Entre o Douro e o Minho ergue-se Braga, considerada a cidade mais antiga de Portugal e uma das mais antigas da Europa cristã. Com mais de dois mil anos de história, foi sucessivamente berço de povos pré-romanos, capital de uma província do Império Romano e centro político do Reino Suevo.
O seu passado impressionante continua gravado nas ruas, igrejas e monumentos que hoje fazem dela um destino histórico incontornável.
Brácaros e Bracara Augusta
Muito antes da chegada dos romanos, o território era habitado pelos Brácaros, uma tribo galo-celta que deu origem ao nome da cidade e ao dos seus habitantes: os bracarenses. Em 16 a.C., o imperador César Augusto fundou oficialmente a cidade de Bracara Augusta, que se tornaria capital da província da Gallaecia.
Ligada a Lugo e Astorga por importantes vias romanas, Bracara Augusta floresceu como centro político, económico e cultural.
Vestígios desse período ainda podem ser vistos hoje: as Termas Romanas do Alto da Cividade, com salas de banhos e espaços para exercício físico; o antigo teatro romano; ou a cloaca que escoava as águas da cidade, preservada sob a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
Nos museus Pio XII e D. Diogo de Sousa encontram-se ainda peças de cerâmica, estátuas e objetos religiosos que testemunham a vitalidade da época.
De capital sueva a cidade cristã
Com a queda de Roma, Braga ganhou novo protagonismo: foi capital do Reino Suevo entre 409 e 585 d.C., um território que se estendia até ao Tejo. Mais tarde, foi conquistada pelos visigodos e, no século VIII, pelos mouros.
Mudou de mãos várias vezes até ser definitivamente reconquistada em 1093 por Henrique de Borgonha, futuro conde de Portucale.
A partir daí, Braga manteve-se integrada no território que viria a ser Portugal. A cidade afirmou-se como um dos principais centros religiosos da Península, papel reforçado pela sua Sé Catedral, primaz das dioceses do Noroeste, cuja arquitetura combina elementos românicos, góticos, renascentistas e barrocos.
Monumentos que contam séculos
Percorrer Braga é caminhar pela história. Além da Sé, a cidade guarda outros tesouros: a Fonte do Ídolo, santuário rupestre do século I dedicado ao culto das águas; o Santuário do Bom Jesus do Monte, com o icónico escadório barroco e o funicular histórico; o Santuário do Sameiro, de linhas neoclássicas; e o Theatro Circo, inaugurado no início do século XX, um dos mais importantes palcos culturais do país.
Cada um destes espaços recorda como Braga foi capaz de se reinventar, mantendo sempre a sua relevância ao longo de dois milénios.
Uma cidade de passado e futuro
De Bracara Augusta à capital sueva, de cidade moura a baluarte cristão, Braga atravessou séculos de história e permanece como referência cultural e espiritual.
Hoje, continua a ser um dos centros mais dinâmicos do país, mas sem nunca esquecer o título que ostenta com orgulho: o de cidade mais antiga de Portugal.










