Em Estremoz, tudo parece construído com tempo e com calma — e, quase sempre, com mármore. Nesta cidade alentejana, o branco das pedras brilha ao sol e estende-se das fachadas aos passeios, das igrejas aos pátios, dos largos às muralhas.
No topo da colina, o castelo impõe-se como cenário e símbolo. É ali que a história se cruza com a paisagem e onde se percebe porque vale a pena subir até esta cidade muralhada.
A visita pode começar no Rossio Marquês de Pombal, uma das maiores praças do país e o centro natural da vida em Estremoz. De um lado, cafés e lojas; do outro, a Igreja dos Congregados, que levou três séculos a ser concluída.
Mas é ao longe que o olhar se fixa: na Torre de Menagem, construída em mármore branco e visível a quilómetros. É o ponto mais alto da cidade — e também o mais icónico.
Junto à torre, a antiga residência real deu lugar à Pousada da Rainha Santa Isabel, um dos hotéis históricos mais marcantes do Alentejo. O edifício guarda memórias da monarca que aqui morreu em 1336, depois de impedir uma guerra entre o marido e o filho.
A capela onde terá falecido é hoje um dos espaços mais visitados, decorada com azulejos e pinturas que recordam o seu percurso de fé e diplomacia.
O castelo original remonta ao século XII, mas passou por várias transformações. Entre as intervenções de D. Afonso III, D. Dinis e D. João V, o que se vê hoje é uma fusão elegante de estilos, entre o gótico e o barroco, com muralhas que resistiram a cercos, guerras e mudanças de regime.
A torre, conhecida como Torre das Três Coroas, foi erguida ao longo de três reinados e, do seu topo, a vista estende-se até à Serra da Estrela. Em dias limpos, avista-se também o castelo de Evoramonte — e a vastidão ondulante do Alentejo, marcada pelos montados e pela luz.
Por dentro, a pousada mantém a alma do antigo paço. Os quartos distribuem-se por dois pisos, com tetos altos, mobiliário de época, camas de dossel e casas de banho em pedra local.
A piscina, instalada junto às muralhas, convida a mergulhos com vista panorâmica. A esplanada ao lado é ideal para uma bebida ao final da tarde, com o silêncio da planície como companhia.
Mas Estremoz não vive só do castelo. A cidade é também um dos maiores centros de produção de mármore da Europa. Está em todo o lado — nas escadarias, nas fontes, nos bancos de jardim.
Até o artesanato local se faz de pedra: os Bonecos de Estremoz, reconhecidos pela UNESCO, são moldados e pintados à mão, e continuam a ser vendidos nas lojas e mercados da cidade.
Ao ritmo do Alentejo, Estremoz revela-se devagar. Há ruas onde vale a pena perder tempo, igrejas onde o fresco dá descanso, e praças que convidam a sentar sem pressa. Tudo aqui combina o peso da história com a leveza do tempo que passa devagar.
Se for com tempo, melhor. Porque Estremoz é daquelas cidades que não se esgotam numa visita — e deixam sempre um pretexto para voltar.










