À primeira vista, a fachada branca da Igreja de São Lourenço, em Almancil, parece seguir o traço discreto das igrejas algarvias.
Mas basta entrar para perceber que este pequeno templo do barroco português guarda um interior que o distingue de todos os outros na região. As paredes e o teto estão completamente revestidos a azulejos do século XVIII, num conjunto que continua a surpreender quem visita.
Situada no coração de Almancil, esta igreja foi construída entre 1730 e 1740 e tornou-se, com o tempo, num dos mais emblemáticos exemplos da azulejaria barroca em Portugal.
A autoria dos painéis pertence a Policarpo de Oliveira Bernardes, mestre azulejista da primeira metade do século XVIII, cujo trabalho pode ser apreciado noutros espaços religiosos do país.
Os painéis retratam episódios da vida de São Lourenço, o padroeiro da igreja, com cenas que combinam rigor técnico e expressividade narrativa.
O azul e branco domina o espaço, envolvido por um retábulo de talha dourada onde se destaca a figura do santo mártir.
O contraste entre os tons frios dos azulejos e o brilho dourado do altar cria uma composição harmoniosa que prende o olhar e revela a sofisticação estética da época.
Durante obras de restauro realizadas no século XX, foi descoberto um ossário subterrâneo, datado do século XVIII.
Esta presença discreta, mas simbólica, acrescenta profundidade à visita: evoca a história da comunidade que ali celebrou, viveu e repousa.
A igreja pode ser visitada durante todo o ano, e mesmo durante as celebrações religiosas é possível entrar e apreciar o espaço, desde que com respeito e silêncio. As fotografias são permitidas, com discrição.
A entrada faz-se por uma pequena escadaria e o ambiente convida à contemplação.
Para quem se interessa por arte sacra, por azulejaria portuguesa ou simplesmente por conhecer o lado menos turístico do Algarve, a Igreja de São Lourenço é uma paragem essencial.
A visita pode ser facilmente combinada com um passeio pelas ruas tranquilas de Almancil, vila que mantém o ritmo pausado e o ambiente típico da região.
Mais do que um templo, esta igreja é uma expressão da sensibilidade artística e religiosa do barroco português. Um lugar onde a fé se manifesta também através da beleza.










