Escrever bem não é um dom reservado a poucos. É uma prática que se cultiva com tempo, atenção e, sobretudo, curiosidade. A língua portuguesa, com toda a sua riqueza e complexidade, pode parecer um terreno desafiante — mas também é uma ferramenta poderosa para quem sabe usá-la com intenção.
Quer se trate de uma mensagem profissional, de um texto académico ou de um simples comentário nas redes sociais, a forma como se escreve revela muito sobre quem escreve. Estas cinco sugestões ajudam a afinar o estilo, a clarificar o pensamento e a dar mais segurança a quem quer escrever melhor — em qualquer contexto.
Planeie antes de escrever
Antes de começar, é fundamental saber onde se quer chegar. Um bom texto começa com um bom plano: o tema deve estar bem definido, assim como o público-alvo e o objetivo da escrita — informar, convencer, entreter?
A estrutura também importa: introdução, desenvolvimento e conclusão continuam a ser um esqueleto eficaz. No início, apresenta-se o tema e a ideia principal; no corpo do texto, desenvolvem-se argumentos e exemplos; e no fim, fecha-se com coerência. Este planeamento evita repetições, facilita a organização e dá ritmo à leitura.
Escreva com clareza
Num tempo em que todos escrevem e todos leem, a clareza é uma qualidade cada vez mais valorizada. Um texto claro não é um texto simplista — é um texto que não exige esforço do leitor para ser compreendido.
Para isso, é importante preferir frases curtas, evitar vocabulário excessivamente técnico (ou explicá-lo, se for necessário) e usar a pontuação com cuidado.
A voz ativa costuma ser mais eficaz do que a passiva e os tempos verbais devem seguir a lógica do conteúdo: o presente para ideias intemporais, o passado para relatos, o futuro para previsões.
Use a criatividade a seu favor
A originalidade na escrita não está apenas nos grandes romances. Mesmo um email ou um artigo de opinião pode beneficiar de um toque de criatividade — seja pela escolha das palavras, pelo ângulo do tema ou pela forma como se apresenta uma ideia.
Figuras de estilo, jogos de palavras, comparações inesperadas ou um subtil toque de ironia são recursos que tornam a leitura mais interessante. A criatividade nasce, muitas vezes, da leitura atenta dos outros e da liberdade para experimentar.
Varie o estilo e o vocabulário
Repetir palavras ou estruturas pode cansar o leitor. Um texto mais rico — e mais agradável — é aquele que recorre a sinónimos, variações de frase e conectores bem escolhidos. O uso de pronomes, advérbios e expressões que retomam ideias anteriores também ajuda a dar fluidez ao discurso.
Outro truque útil é o uso de modalizadores — expressões que indicam dúvida, certeza, opinião ou intenção. Frases como “é provável que…”, “parece evidente…” ou “na minha perspectiva…” introduzem nuances importantes.
Revise sempre
A última dica é, talvez, a mais importante: rever o que se escreve. Um texto só está terminado depois de ser lido novamente — em voz alta, se possível. A revisão permite encontrar erros, frases mal construídas ou ideias que precisam de ser mais bem explicadas.
Além disso, é sempre útil recorrer a dicionários, ferramentas de verificação linguística e, quando possível, pedir a alguém que leia com olhos frescos. Um bom revisor é, muitas vezes, o melhor aliado de um bom texto.










