Na mesa de Natal portuguesa, o bacalhau ocupa um lugar central. Mais do que um ingrediente, é uma tradição que atravessa gerações.
No entanto, perante a diversidade de opções nas bancas — diferentes tamanhos, cortes e tipos de cura — escolher bem pode fazer toda a diferença no resultado final do prato.
A qualidade do bacalhau não se avalia apenas pelo preço. O essencial está na cura, no tamanho da peça e no aspeto geral.
A importância da cura
A cura resulta do processo de salga e secagem e influencia diretamente o sabor e a textura do bacalhau. Quanto mais lenta e prolongada for, melhor será o resultado em termos gastronómicos.
- Cura amarela (ou longa): apresenta uma tonalidade palha ou ligeiramente amarelada. Resulta de uma secagem lenta, que concentra o sabor e confere firmeza às lascas. É a escolha mais indicada para a Consoada, sobretudo para bacalhau cozido.
- Cura clara (ou rápida): mais branca e com menos sal, devido a um processo de secagem mais curto. É geralmente mais económica, mas tende a desfazer-se com maior facilidade durante a cozedura.
Regra simples: um bacalhau com tom ligeiramente amarelado é, regra geral, sinal de melhor cura e maior qualidade.
Tamanho conta – e muito
Para a ceia de Natal, o ideal é optar por bacalhau graúdo. Peças maiores correspondem a peixes mais velhos, com lombos mais altos e maior teor de gordura natural.
- Graúdo ou extra-graúdo: lombos mais espessos, suculentos e resistentes à cozedura.
- Miúdo: lombo fino, mais propenso a secar e a perder textura. Deve ser evitado para a Consoada.
Um bacalhau graúdo garante uma apresentação mais cuidada e lascas bem definidas no prato.
O que observar no balcão
Antes de comprar, vale a pena analisar a peça com atenção:
- Flexibilidade: a barbatana deve dobrar sem partir. Demasiada rigidez pode indicar excesso de secura ou armazenamento prolongado.
- Manchas: evite bacalhau com manchas avermelhadas, que indicam problemas no processo de salga.
- Superfície: uma ligeira camada esbranquiçada não é defeito; trata-se de sal cristalizado, comum na cura tradicional.
A opção prática: lombo alto
Para quem prefere simplificar, o lombo alto de bacalhau é uma escolha segura. Trata-se da parte mais nobre do peixe, com cozedura uniforme e excelente separação das lascas.
Embora seja mais caro, reduz o risco de erro e garante qualidade à mesa. Sempre que possível, confirme que o lombo provém de bacalhau de cura amarela.
Em síntese
Para uma Consoada bem-sucedida, o essencial é apostar num bacalhau de cura amarela, graúdo e com lombo alto. A escolha acertada do peixe é meio caminho andado para respeitar a tradição e garantir um prato à altura da ocasião.







