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“Amigos de Peniche”: a origem de uma das mais curiosas expressões da Língua Portuguesa

A expressão "amigos de Peniche" nasceu graças a uma desilusão e espalhou-se por todo o país. Conheça a sua história e origem.

VxMag por VxMag
Ago 26, 2022
em Cultura
0
amigos de Peniche origem

Forte de São João Baptista, Berlengas, Peniche

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Já terá ouvido falar da expressão “amigos de Peniche”, e talvez a tenha já usado para se referir a alguém desleal e que não merece confiança. Mas sabe de onde vem tão curiosa expressão, que em nada se relaciona com Peniche e os seus habitantes? Para o saber, temos de mergulhar nas páginas da história e voltar atrás no tempo, para inícios da dinastia filipina.

A 26 de maio de 1589, desembarcavam na baía da Consolação 6500 soldados ingleses, comandados pelo duque de Essex. Estes homens faziam parte da poderosa expedição militar enviada por Isabel I de Inglaterra em auxílio de D. António, Prior do Crato, que pretendia destronar o seu primo Filipe II de Espanha do trono português.

Nessa expedição seguiram 140 navios e 27.600 homens, comandados pelo almirante John Norris, numa armada imponente e com uma envergadura apenas comparada à “Invencível Armada” espanhola, que tinha sido devastada dois anos antes na Mancha. 

melhores praias do centro de Portugal
Praia do Baleal (Peniche)

Esta ajuda ia para além da velha aliança entre Portugal e Inglaterra. A verdade é que havia interesses comuns para esta expedição, com D. António a desejar o trono português e Isabel I a querer impedir os esforços espanhóis de reconstrução do seu poder naval, de modo a que Filipe II desistisse de invadir Inglaterra.

E assim, tudo começo bem: a fortaleza de Peniche cai em poder dos homens de Essex que tinham desembarcado na Consolação, sem grande esforço. Enquanto as tropas que desembarcavam rumavam a Lisboa por terra, o resto da frota, sob o comando de Sir Francis Drake, seguia para Cascais.

Pretendiam cercar a nossa capital por terra e por mar e, ao mesmo tempo, ocupar os Açores, para cortar a “rota da prata” espanhola.

Infelizmente, os habitantes de Atouguia da Baleia, Lourinhã, Torres Vedras e Loures perceberam logo o quão “especiais” eram aqueles amigos: estavam mais interessados em saquear tudo o que viam do que em concentrar-se no ataque a Lisboa.

centro de portugal
Berlengas

Finalmente chegadas à porta da capital, essas forças terrestres colocaram-se no Monte Olivete, passando depois para o Bairro Alto e para a Esperança quando se fez uso dos canhões do Castelo de S. Jorge. Para piorar, a artilharia prometida por Isabel I não viera, limitando em muito a capacidade de resposta. 

Em Cascais, Francis Drake esperava a entrada terrestre em Lisboa, para cercar a cidade; no entanto, os homens de John Norris pouco faziam para atacar a capital, onde os espanhóis tinham reforçado a guarnição e a repressão. As prisões encontravam-se cheias e as execuções dos resistentes sucedia-se, o que desencorajava o apoio popular às tropas.

Mesmo assim, alguns patriotas prontos a combater, e que sabiam do desembarque inglês, esperavam dentro das muralhas pelo exército inglês para combater a seu lado. Interrogavam-se: “que se passa com os nossos amigos que desembarcaram em Peniche? Quando chegam os nossos amigos de Peniche?”. 

Para conseguir tão forte exército, D. António tinha argumentado que a população portuguesa se sublevaria a seu lado, de modo que talvez a armada nem precisasse de combater. Mas a ocupação estava assente numa feroz repressão, e isso não aconteceu. Para piorar, o exército inglês não parecia muito determinado na conquista de Lisboa.

Portanto, menos de um mês depois do desembarque em Peniche, a expedição inglesa regressou à base, derrotada. Mal tinham combatido, mas sofreram danos importantes sem, no entanto, alcançar os seus objetivos.

Filipe II continuou no trono, o poderio naval espanhol continuou a fortificar-se, a “rota da prata” não foi perturbada e os Açores não foram ocupados. Tendo em conta a derrota, Isabel I afastou Francis Drake da corte e dos mares durante 6 anos. O Prior do Crato, esse, morreu em 1595, na miséria, no seu exílio em Paris.

E assim se conta em poucas palavras a verdadeira origem da expressão “amigos de Peniche”, que não eram amigos, mas sim mercenários que procuravam a vitória sem combater, e que nem portugueses, nem de Peniche eram.

Até porque os portugueses desejavam o fim do domínio espanhol, e tanto teimaram que atingiram esse objetivo, mesmo que apenas 60 anos depois.

Tags: expressões curiosas de portugalexpressões portuguesas
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