Uma letra pode fazer toda a diferença — sobretudo na língua portuguesa. “Discriminar” e “descriminar” são exemplos perfeitos disso.
Parecem quase iguais, mas dizem coisas muito diferentes. Confundi-las pode comprometer o sentido de uma frase ou até criar um mal-entendido.
Descobre as diferenças entre estes dois verbos que se confundem no som e na grafia, mas não no significado.
O que significa “discriminar”?
O verbo discriminar vem do latim discriminare e significa distinguir ou fazer diferenciações. Pode ser usado num sentido neutro – como quando se separam factos de opiniões – ou num sentido negativo, quando implica tratamento desigual com base em características como género, origem ou religião.
Exemplos:
- É importante discriminar claramente os gastos em cada categoria.
- Ninguém deve ser discriminado pela sua orientação sexual.
- Discriminar os factos das interpretações é essencial no jornalismo.
As palavras da mesma família, como discriminação, discriminado ou discriminador, mantêm o “i”.
E “descriminar”, o que quer dizer?
Já descriminar vem do verbo criminar, também de origem latina (criminare), com o prefixo des-, que exprime negação ou reversão.
O significado é, por isso, bastante diferente: trata-se de retirar a culpa ou o carácter de crime de algo. É comum em contextos jurídicos e políticos.
Exemplos:
- O tribunal decidiu descriminar o arguido por falta de provas.
- O debate sobre a descriminação do consumo de cannabis continua aceso.
Este verbo está na origem de termos como descriminação ou descriminalização.
E os substantivos?
Para não haver confusão:
- Discriminação → distinguir, separar, tratar de forma desigual.
Exemplo: A discriminação no acesso ao emprego é ilegal. - Descriminação → retirar culpa, deixar de considerar crime.
Exemplo: A descriminação do aborto foi um marco legislativo.
Como não voltar a errar?
Um truque simples:
- Se estás a falar de diferenciar ou segregar, usa discriminar.
- Se estás a falar de ilibar ou deixar de considerar crime, usa descriminar.
Ambas as palavras são úteis – mas cada uma no seu contexto. Saber usá-las corretamente é um passo essencial para escrever (e pensar) com clareza.










