Na Serra da Gardunha, no concelho de Castelo Branco, podemos encontrar uma das maravilhas naturais mais surpreendentes do nosso país. Falamos das Cascatas da Garganta do Ocreza, que são um dos segredos mais bem guardados da Beira Baixa e de toda a região do Centro de Portugal. Afinal de contas, poucos são os turistas que já ouviram falar deste belíssimo local e muito menos aqueles que o visitam.
E talvez seja esse secretismo que torna a Garganta do Ocreza e as suas cascatas num local ainda mais especial e paradisíaco. Apesar de a oferta turística ter aumentado na região (muito por causa de algumas de algumas aldeias históricas e aldeias de xisto que existem nas redondezas), este rio e as suas cascatas ainda permanecem relativamente secretos.
Bem perto da sua nascente, o rio Ocreza fez o seu caminho por entre gigantescos blocos graníticos, criando uma escarpada garganta, onde podemos encontrar idílicas cascatas e recônditas piscinas naturais, situadas numa paisagem que parece saída de um livro de contos de fadas.
Mas, para conhecer este maravilhoso recanto, terá de percorrer um trilho circular, que segue ao longo das íngremes encostas da Serra da Gardunha, por entre as aldeias de Torre e Casal da Serra. O caminho tem cerca de 7 km e, para além das cascatas e poços da Garganta do Ocreza, poderá ver também inúmeros moinhos de água em ruínas, um sem-número de formações rochosas impressionantes e sublimes paisagens naturais.
No caso de esta caminhada lhe saber a pouco, não se preocupe, porque o trilho que conduz às Cascatas da Garganta do Ocreza se insere no desafiante Trilho Rota da Gardunha (PR1 CB), percurso pedestre circular, que tem cerca de 17 km de extensão, e começa e termina em Louriçal do Campo.
Para além das cascatas da Garganta do Ocreza, este trilho tem como destaques o miradouro e baloiço do Castelo Velho e as vistas fantásticas sobre o anfiteatro de Castelo Novo, uma das Aldeias Históricas de Portugal.
O Trilho da Rota da Gardunha começa junto à Igreja Matriz de Louriçal do Campo, terminando no mesmo local. Já o Trilho das Cascatas da Garganta do Ocreza começa na aldeia de Torre, junto à capela do Espírito Santo (local onde mais facilmente encontra estacionamento).
Poderá percorrer os trilhos em qualquer altura do ano, mas recomendamos que evite fazê-lo em dias de chuva ou após pluviosidade intensa, já que as pedras se tornam muito escorregadias e perigosas, e existe a possibilidade de o caminho estar intransitável devido ao aumento do caudal do rio. Se o seu objetivo for dar uns refrescantes mergulhos nas lagoas, aponte a sua visita para o final da primavera e para o verão.
Deverá ter em conta que o trilho que o levará à Garganta do Ocreza não é de todo fácil, devido ao desnível acumulado de cerca de 700 metros, e ao terreno acidentado do percurso, com especial destaque para o troço que segue entre a aldeia de Casal da Serra e a Torre. Nalgumas secções, o caminho estreita muito, e a distância para o abismo da Garganta do Ocreza torna-se muito reduzida.
Existem cordas em aço presas à rocha que o ajudarão a ultrapassar as secções mais exigentes, mas, caso tenha vertigens, este será um enorme desafio para si. Outro ponto exigente no trilho é a subida inicial, que permitirá chegar às imediações de Casal da Serra, embora o percurso seja feito por estradão.
Apesar de o percurso pedestre ser circular, não podemos deixar de recomendar que o faça no sentido inverso aos ponteiros do relógio, enfrentando a subida mais rigorosa na parte inicial e guardando as cascatas e poços da Garganta do Ocreza para o final.
Por fim, não podemos deixar de referir que, embora o trilho que o levará às Cascatas da Garganta do Ocreza esteja inserido na Rota da Gardunha, este não se encontra totalmente sinalizado.
Assim, deverá seguir com precaução, de modo a não se perder durante a sua caminhada. No final, verá que o esforço vale muito a pena, quando chegar a uma das mais belas maravilhas naturais do nosso país.