A forma como cada pessoa planeia a carreira contributiva continua a ser determinante para o valor da pensão futura. Idade de saída, anos de descontos e regras do sistema influenciam diretamente o montante final.
De acordo com o relatório bienal Pensions at a Glance, da OCDE, um trabalhador que tenha iniciado a atividade aos 22 anos e mantenha uma carreira contínua durante 46 anos poderá alcançar uma pensão líquida superior a 90% do último salário, desde que se reforme aos 68 anos. Qualquer saída antecipada implica penalizações significativas.
Taxa de substituição em Portugal
Para quem recebe o salário médio nacional, a taxa de substituição líquida estimada é de 92,7%, valor que coloca Portugal entre os países europeus com melhores resultados, apenas atrás dos Países Baixos.
Esta taxa mantém-se acima dos 90% tanto para rendimentos mais baixos como mais elevados, superando as médias da União Europeia e da OCDE.
A diferença entre estes números e projeções menos favoráveis, como as da Comissão Europeia, resulta dos pressupostos adotados.
Enquanto Bruxelas trabalha com carreiras semelhantes às atuais, a OCDE considera trajetórias completas até à idade legal, o que aumenta o valor da pensão nos cenários simulados.
A importância dos anos de descontos
A duração real da carreira contributiva é um dos fatores mais determinantes. Em Portugal, muitos trabalhadores apresentam registos perto dos 30 anos, o que reduz significativamente o valor estimado quando não se projetam carreiras mais longas.
A idade legal de reforma acompanha a evolução da esperança média de vida através do fator de sustentabilidade, situando-se nos 68 anos para quem começou a trabalhar em 2024.
Se as regras se mantiverem, Portugal estará entre os países com idades legais mais elevadas no futuro, o que exige maior planeamento ao longo da vida profissional.
Reformar antes: o impacto dos cortes
A saída antecipada continua a ser penalizadora. Em 2025, o corte de base é de 16,9%, ao qual se soma uma redução adicional de 0,5% por cada mês em falta para a idade legal, um efeito acumulado que organismos internacionais consideram severo.
Em sentido contrário, adiar a reforma gera bonificações acima do valor atuarialmente neutro, incentivando a permanência no mercado de trabalho.
Existe também um regime que permite acumular pensão e salário após a idade pessoal de reforma, com benefícios para trabalhadores e empresas.
Apesar das vantagens, a adesão permanece reduzida: em 2023, apenas 14% dos pensionistas acumulavam rendimento de trabalho, abaixo da média da OCDE.
Idade e carreira: uma equação decisiva
Segundo o modelo da OCDE, alcançar uma pensão próxima de 90% do último salário requer três condições essenciais: carreira longa, saída aos 68 anos e aproveitamento dos incentivos por adiamento. Interrupções no percurso contributivo ou reformas antecipadas afastam o valor final da pensão integral.
No essencial, quem pretende aproximar a reforma ao último vencimento deve olhar para toda a carreira como um processo contínuo, ajustando decisões profissionais e aproveitando as ferramentas que o sistema disponibiliza.







