trabalho. Obrigado.
Excelente trabalho, muito útil. obrigado.
Deixo uma sugestão. Se for oportuno, seria importante identificar os albergues e as alternativas para pernoitar.
Um vez mais, obrigado.
Em Gaia ao lado do Caminho, em Santo Ovídio, pernoitar em Porto Gaia Guest House. Ver no Booking. Com.
As informações encontradas em páginas como esta ajudou-me a planejar meu caminho até Compostela. Fui sem GPS e não sei falar outro idioma. E não foram poucas às vezes que pedia ajuda de Deus para me guiar. E tudo deu certo, a sinalização tem pouquíssimas falhas, o planejamento, dicas de outras pessoas, o impressionante respeito de portugueses e espanhóis com o peregrino, e até de brasileiro por todo o caminho. Gostei muito também, mesmo não falando outro idioma, de conhecer venezuelanos, italianos, uma Tcheca, espanhóis – todos com boa vontade em se comunicar.
Parabéns pela página e parabéns a todos que buscam o Caminho.
Em Monsanto Alcanena já está referenciado um Albergue a pelo menos 3 anos
Monsanto está fora do Caminho de Santiago (setas amarelas). Esse é o caminho de Fátima (setas azuis).
How nice it would be to read this in English. We are leaving in three weeks.
Gostei muito destas dicas, bom trabalho.
Estamos (eu e o meu marido) a planear fazer o caminho a partir de Caminha, este texto foi muito bom! Só falta mesmo info sobre os albergues. Bom caminho a todos e que Deus nos guie!
concordo, estou a pensar fazer o caminho desde santarém , mas também não sei em que albergues hei de ficar..
há muita informaçao na net ….uma simples pesquisa e voilá
depois de entrar em espanha existem muitos albergues com (relativamente) poucos kms de distancia entre si .
Boa noite
Gostaria de mais informações sobre as datas
Obrigada
Rosangela
Alvorge tem um albergue na paróquia, fiquei lá há 3 anos instalações novas, chave no café da terra. Recomendo
Gostaria de saber se existe a possibilidade de se faxer o caminho em janeiro, dadi o clima nesta época.
Prezados, boa tarde.
Gentileza me informar se entre o final de fevereiro e início de março, será uma boa época fazer o caminho português a Santiago.
Como ou se existe uma empresa que possa me ajudar a ver tudo que necessitarei, vou sozinha e não falo outro idioma bem.
Att.
Roseli Raquel de Aguiar
Excelente, essas informações!
Posso contribuir com as informações sobre o caminho francês, fiz á 3 anos no mês de abril de 2016, um período ideal, primavera.
Tudo estava mto lindo, durante o caminho, exercitei a meditação e o autoconhecimento.
Irei fazer agora o caminho Português saindo de Lisboa.
Depois de ter feito o caminho Tui – Compostela, à uns anos, tenho intenção fazer outro. Ainda não decidi qual ??? para começar a planear.
É mesmo necessário levar o sleeping bag? As camas dos albergues vem com colchão e roupa de cama? Então porque é necessário o saco-de-dormir? Seria por higiene? Se este for o caso, então não seria melhor levar lençóis em vez do volumoso saco-de-dormir? O que sugerem?
Bom dia gostaria de fazer essa caminhada mas nao sozinha será que pode dar a fazer em grupo muito obrigado
Albergue Casa do Sardão, em Carreço, entre Viana e Caminha :)
https://www.facebook.com/casadosardao/
vou fazer o caminho de Santiago ano que vem ,2020,como moro em Porto Alegre vou pegar um avião direto a Lisboa e gostaria de saber qual a melhor época do ano,o que necessário levar,qual melhor trajeto,informaçoe sobre albergues. Agredeço a quem possa me informar.
quero fazer o caminho para o mes de setembro 2019, o que devo fazer em relaçao a albergue , tenho q rezervar antes ou pusso confiar que tenho vaga para
quando for
Pretendo fazer o Caminho Português à Santiago ainda este ano. Fiz o Caminho de Saint Jean Pie-de-Port até Santiago de Compostela, fiz em 32 dias. Quanto tempo levarei para fazer o Caminho Português saindo de Lisboa?
É uma boa ideia informar quem deseja fazer o Caminho de Santiago.
Estou a pensar fazer o caminho de Santiago pela primeira vez. Como estou sozinho estou a pensar (se for possível) fazer por altura do natal e passagem de ano. Estou a ponderar fazer ou o caminho francês (original) ou o português a partir de Lisboa. Gostaria de obter mais informação para poder ponderar os custos. Toda a ajuda é bem vinda
A melhor época para fazer o Caminho é a partir de Agosto. O melhor do Caminho Francês é começar em Saint Jean Pie-de-Port na França. Se for caminhar moderadamente de mora 30 dias. É um belo Caminho com paisagens deslumbrantes. Bom Caminho.
As distâncias entre as cidades estão muito longas, principalmente para quem já passou dos 50 anos de idade.
Seria possível fazer um roteiro com espaçamento em quilômetros de 15 a 20 km no máximo, com locais de paragem etc.
Parabéns.
Obrigado.
Doutor Carlos Henrique
Carlos, qual o trajeto que pretende fazer? Aconselho a aderir pelo Facebook a um grupo que se chama “amigos do caminho de Santiago de Compostela” há muita informação e todos ajudam.