A língua portuguesa tem uma história marcada por encontros de povos, culturas e séculos de evolução.
Desde as legiões romanas que trouxeram o latim vulgar até à sua afirmação como língua autónoma, o português percorreu um longo caminho – geográfico e histórico – até se tornar um dos idiomas mais falados do mundo.
Origens: o latim que se fez nosso
A história da língua portuguesa começa com o latim vulgar, falado pelos soldados e colonos romanos que ocuparam a Península Ibérica no século III a.C. Esta versão popular do latim, mais simples e flexível do que o latim clássico, misturou-se com os idiomas locais e adaptou-se ao quotidiano dos povos ibéricos.
Com a queda do Império Romano e as invasões germânicas e árabes, o latim vulgar evoluiu de forma distinta em várias regiões, dando origem às línguas românicas.
Entre elas, nasceu o português, no noroeste da Península Ibérica, numa região habitada por celtas, iberos, suevos e visigodos – todos eles a contribuir, de forma direta ou indireta, para o perfil linguístico da futura língua portuguesa.
O galego-português e a independência linguística
No século IX, começam a surgir documentos em galego-português, um dialeto falado na Galiza e no norte de Portugal. Este idioma floresceu como língua literária durante o século XIII, sobretudo na poesia trovadoresca.
Quando Portugal se torna um reino independente, em 1290, o rei D. Dinis oficializa o galego-português como língua do novo Estado, marcando o início da afirmação do português como língua autónoma.
Do português arcaico ao mundo moderno
Entre os séculos XIII e XVI, o português passa por várias transformações. Esta fase, designada por português arcaico, inclui alterações fonéticas, morfológicas e sintáticas, e é marcada por influências externas, como o árabe e o francês.
No século XVI, a expansão marítima leva a língua portuguesa a outros continentes, abrindo caminho para o português moderno.
Com os contactos globais surgem novas palavras e expressões, e a língua adapta-se às diferentes realidades culturais.
É também neste período que aparecem as primeiras gramáticas, como as de Fernão de Oliveira e João de Barros.
Um idioma, múltiplas vozes: as variações do português
A riqueza da língua portuguesa está também na sua diversidade. Falada em vários continentes, a língua apresenta variações que reflectem o lugar, a história, a sociedade e o contexto em que é usada. As principais variações são:
- Geográfica (diatópica): Diferenças entre regiões – como entre o português europeu e o brasileiro, ou entre o norte e o sul de Portugal.
- Histórica (diacrónica): Mudanças ao longo do tempo, desde o português medieval até ao atual.
- Social (diastrática): Variações ligadas a fatores como idade, profissão, género ou nível de escolaridade.
- Situacional (diafásica): Ajustes da linguagem consoante o contexto — formal ou informal, escrito ou falado.
Estas variações mostram que a língua está viva, em constante transformação, e adaptável aos seus falantes.
Mais do que palavras: uma herança comum
Compreender a origem e a evolução da língua portuguesa é também valorizar um património comum.
Cada forma de falar português, seja em Lisboa, Luanda, São Paulo ou Díli, contribui para a riqueza do idioma.
A diversidade da língua é, afinal, um espelho da diversidade dos seus povos.










