A língua portuguesa é pródiga em expressões que nos fazem rir, pensar… ou levantar uma sobrancelha. Algumas parecem saídas de um livro de fábulas, outras carregam o peso da história, mas todas fazem parte do nosso dia a dia — mesmo quando não percebemos bem de onde vêm.
Hoje, exploramos 15 expressões caricatas que se entranharam no nosso vocabulário e que, lidas à letra, beiram o absurdo. De onde vêm? O que significam?
E, mais importante, o que revelam sobre a nossa cultura e forma de estar? Descobre ou redescobre o significado e a origem de algumas das frases mais peculiares do português.
1. Andar à toa
Significa vaguear sem rumo, sem objetivo claro. Vem do latim tollere, que significa “levar” ou “tirar” – quem anda à toa, anda levado por forças externas, ao sabor do acaso.
2. Bater as botas
Uma forma algo irreverente de dizer que alguém morreu. A expressão terá origem no campo de batalha, onde os soldados falecidos ficavam estendidos com as botas viradas para o céu.
3. Pentear macacos
Usa-se quando alguém está a perder tempo ou a ocupar-se de algo inútil. A imagem é clara: dificilmente se imaginaria um macaco a precisar de um pente…
4. Dar com os burros n’água
Fracassar ou ser enganado. Conta-se que um lavrador tentou atravessar um rio com os burros carregados, mas perdeu tudo – uma metáfora para quem arrisca e sai a perder.
5. Engolir sapos
Significa aceitar algo desagradável em silêncio. A imagem de engolir um sapo é tão repulsiva quanto eficaz para descrever uma humilhação silenciosa.
6. Fazer das tripas coração
É dar tudo de si, mesmo sem recursos. Ao transformar o que é interior e instintivo (as “tripas”) em algo nobre e emocional (o “coração”), mostra-se resiliência.
7. Ir com os porcos
Sinónimo de desaparecer ou morrer. Ligada à ideia de restos lançados aos porcos – animais que, em tempos, eram vistos como o fim da linha para tudo o que não tinha mais valor.
8. Lágrimas de crocodilo
Chorar sem sinceridade. Diz-se que os crocodilos “choram” enquanto devoram as presas, não por remorso, mas por reação fisiológica – daí o simbolismo da hipocrisia.
9. Pulga atrás da orelha
Estar desconfiado. Ter uma pulga atrás da orelha seria tão incómodo que ninguém conseguiria ignorá-la – assim como uma suspeita persistente.
10. Não entender patavina
Não perceber nada. “Patavina” remonta ao latim patavinus (natural de Pádua), cujo dialecto era considerado incompreensível por outros povos.
11. Onde Judas perdeu as botas
Usa-se para indicar um local distante e inóspito. A origem está ligada à lenda do suicídio de Judas, cujas botas teriam sido roubadas e nunca mais encontradas.
12. Muitos anos a virar frangos
Expressa experiência acumulada. Surge do ambiente das churrasqueiras, onde a tarefa de virar frangos exige prática e destreza.
13. Fazer de vela
Ser a companhia indesejada entre um casal. A “vela” ilumina sem participar – tal como quem acompanha, mas não pertence.
14. Nem que a vaca tussa
Algo que nunca acontecerá. As vacas raramente tossem, por isso, a expressão sublinha a improbabilidade do cenário.
15. Tirar o cavalinho da chuva
Desistir de uma ideia. Antigamente, as visitas deixavam os cavalos à chuva. Tirar o cavalo significava que a visita ia ser curta – ou não bem-vinda.










