A língua portuguesa está sempre em movimento. Tal como uma cidade que cresce, se renova e apaga traços do passado, também o nosso vocabulário ganha e perde palavras com o tempo. Algumas dessas palavras, outrora comuns no quotidiano, acabaram por desaparecer quase sem deixar rasto.
Seja por influência de outras línguas, mudanças culturais ou simplesmente pela evolução natural da comunicação, muitos termos que fizeram parte da fala e da escrita em português acabaram esquecidos.
Descubra 20 palavras que já tiveram lugar de destaque, mas que hoje raramente se ouvem – e que merecem, pelo menos, uma última leitura atenta.
1. Fuzarca
Era sinónimo de festa barulhenta, confusão alegre ou folia popular. Muito usada em contextos carnavalescos.
2. Chumbrega
Designava algo de má qualidade, que se estragava com facilidade. Tinha um tom claramente depreciativo.
3. Sirigaita
Referia-se a uma mulher tida como atrevida ou namoradeira. Podia soar ofensivo ou apenas provocador, dependendo do contexto.
4. Quiprocó
Um termo para situações embaraçosas ou confusas. Podia ser sinónimo de desentendimento ou mal-entendido.
5. Chapoletada
Descria um golpe com chapéu ou boné na cabeça de alguém. Era usado com ironia ou desdém.
6. Vitrola
O antecessor dos gira-discos. Era o aparelho onde se ouviam discos de vinil.
7. Tabefe
Um tapa ou bofetada. Palavra dura, mas comum noutros tempos para descrever agressões físicas.
8. Sacripanta
Um insulto antigo para designar alguém sem carácter ou escrúpulos. Forte e pouco usado hoje em dia.
9. Basbaque
Chamava-se assim a pessoa tola ou ingénua, facilmente enganada.
10. Petiz
Um termo carinhoso para se referir a uma criança, especialmente um menino.
11. Supimpa
Era usado para expressar entusiasmo ou aprovação: algo supimpa era algo excelente.
12. Alpendre
Embora ainda exista, é hoje pouco comum. Refere-se a uma varanda coberta, normalmente em casas rurais.
13. Janota
Dizia-se de quem se vestia com esmero e gosto. Um elogio à aparência cuidada.
14. Gorar
Significa falhar ou não resultar. Era mais frequente em expressões como “goraram-se os planos”.
15. Cacareco
Designava objectos velhos ou sem utilidade. Uma palavra típica de arrumações e limpezas.
16. Botica
Era a antiga designação de farmácia ou drogaria. Sobrevive em textos literários e contextos históricos.
17. Brunir
Significa polir ou dar brilho a algo, como sapatos ou metais. Caiu em desuso com o tempo.
18. Garçon
Importada do francês, foi muito usada no século XX para designar empregados de mesa.
19. Jorna
Referia-se a um dia de trabalho pago. Ainda se ouve pontualmente em meios rurais ou históricos.
20. Ladroa
Forma feminina de “ladrão”, usada de forma mais directa e popular em décadas passadas.
Estas palavras fazem parte da memória da língua portuguesa. Algumas poderão regressar, outras ficarão guardadas nos dicionários antigos e nos textos de épocas já distantes. Resgatá-las é uma forma de conhecer melhor a história viva que carregamos sempre que falamos.










