A língua portuguesa é um universo em constante expansão, repleto de palavras comuns, termos técnicos, expressões regionais — e também palavras que parecem saídas de um dicionário encantado. Há vocábulos que surpreendem pela sonoridade, outros pela sua origem, e alguns pelo simples facto de quase nunca serem usados no dia a dia.
De origem erudita, popular ou mesmo arcaica, estas palavras continuam a habitar a nossa língua, muitas vezes discretamente. Descobri-las é uma forma de mergulhar num património linguístico vasto, por vezes esquecido, mas sempre fascinante.
Se algumas fazem parte de textos literários, outras permanecem no ouvido por serem tão fora do comum. E há também aquelas que nos fazem sorrir, hesitar ou ir verificar duas vezes se, de facto, existem. Reunimos 50 palavras consideradas estranhas, invulgares ou simplesmente curiosas — e os seus significados.
- Abantesma: fantasma, aparição.
- Babugem: penugem ou barba rala.
- Cabriolar: dar saltos ou piruetas no ar.
- Dendrolatria: culto ou adoração das árvores.
- Esfacelar: desfazer em pedaços, esmigalhar.
- Fútil: sem importância, frívolo.
- Geringonça: objeto mal feito ou improvisado.
- Hecatombe: grande mortandade ou desastre.
- Iatrogénico: causado por um tratamento médico.
- Jaez: qualidade, condição, tipo.
- Lambisgoia: mulher intrometida ou mexeriqueira.
- Munheca: articulação do pulso; habilidade manual.
- Niquice: coisa sem valor.
- Oblongo: de forma ovalada ou alongada.
- Pachorrento: paciente ou resignado.
- Quimera: ilusão ou fantasia; criatura mitológica.
- Rubicundo: avermelhado ou corado.
- Salamaleque: mesura cerimoniosa ou exagerada.
- Tergiversar: evitar responder diretamente.
- Ufanar: orgulhar-se ou vangloriar-se.
- Vexame: humilhação ou vergonha.
- Xenofobia: hostilidade ao que é estrangeiro.
- Zanzar: andar sem rumo.
- Abléfaro: pessoa sem pálpebras.
- Bizarro: valente ou generoso (no sentido original).
- Catacrese: uso figurado de uma palavra por falta de termo específico.
- Dístico: poema de dois versos.
- Esfinge: figura mitológica; pessoa enigmática.
- Fleumático: calmo, impassível.
- Gnose: conhecimento místico ou esotérico.
- Heterónimo: personagem literária com identidade própria.
- Inócuo: que não causa dano.
- Jubilar: exultar de alegria.
- Lacónico: breve, conciso.
- Melifluo: suave, doce como o mel.
- Nefelibata: sonhador, desligado da realidade.
- Obnubilar: obscurecer ou ofuscar.
- Pândego: divertido, folgazão.
- Quiproquó: confusão ou mal-entendido.
- Rutilante: brilhante ou cintilante.
- Sagaz: perspicaz, astuto.
- Taciturno: silencioso ou melancólico.
- Ultraje: ofensa ou afronta.
- Vitupério: injúria grave ou desonra.
- Xadrez: jogo de tabuleiro; padrão quadriculado.
- Zelote: defensor fanático de uma ideia.
- Abduzir: separar ou raptar.
- Bucolismo: idealização da vida campestre.
- Crepúsculo: luz do entardecer ou aurora.
- Dilúvio: inundação; grande quantidade de algo.
Explorar o lado menos conhecido da língua não é só um exercício de vocabulário: é também uma forma de contacto com a história, a literatura e a riqueza da expressão humana.
Ao conhecer palavras raras ou fora do uso comum, compreendemos melhor quem fomos — e talvez até quem ainda somos.
Afinal, cada palavra tem uma história, mesmo que breve. E muitas vezes, são as mais estranhas que nos deixam a pensar por mais tempo.










